Inomináveis Saudações a todos vós, realistas leitores!
Todos aqui, creio, devem saber das diversas “polêmicas” envolvendo o nome de Frank Cho nos Quadrinhos. Escrever sobre ele até é um risco, posto que o mesmo ganhou uma imensa legião de detratores e inimigos declarados em muitos países. Algumas vezes postei em Grupos do Facebook artes dele, gerando comentários negativos na maioria das vezes. Confesso que o fiz como uma provocação contra a faceta politicamente correta do público leitor atual, do público nerd e até do geek. A meu ver, levar a sério alguém que se utiliza do imaginário da Comédia apenas para provocar reações adversas e ir contra a política da correção moralista na Arte dos Quadrinhos é um comportamento extremamente infantil. Considero Cho um grande artista, um cara que desenha muitíssimo bem, possuindo um traço limpo acima da média contemporânea diante de parcela do público consumidor de revistas acostumada com os rabiscos de gente como Jae Lee e Jim Lee. E na comicidade expressada em muitas criações vem uma pergunta fundamentalmente esquecida há muito tempo: por que devemos levar um comediante a sério?
Não que a natureza artística de Cho seja essencialmente cômica, muito pelo contrário. O que eu quero discutir é essa mania mecânica e monótona de a tudo problematizar em relação a criações artísticas. O que sinto ao olhar para as criações cômicas deste artista aqui discutido é vontade de rir, rir porque é algo divertido. Ele se utiliza da sensualidade feminina, em 99% de suas obras nesse sentido, para tocar em assuntos que se chocam contra os clichês que há mais de cem anos povoam a Nona Arte. Clichês que o século vinte elevou ao máximo, culminando na famigerada Image dos anos 90, uma época na qual os desenhos exagerados se tornaram de capital importância acima dos roteiros.
No entanto, o que também não vejo nas criações dele é essa preocupação em apenas provocar por provocar. Há uma reação às críticas e, tomando como exemplo os comediantes que se utilizam da mesma tática, quanto mais ele é criticado mais ele provoca. E a função de um artista não é esta, provocar? Deve-se censurar um artista que faz uma constante piada do exagerado recurso de sensualização das personagens femininas?
Mas, você deve estar pensando: “Frank Cho também sensualiza demais as personagens que desenha normalmente…” E nós temos que impor limites para que um artista se expresse? Agora, nesta época tão opressora do Ato Criador Artístico em si mesmo, agir como um inquisidor está na moda? Nada tenho pessoalmente contra quem não gosta do trabalho dele e nem dele como pessoa, isso é uma opção de cada um. No entanto, considero uma falta total de mente aberta declarar uma guerra inútil contra um artista. Uma perda de tempo, um extremo ridículo e um insano comportamento.
No passado, John Buscema (o melhor desenhista do Conan na minha opinião) desenhou mulheres belíssimas e sensualíssimas, curvilíneas e atraentes. Um trabalho até hoje cultuado que, se fosse iniciado nesta época, geraria o mesmo sentido problematizador referente à natureza das criações em si mesmas. Pelo mesmo problema passa o Ed Benes, artista brasileiro focadíssimos na Sensualidade e que, exatamente por isto, é bastante criticado. Existem outros, porém o mais atacado é o Cho porque o alvo maior é o que mais provoca sem ter medo das consequências. A atitude dele é ironizar os detratores, sem dúvida nenhuma, um grupo que vem aumentando a cada dia que passa.
Não há como ficar distante desse assunto porque envolve uma caça dura contra a liberdade de expressão. Se o Cho desenhasse cenas de estupro de crianças, ele nem estaria no meio artístico convencional e, sim, nos recônditos malditos e sombrios da Dark Web. Agora, somente porque o cara desenha mulheres com bunda, seios e quadris avantajados em posições cômicas, para gerar o riso, é constantemente atacado e visto como “abusivo” e “tóxico”?
Já li textos imensos contra ele, cada um mais absurdo do que o outro. Este aqui não é uma defesa, mas um raciocínio direto dentro da questão toda. Ele não é apenas limitado por esse lado aqui considerado, por mim, como mais tipicamente centrado em recursos cômicos. Há um forte Erotismo dentro de outra parte da obra dele, algo natural e nada forçado; e, sendo aqui sincero, nem forçado considero as artes aqui postadas junto com este texto, por exemplo. Mas, outros podem achar e isso é um direito de cada um. O ruim é elevar esse desagrado a ponto de escandalosamente linchar virtualmente um artista ou querer agredi-lo, como já ocorreu uma vez com o Cho.
O século é o vinte e um, mas parece que retrocedemos para o doze. Talvez esta arte aqui não seja do seu agrado, mas o respeito à mesma e ao artista é indício de uma verdadeira inteligência. E o Cho, repito, apenas reage diante das ações contra ele efetuadas, não são ataques gratuitos. Há pessoas bastante sensíveis para certos conteúdos que, por causa disso, não compreendem os mesmos como eles são e partem logo para o ataque. Cho é uma Comédia, apenas isto, ligado a esta parte do portfólio artístico dele. E o efeito da Comédia está continuando a aumentar, visto que eventualmente surge uma nova “polêmica” envolvendo o nome dele. Época estranha de um mundo estranho, como diria Elijah Snow…
Why so serious, leitores de Quadrinhos?
Saudações Inomináveis a todos vós, realistas leitores!
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Inomináveis Saudações, leitoras & leitores virtuais!
Se este escrito vos agradou, lhes convido para conhecerem meus outros inomináveis universos: