Deus Acordou - Homenagem a Stan Lee (Parte I)




"Deus acordou
Ele se espreguiçou e bocejou e deu uma olhada ao redor
Atormentado por um pensamento estranho
Um pensamento vago que não ia embora
Ele se levantou e procurou pelo céu interminável
Ele sondou o ser, ele seguiu o foi
Ele buscou o que ainda viria a ser
Então encontrou a Terra, o pouco lembrado planeta Terra
Preso em dor e tragédia
E logo ele sabia
Ele viu o mundo que havia feito para servir a seu plano mestre
Então viu as mudanças trazidas pelas desatentas mãos dos homens
Homem, tão frágil, tão pequeno
Ainda assim, soberano de tudo
Se esforçando, prosperando
Apressando, movendo
Semeando, criando, nunca indo
Sempre aprendendo, nunca sabendo
Menos que certo, menos que justo
E no fim, condenado a pó
Ele ouviu o som dos homens de todos os lados
Os tiros, as batidas, os rosnados, as explosões
O barulho, clamor, armas e martelos
E então viu, para seu desespero
O vazio e sombrio som da oração
Um bilhão de corpos, sempre curvados
Um bilhão de vozes, nunca acabando
"Me dê!", Me consiga!"
"Me garanta!", "Me permita!"
"Me ame!", "Me liberte!"
"Me ouça!", "Me veja!"
Enquanto ele pensava, observava e esperava
Infinitamente eles suplicavam
Cantando, vociferando
Gemendo, lamentando
Suspirando, chorando
Enganando, mentindo
Mas para qual fim? Qual grande direção?
Pela maré piedosa da genuflexão
Para agradar seu senhor, para agradar seu deus
Ele levantou sua cabeça e riu, riu com força
Ao homem, ao enigma, pedindo por auxílio
Sempre exigindo, sempre com medo
Homem, o enigma, implorando por seu destino
Ainda assim amaldiçoado pela inação até que seja tarde demais
Paradoxal homem, tanto medo da morte
Mas desperdiçando a vida e gastando o fôlego
Desperdiçando suas horas, diluindo seus dias
Alcançando nada enquanto ora e ora
Homem hipócrita, pomposo e vaidoso
Verbalizando seu ódio
Direto da garganta
Palavras sem sentimento
Tanta arrogância, tão grande conceito
De se considerar alguns elite
Para exigir que cada oração seja ouvida com cuidado
Enquanto dolorosamente, vaidosamente, descuidados
Um onipotente, infinito e absoluto senhor
Está entediado

Deus se desanimou
Como ousam eles acreditar que o caminho para a luz
Pode constantemente estar atormentado da manhã até a noite?
Por qual padrão sem sentido? Por qual regra sem sentido?
Eles tratam seu criador como se fosse sua ferramenta?
Enquanto proclamam sua glória, acham que ele é um tolo?
Quem se não um tolo, com um cosmo para saborear
Se prenderia à concessão de benefícios da Terra , de favores?
Quem além de um tolo, com um cosmo para descobrir
Tardaria com um homem sempre louvando e repreendendo?
Quem além de um tolo, com um cosmo para vagar
Lhe daria uma fazenda de formigas e para como um prisioneiro ficar dentro?
Quem além de um tolo criaria homens mortais
Então seria esperado que ficasse cuidando deles, pensando neles?
Chorando por eles, morrendo por eles, de novo e de novo e de novo

Deus suspirou
Eu lhes dei mentes, conforme lembro, foi há tanto tempo atrás
Eu lhes dei mentes para que eles pudessem usá-las, para pensar, para saber
Pelo infeliz fraco, há a necessidade de ser sábio, se quiser mostrar seu valor
Então os dei paraíso, a fértil e verdejante Terra
A princípio achei que o plano era bom e soava interessante
Mas assim que foi iniciado, feito, meu interesse começou a desaparecer
A semente semeada
O galho crescido
Eu os deixei lá
Sozinhos
Sozinhos, entre os planetas e as estrelas
E o infinito abismo
Sozinhos, banhados por luz e cobertos por trevas
Entre o vago, o vasto e o pequeno
Sozinhos
Sozinhos como eu sempre fui, como sempre serei
Por que eles não aceitam? De que outra forma podem ser livres?
Por que não aceitam? Por que procuram por mim?
Por que?
Quando suas próprias vidas são tão desertas e breves
Quando todos seus prazeres são tão machados por preocupações
No espaço de um batimento cardíaco, seu presente é passado
Eles se prendem a cada momento, mas nenhum momento pode durar
Quando o fim chega tão rápido, e eles logo são esquecidos
Por que eles procuram por aquilo que não é?

Como crianças, perdidas na noite
Eles procuram por um Deus para guiá-los
Como crianças amontoadas com medo
Eles precisam ter seu Deus logo atrás
Mas que tipo de crianças, do berço ao túmulo
O prometeria obediência, mas ainda o faria seu escravo?
Eles conjuraram um paraíso, e lá ele deve ficar
Sempre atento, seja de noite, seja de dia
Ele deve amar e perdoar e consentir quando rezam
Sempre atento, nunca disperso
E como crianças, em seu zelo infantil
Eles idolatram seu sonho, achando que fantasia é real
Deus pensou
Ele, o ser eterno, o fim eterno, a vontade e o caminho
O poder, a glória, a noite e o dia
A palavra e a lei, a fonte e o plano

Deus, todo poderoso, ficou perplexo com os homens
Ele estava confuso com o paradoxo
Pela ironia ali
Se ao menos ele pudesse mostrá-los
Mas por onde começaria?
Como fazê-los ver, como fazê-los entender?
Como fazê-los reconhecer a própria insanidade?
Eles vivem pelo ganho e se esforçam em vão
Para contornar a morte
Mas todo o ouro e riqueza indizível
Não comprará um segundo a mais
Eles pedem por clamor e grande fama
Naquele que sobem ao poder
Mas o que se importam, que amam e compartilham
São esquecidos na hora
São propensos a brigar, a usar sua força
Por qualquer bandeira que estimem
Mas os que gritam "à luta!", não morrem
Os jovens são mandados para perecer
Sim, sem ser cantado, eles matam seus jovens
Que caem e morrem, e então eles choram
Mas por quê?
Um ídolo diferente? Uma outra cor de pele?
Um pedaço de terra que é cobiçado e os tambores de guerra começam
Apenas a morte pode triunfar, não há lugar para se esconder
E ainda assim, os loucos se curvam pela sua parte dizendo que Deus está do seu lado
De todos os que vivem, que rastejam e engatinham
Que tomam e dão, que acordam e dormem
Que correm, se posicionam,que pontuam a terra de costa à costa

Homem, nada além do homem, pede por guerra
Apenas o homem, eternamente matando
Apenas o homem, infernalmente querendo
Concede a si próprio a graça
Para enterrar sua raça
Apenas o homem, logo rezando a seu deus, enquanto destrói e piamente dizendo
Enquanto a batalha aumenta
Que seus motivos são justos
A fúria, a carnificina, a matança não acabará
Mas não se preocupe, Deus está aqui, ele está matando por paz

Homem
Sua ganância, seu crime, sua guerra
O senhor, nosso deus, não pode mais aguentar
Ele olhou uma última vez para o homem tão pequeno
Tão recentemente levantado, tão brevemente caindo
Ele olhou a última vez e precisava saber
De quem seria a culpa dessa angústia? Dessa mágoa mortal?
O homem falhou ao criador, ou o criador ao homem?
Quem foi o planejador? E quem foi o planejado?
Ele olhou pela última vez e virou de volta
A resposta ele tinha achado
Por isso
Deus havia chorado"


Humildemente traduzido por Douglas Joker

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