[Texto da tag “Escritor
Convidado”, escrito por RAGNAR – Terror dos Dcnecos,
publicado originalmente em: https://disqus.com/home/discussion/channel-nerdologista/criticando_the_handmaids_tale/]
Nota Inicial: Não é
segredo meu posicionamento político. Não é segredo meu pensamento sobre
determinados conceitos sociais que ganharam forma nas últimas décadas e se
proliferaram. Confesso que para assistir tive que de certo modo tampar o nariz
para o esgoto que essa série representava para mim. Isso porquê ao entrar no
mundo de Handmaid, é perceptível o
absurdo criado, usando como fundo uma religião nem um pouco parecida com aquilo
que assistimos na tela. Para um cristão, a cada 10 seg de cena há uma blasfêmia, uma heresia em forma de troça
daquilo que muitos fieis tem como livro sagrado, a bíblia e seus versículos. Um
aspecto interessante de ser notado é que tal obra doentia, além de atacar
incessantemente os cristãos, maliciosamente faz do cristianismo um paralelo
daquilo que é o Islã no mundo real. Onde de fato mulheres são subjugadas,
tratadas como lixo e sofrem punições severas, como apedrejamento, chicotadas,
mutilação genital e até mesmo ácido no rosto. O que demonstra que o terror é
algo do cotidiano REAL das pessoas que vivem sob tal religião.
Portanto, ao assistir
essa série, tive que ter em mente que aquilo que eu estava vendo, era uma
tentativa ridícula anti cristã e anti-homem (o famoso "patriarcado"
que só encontra lugar nas mentes mais desvairadas.) Pois bem, ignorando toda
essa lambança eu finalmente apertei play, engoli seco cada traço do meu orgulho
e assisti assim aquilo que vem a ser nomeado como The Handmaids' Tale.
Primeiro falarei daquela que é minha favorita da série. A
estrela que de fato brilha, não estou falando da menina do traje vermelho, mas
sim da mulher em seu traje verde. Serena
Waterford. A esposa de um respeitado comandante da utópica
Gilliad. Serena é uma personagem com camadas muito complexas. De início ela se
mostra uma pessoa bastante vingativa, impiedosa e extremamente perigosa, indo
de zero a cem no seu humor. Contudo, em alguns momentos, Serena consegue
cativar, demonstrar doçura, deixando em evidência seu lado materno, um desejo
tão puro por ser mãe que é impossível não se comover pelo fato de que Serena é
incapaz de gerar filhos em seu próprio ventre. Isso muitas vezes a torna
inimiga mortal da Aia (June) encarregada por ter o bebê que Serena herdará. É
interessante notar essa dualidade e conexão, pois ao longo da série é
perceptível a evolução no relacionamento entre ambas, indo do mais puro ódio,
inveja, rancor, amizade, companheirismo e por fim compaixão pela vida. Serena é
o tipo de personagem que cativa, que consegue lhe causar uma quantidade
gigantesca de emoções a tal ponto de vc por alguns momentos odiá-la por sua
conduta implacável e outras vezes amá-la pelo mesmo motivo e esquecer o quão
rude ela foi. Serena é uma personagem extremamente forte e obstinada, sendo de
longe na série a pessoa mais responsável pela existência de Gilliad, mesmo que
isso tenha sido motivo principal por seu sofrimento diversas vezes. É a famosa
frase que se aplica bem aqui: Nós criamos nossos próprios
demônios.
Porém Serena é
convicta, mesmo sofrendo diversas vezes naquilo que ajudou a criar, ela jamais
recua, não se quebra e aceita as consequências de seus atos. Serena entende as
leis, ela sabe as regras e quando as quebra, entende a aplicação de sua
punição. Em uma sociedade, Serena é o tipo de personagem exemplar. Mesmo em um
lugar onde as leis são severas até demais. Uma cena que me chamou atenção, foi o
discurso da personagem na faculdade antes da criação de Gilliad. Onde a mesma
sofreu um ataque terrorista. Há uma malícia gigantesca em associar direita x
esquerda nessa cena, quando nitidamente isso não tem base na realidade nem
nunca teria. No fim, descobrimos que o amor materno é a maior força de Serena
assim como também vem a ser, sua maior fraqueza.
Falando sobre June a
Aia que em 99% das cenas está com cara de bunda que chega
a dar nojo, ela é a personagem principal mais inconsequente que eu já vi. Ao
invés de evoluir e aprender a lidar com seus erros, June vai escalando cada vez
mais seus atos de rebeldia, causando transtornos imensuráveis. Obviamente,
muitos desses transtornos tem consequências, estes que em sua maioria não a
atingem, mas sim aqueles que está ao seu redor tentando ajudar ou que
simplesmente não teve como fugir da Aia inconsequente. A cada merda feita, ela
destrói a vida de alguém e continua seguindo em frente como se nada tivesse
acontecido, e isso me irrita pra caralho. Em determinado momento June tenta
mudar, se tornar mais obediente, mas se torna tão robótica e sem personalidade
que me convence de fato que ela é alguém sem solução, pois volta a cometer
erros terríveis depois. Antes mesmo de Gilliad, June apresenta esse seu lado irresponsável,
envolvendo-se com um homem casado, entrando em protestos e outras confusões
nada importantes mas com ela falou que é treta ela tá pronta. A personagem só
funciona de fato ao lado de Serena, onde a dualidade entre mães de uma mesma
cria aflora e claro, ao lado de Janine e Fred Waterford.
O motorista Nick, este é um personagem lixo, tão lixo que é difícil escolher
onde começar. Quando chega, paga de sujeito foda silencioso, porém prova-se ser
tão escroto a ponto de agir como pau mandado sem um pingo de personalidade. Se
não fosse pelo fato de engravidar a Aia, duvidaria muito que esse sujeito é
mesmo homem, uma vez que traços de sua masculinidade são quase nulas, é como
alguém que cortou os próprios ovos com uma faca de passar manteiga no pão e pediu
desculpas por ser homem no twitter mais próximo da timeline. Mesmo com uma
esposa novinha, delicinha, prendada e devota, o filho da puta não age como
homem e suas ações são tão desrespeitosas que leva a garota ao mais terrível
desespero para ser notada e nem mesmo isso funciona e a faz cometer decisões
estúpidas. Eu entendo que todo homem nessa série foi feito pra ser um merda,
mas as vezes eu acho que eles exageram bastante no nível desses caras. (Quanto
ódio aos machos uuuuh...).
Fred Waterford de longe o
ser mais perturbado dessa série. Que demonstra perfeitamente o quanto o poder é
corruptível. O quanto o poder muda uma pessoa, tornado-a irreconhecível se ela
permitir ser tragado por ele. Isso de tal forma, que até mesmo quem o ama,
acaba perdendo a fé em sua bondade. Sem Serena, certamente Fred não seria nada.
Porém, após a consolidação de Gilliad, Fred por muitas vezes a castiga, pune,
maltrata, age de modo insensível e mesmo assim ela permanece fiel, leal e
devota a ele. Para qualquer homem esta seria a companheira ideal, mas para
Fred, Serena parece ser só mais um dos fardos com o qual ele tem de lidar dia
após dia. Isso mais uma vez demonstra a necessidade que a série tem de afirmar
que todo homem é ruim, mal, um merda que nunca vai reconhecer a mulher não
importa o que ela faça, e isso não é verdade, mas é a forma como eles conduzem
o show. Fred é o típico personagem que gosta de brincar com a mente das pessoas
até o limite, é extremamente autoritário, tem um senso de justiça distorcido e
tem um grande poder nas mãos, graças ao estado de Gilliad que o concede tamanho
poder na vida das pessoas. (Papai estado é ruim por isso, essa é pra vc
Demiurge.)
Janine, uma personagem que no ínicio você não se importa, é chata
bancando a rebelde tresloucada, mas aos poucos, se torna extremamente cativante
e um alívio cômico em meio a tanto terror. A doidinha por mais insana que
pareça, compreende bem mais Gilliad do que June e acaba se tornando essencial
em diversos momentos, até quando ela mesma não tem mais esperança.
Conclusão final: Ignorando todos os ataques infantis e rituais ridículos que parecem ter saído da mente de um retardado mental com problemas contra a fé alheia, Handmaid é uma série interessante se você quiser compreender como um regime ditatorial pode acontecer de forma tão rápida e avassaladora quando menos se espera. O ponto forte da série inclusive é ao retratar como os poderes legislativo, judiciário e executivo foram cooptados, levando a uma total dominação e tirania, veloz, irremediável e sem escapatória (alô alô venezuela).
Conclusão final: Ignorando todos os ataques infantis e rituais ridículos que parecem ter saído da mente de um retardado mental com problemas contra a fé alheia, Handmaid é uma série interessante se você quiser compreender como um regime ditatorial pode acontecer de forma tão rápida e avassaladora quando menos se espera. O ponto forte da série inclusive é ao retratar como os poderes legislativo, judiciário e executivo foram cooptados, levando a uma total dominação e tirania, veloz, irremediável e sem escapatória (alô alô venezuela).
É quando entra na
questão religiosa que Handmaid mais
"peca" (irônico), pois sua covardia em atacar um espantalho sendo que
no mundo real temos exemplos diferentes, acaba servindo como panfleto daqueles
que amam odiar cristãos e isso acaba afastando mais pessoas de entender o por
quê o fanatismo e o terrorismo é algo tão perigoso quando submetem pessoas a
determinados segmentos a base da força. Além disso a necessidade de tornar
todos os homens um bando de bocó ou um escroto lixo do caralho afasta mais
homens de conferir o produto. Eu entendo que não sou o alvo aqui mas né,
existem homens de verdade, seria pedir demais que eles tivessem ao menos um
representante digno? HAHAHAHHAHA
Gilliad pro mundo exterior tbm é algo interessante, ao se
notar o contraste da sociedade degradada pelo progressismo exagerado e ao mesmo
tempo, termos uma espécie de tradicionalismo exagerado com Gilliad. As duas
coisas são ruins, mas claro que devido a violência e o horror, Gilliad parece
um terrível pesadelo. No entanto é admirável o esforço de Gilliad em tornar a
sociedade produtiva e menos imoral, confesso que as vezes me peguei
concordando com certos elementos, mas obviamente, jamais
poderia concordar com o uso do terror contra seres humanos.
Por fim a questão
reprodutiva é sim importante, pelo menos para o futuro. Os homens atualmente
estão tendo uma quantidade reduzida de espermatozóides e tal número só vem
caindo, quem quiser pesquisar, vai comprovar o que digo. Muitas mulheres tem
nascido e já há mais mulheres que homens no mundo. As duas coisas combinadas
podem levar a um futuro bastante complicado na questão reprodutiva da espécie
humana e Handmaid's Tale poderia vir a ser muito mais que uma propaganda anti
homem e de ataque infantil ao cristianismo, basta querer e focar no que
realmente e verdadeiramente importa no mundo real, sem espantalhos desta
vez.
NOTA: 7,5/10
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