Mais do que lamentar a morte de Ditko, só resta
lamentar o pouco reconhecimento que ele recebeu em vida. Muitas vezes tomamos
partido com tanto vigor de uma editora (sim, estou me repetindo) que ignoramos
os artistas que muitas vezes são mastigados por ela. Sim, agimos como “uhuu,
esse cara é foda” enquanto está lá, mas o mesmo quando sai, é tido como
perdedor muitas vezes, independente do quanto se tenha contribuído.
E muitas
vezes há aquela velha história, de ficar com a fama quem faz o gol. Toda a
cronologia humana está transbordando desses tipos, os famosos “carismáticos
mestres do markting”, aqueles que se
tornam “quem botou a bola na rede”, com o público ignorando que para aquele
lance acontecer, outros tiveram que se sacrificar.
Ditko para
mim sempre foi desses “outros”.
Stan Lee
criou o que seria um boneco de madeira do Homem-Aranha. Ditko foi quem lhe deu
alma, coração e vida. Criou a forma acrobata de se movimentar, seus principais
antagonistas e elenco de coadjuvantes inconfundível. Não a toa, a melhor
história que li recente do Dan Slott, Amazing
Spider-Man #801, nada mais era do que uma reconstrução de Amazing Fantasy #15, uma homenagem, e
uma forma do escritor (por mais arrogante que seja, sabemos) devolver o Aranha
a sua fonte em tom de reverência ao mestre.
Página de ASM #801. Além da referência obvia, o desenhista M. Martin tem um estilo de traço idêntico ao de Ditko |
Só criar o
Homem-Aranha, NOTE A ENFASE NA PALAVRA CRIAR,
e não “construir um argumento e sinopses para serem desenhadas”, já colocariam
Ditko em uma dívida histórica, de no mínimo haver um “Steve Ditko Apresenta” em
cada apresentação nos créditos do Amigão da Vizinhança. Algo que sabemos, nunca
acontecerá.
Ditko criou
o Doutor Estranho, com direito a vários dos visuais psicodélicos que leigos
pensaram terem sido inventados pela Marvel Studios, ou mesmo o Benedict
Cumberbatch, vai saber.
Fez alguns
dos personagens (com destaque no Questão) que serviram de base para Alan Moore
(fã confesso da obra do autor) e David Gibbons criarem seu estrondoso Watchmen.
E ainda
assim escolheu renegar seu passado, a indústria, criações, vivendo de forma
anônima, sozinho, morrendo aos 90 anos, se recusando a receber parcialmente
sobre suas obras.
<
RIP to Steve Ditko. His art was sublime.— Tom King (@TomKingTK) 7 de julho de 2018
(Apologized to Dave Gibbons once for stealing his 9 panel grid all the time. Gibbons told me not to worry; he stole it from Ditko. We stand on the shoulders of giants.) pic.twitter.com/AuCi7nINYT
“Descanse em paz, Steve Ditko. Sua arte era
sublime.”
“Me desculpei com Dave Gibbons uma vez por
ficar roubando seu formato de nove quadros o tempo todo. Gibbons me disse para
eu não me preocupar; Ele roubou do Ditko. Estamos sob ombros de gigantes.”
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Até o próximo.
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