Tentando achar um meio...



Não é novidade que Steven Spielberg é um diretor com um grande currículo, mas como qualquer bom diretor, há sempre aqueles filmes que se destacam: um deles é Jurassic Park. Lançado em 1993, mas que o responsável pela "dinomania" dos anos 90, o longa baseado no livro lançado 3 anos antes trouxe uma nova visão em tela aos seres extintos mais perigosos do planeta. Ele trouxe uma atmosfera inacreditável, pois a tensão pairava no ar, enquanto aquelas criaturas deslumbrantes mostravam o seu poder de encantar tanto em CGI quanto com os animatrônicos, enquanto tudo era "banhado" com momentos marcantes, personagens carismáticos e uma trilha sonora matadora. O resultado foi um 1 bilhão para os cofres da Universal,que gastou uns 60 milhões para produzir o filme.


As sequências então vieram: O Mundo Perdido (de 97 e ainda dirigido por Spielberg, que eu pessoalmente gosto) e Jurassic Park III em 2001, que....ehh. Aquela forçação de barra em cima do Espinossauro como o "novo fodão" da franquia não deu. Nem momentos bons o suficiente para tal aquele bicho teve.

"Ah mais ele derrotou o T-Rex"
Me poupe. Enfim,continuando:


Mais de forma geral, as continuações foram abaixo do esperando, com a franquia ficando na geladeira por anos (depois dos 300 milhões do JP III queria o que...) Então veio Jurassic World em 2015, que prometia uma volta épica, monstruosa e grandiosa. Se analisar pela bilheteria, realmente foi grandioso, porém, tiveram algumas inconsistencias que fizeram o filme perder um pouco do brilho. Não me leve a mal: eu gostei de World,e achei uma boa volta da série (e é melhor que JP III).

Mas...trazer um dinossauro modificado geneticamente para ser mega inteligente (vulgo sadíco)..era necessário? (Apesar dele ter tido bem mais presença do que o Espinossauro) e momentos bons, como a luta final. Mais a franquia certamente não precisava de um super dinossauro, mas sim fazer o que fez muitos gostarem do primeiro filme: o simples "os dinos voltando à ativa". E a sequência entendeu (um pouco) isso.

O Mundo Perdido: Jurassic World


Assim como o primeiro filme foi um "Jurassic Park 2.0", esse Reino Ameaçado segue a mesma linha (em partes) em relação ao segundo: 3 anos após a confusão do primeiro longa, os dinossauros saíram de seus cativeiros e foram re-habitando a ilha Nublar. Acontece que,no início, a ilha em que eles viviam estava sob uma ameaça letal – No caso, um vulcão em erupção que irá destruir tudo, sem dó. Seria uma segunda extinção certa. Ou como o Dr. Malcom (que tem uma participação pequena legal aqui) diria: a natureza corrigindo seu curso.

Um dos grandes dilemas do filme é justamente esse: já que essas criaturas pré-históricas estão vivas, elas devem ser tratadas do mesmo jeito que outras espécies ameaçadas são, ou são objetos de pesquisa que podem ser descartados? Essa é uma das motivações que movem os personagens a escolher entre salvar as criaturas e correr o risco, ou simplesmente assistir a segunda extinção deles. Assim, os protagonistas do filme anterior (Owen e Claire) estão de volta encabeçando a defesa dos dinos, onde se sabe o que essas criaturas significam para os dois. Mas, longe de toda essa historinha (que não tem lá personagens novos muito atraentes) logo na primeira cena,o filme já diz ao que veio: uma mistura de elementos do filme de 93. Isso já te prepara para o que está por vir.

Mas...

Mais uma vez, eles me vem com um Super Dinossauro na história: um antigo amigo do Dr Hammond está com a intenção de salvar os animais, mesmo depois de tanta merda,há pessoas ao seu redor que não perdem a oportunidade de ganhar dinheiro com isso, e acabam criando uma confusão sangrenta.


Dessa vez,a máquina de matar é o Indoraptor, feito com os genes de um Velociraptor (e outros elementos que sobraram do Indominus) que o deixam mais inteligente e implacável. Felizmente o filme não gira totalmente em torno dele,e sim apenas como um elemento de alguma importância. Porque convenhamos: os roteiristas, produtores e os envolvidos precisam entender que não precisa tacar na tela um monte de hibrídos, mas sim aquelas espécies "naturais" agindo como a natureza manda. Isso por si só já é o suficiente, se bem feito.

A Volta da Atmosfera Clássica



E falando nisso,se tem uma coisa que Jurassic Park fez bem foi trazer um clima divertido com uma pitada de terror. Ouvir o rugido do Tiranossauro quando ele estava ali perto do jipe, ou as movimentações dos raptores na cozinha davam um gelo na barriga. Em Reino Ameaçado essa atmosfera volta, tentando trazer um verdadeiro sentimento de perigo. Esse filme mostra o que foi feito em JP I, mas nos tempos modernos. Aquela sensação de estar sendo caçado é um dos elementos principais do longa, e isso foi pouco usado no anterior. Dessa vez, os dinossauros estão mais agressivos e num ambiente que não é exatamente deles, o que deixa tudo muito pior. As boas e velhas perseguições, as caçadas, as tentativas frustradas de planos... Tudo ali.

Não é do mesmo nível do primeiro,mas não é ruim.

E isso claramente veio por causa do diretor Juan Antonio Bayona, que coloca sobre a mesa suas habilidades para formar um filme com bons momentos de ação e suspense, além de ainda se aproximar dos dinossauros de modo que se cria uma relação de empatia com as reais estrelas do filme. A trilha sonora,por sua vez,é bem executada. Mas o filme não foge de poréns bem consideráveis: as mudanças de ritmo são muito perceptíveis, onde o final é bastante precipitado e há algumas pendências que o roteiro não resolve, além de coisas que poderiam MUITO bem serem citadas. Como: e a Ilha Sorna? O que houve com essa ilha caramba?!



No fim, Jurassic World: Reino Ameaçado é um bom filme blockbuster, conseguindo acertar na estética, no suspense e na ação, onde a volta da atmosfera clássica de insegurança foi extremamente benéfica para o filme.  Mas a trama de fugas fáceis são recorrentes na história que tanto fala de liberdade. O terceiro filme já está em andamento, e depois de ver (relativamente recentemente) esse segundo, eu tenho curiosidade para o que acontecerá a seguir, visto a cena pós-créditos que pode transformar a franquia, visto ainda o novo conceito criado aqui. Eles desenvolvem muito pouco, mas parece algo que pode ser perigoso e que pode dar novos bons ares necessários à série, ou faze-la perder a mão de novo dependendo da execução. De qualquer forma,o segundo é bom.

E melhor que JP III.




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