Crítica do filme do Capitão Marvel (Shazam é o cacete!)




Assisti ao filme do Capitão Marvel. Na verdade, vi o filme há umas duas semanas atrás e fiquei de comentá-lo melhor, e promessa é dívida. Já digo que o Capitão Marvel (Shazam é o cacete!) é um herói pelo qual tenho bastante afinidade afetiva. Quem conhece bem sua história, sabe bem que ele não é qualquer herói. Chegou a ser o herói mais popular da Era de Ouro, na frente de Superman e Batman, respectivamente.
Eu gostava do Capitão Marvel na época da Liga da Justiça Internacional, quando Guy Gardner o chamava carinhosamente de “Capitão Fraldinha”. Mas acredito que sua história mais importante seja realmente “O reino do amanhã”, por conta de seu fantástico confronto com o Superman. O filme toma por base a origem do Capitão Marvel nos Novos 52, que está longe de ser uma versão que agrade à maioria, mas a questão é que já tinham cagado tanto o personagem antes, fazendo o mago Shazam ser assassinado durante a saga Crise Infinita, Billy Batson tomando seu lugar e, por sua vez, Freddie Freeman, o Capitão Marvel Jr., assumindo o manto do herói. Sem contar Mary Marvel se transformando em uma lunática a serviço de Darkseid.
No filme, assim como na origem dos Novos 52, Billy Batson não é mais aquele anjo de candura e inocência que era o Billy clássico. Na verdade, trata-se de um trombadinha que vive querendo passar a perna nos outros, um verdadeiro cuzão. Na verdade, cuzinho, já que é um moleque. É preciso dizer que o filme do Capitão Marvel é na realidade uma comédia de super-herói. Não é nem um filme bem-humorado de super-herói, mais comédia mesmo. Existe um drama de Billy tentando encontrar sua mãe, mas a espinha dorsal do filme é de comédia.
Billy, interpretado pelo desconhecido Asher Angel, é obrigado pela assistência social a ir para um lar onde um casal hippie adota diversas crianças. A princípio, o garoto não quer se enturmar, mas acaba ficando mais próximo de Freedy Freeman, o moleque coxo. Freddy, vivido pelo sensacional Jack Dylan Grazer, rouba a cena no filme, fazendo um garoto bem fanboy e carismático. O menino que faz o Billy fica até meio apagado perto dele. Infelizmente, as outras crianças não têm tanto destaque no filme. Com exceção da menininha que faz a Darla, que não tem muitas cenas, mas é a maior coisa fofa de meu Deus. Mary não é mais irmã biológica de Billy nos Novos 52, e no filme é interpretada por uma atriz mais velha e infelizmente tem pouco e destaque e importância de menos. A pior das crianças é mesmo o gordo.
Mark Strong faz um Dr. Silvana bem burocrático, que faz o papel de vilão ok. O acho um ator foda, mas geralmente em Hollywood ele é mais aproveitado para fazer vilões mesmo. Tanto que foi o vilão de Kick-Ass, o vilão de Sherlock Holmes com o Downey Jr., o vilão de John Carter, o Sinestro de Lanterna Verde etc. Dr. Silvana, que era um vilão galhofa de raiz, ultimamente tem sido representado de forma mais séria nos quadrinhos, e na versão dos Novos 52 ficou meio freak. Inventaram um passado do Silvana criança com o mago Shazam para criarem um paralelo com Billy como Capitão Marvel. Acho que funciona no filme, mas eu meio que caguei para isso. Infelizmente, Adão Negro, que realmente é a grande ameaça física ao Capitão Marvel no quadrinho dos Novos 52, ficou de fora do filme por causa de todo o rolo com The Rock, que queria interpretar o vilão.
Zachary Levi, que vive o herói, está bem à vontade no papel. E faz muito uso de sua comicidade, uma vez que é um comediante. Há certa dissociação entre o Billy moleque e o Capitão Marvel adulto; a versão moleque é mais madura que a versão do herói adulto. Creio que isso foi culpa do diretor, que não soube concatenar direito a interpretação dos dois atores. O diretor David F. Sandberg, inclusive, que não fez muita coisa além de uns filminhos de terror tipo Annabelle 2. Mas ele teve a boa sacada de fazer referência a Quero Ser Grande. O filme do Capitão Marvel tem bem a pegada de Sessão de Tarde dos anos 80 e 90.
Enfim, se a gente encarar o filme do Capitão Marvel como uma comédia de super-heróis despretensiosa, dá para se divertir. Creio que ele vale a matinê, sim. E, perto do filme da lacradora louca da Marvel, parece até o Cidadão Kane dos filmes de super-herói. Pena que está fazendo bem menos bilheteria. Nota 7 de 10.


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