Qualquer semelhança desse desenho com uma cena do filme Liga da Justiça não é mera coincidência. |
Roteiro: Brian Michael Bendis
Desenhos: David Marquez
Editora: Marvel
Grupos de tradução: Cozinha do Inferno / Só Quadrinhos /
Ozymandias_Realista
Tradução e diagramação: Ozymandias_Realista
Revisão: Fábio_BR
Finalização: Raito
Tamanho do arquivo: 66 MB
“Depois de 17 anos preso, é difícil cair fora!”
Vamos dar
uma rápida pausa acerca da “Alanmorização” do universo dos supers. Bem, essa palavra que usei é um exagero, confesso, mas precisei usar ela pra te buscar a um ponto. Quando
criança, qual a primeira imagem que lhe vem quando imagina super-heróis? Uma
desconstrução de que eles não poderiam nunca existir em um mundo real ou uma
batalha épica entre frontes do “bem contra o mal”? E não advogo pela
simploriedade roteiristica em não se ter camadas reflexivas dentro de um conto
na 9º arte, entretanto disso “ás vezes” se perder em meio a Guerras Civis e
Homens-Morcegos contra Super-Homens. Em outras palavras, a exceção, que tinha
tanto por brilho por o ser uma, perde esse diferencial por ser uma regra.
Minha
lembrança mais enraizada com a vasta obra (que você é livre para odiar) de Brian M. Bendis é Ultimate Spiderman, embora com o tempo (leia-se vários ANOS) não
tenha ficado tão bem, a começar pelos sucessores na arte dos formidáveis Bagley
e Imonnen. Foi o gibi certo na hora certa. Eu tinha os mesmos 15 anos que Peter
Parker tinha, admirava os poderes dele e principalmente tinha os mesmos
questionamentos sobre as injustiças cotidianas que os adultos interpretavam
como “mazelas diárias que não podemos fazer nada”. Obviamente, o “Quixotesco”
Peter ignorava isso, e quase sempre ficava por um fio como consequência a sua não permissividade. Em uma cena
brilhante da série, e infelizmente pouco
comentada, Peter via um candidato a prefeito construir sua campanha com um
argumento de intolerância ao aracnídeo (e demais vigilantismos), financiada por Wilson Fisk e sua compra
de mídias de massa, em especial o Clarim Diário. Em uma situação limite, em uma
oportunidade dada pela professora de sociologia em se discutir um assunto,
Parker questionava “Ok, como as pessoas podem só caçar o Aranha, e ignorar o
fato de que há gravações de que Wilson Fisk matou uma pessoa e está solto?”. (gravações
essas dada pela justiça pelo próprio aranha em arcos anteriores, e que haviam
iniciado um escândalo aparentemente irremediável contra Fisk. A professora
prontamente dava uma resposta como “nós temos que ter fé no nosso sistema
judiciário, além de que Wilson Fisk fez muito pela cidade”. Parker não deixava
barato, e questionava a ela quando que as pessoas param de se importar, e era
expulso da sala por desacato. Era uma situação “comum” naqueles enredos, e
causadora de indignação, quando somamos 2+2 e percebemos similaridades
gritantes com o mundo real. Esse era o Bendis que eu sou fã.
Há o outro
Bendis, que verdade seja dita, é um fruto de ambição que a maioria de nós teria
se estivéssemos no lugar dele: a de “abraçar o mundo com as pernas”, trocando
em miúdos: se meter a escrever todos os títulos que poder ou não. A maioria dos
escritores possui “nichos” onde conseguem se destacar por ter um entrosamento
maior com o que aborda, mesmo que esses “gêneros” por vezes se cruzem em
histórias “mirabolantes”. Seja urbana, cósmica, etc. Indelicadamente, não dá
para ser um Alan Moore escrevendo diversos títulos mensais, embora todos inseridos
no mesmo universo, cada qual com suas “particularidades e vícios narrativos”.
Chegando dado momento em que BMB não tinha tanto mais o entusiasmo inicial de
um fã que sempre quis aplicar questionamentos que tinha como leitor, era apenas
um profissional contratado para entregar roteiros dias estabelecidos, e tendo
que moldá-los a “eventos maiores”, as famosas “mega sagas” (algumas até
escritas por ele, vale dizer). Sua reputação se converteu do cara ousado que
inovava, para mais um “pau mandado” da máquina que só trabalha para manter mais
do mesmo (aliás, o que o leitor de longa data infelizmente mais quer, mas isso
é assunto para outro texto), e até mesmo caras como eu, antes ferrenhos
entusiastas, foram se afastando com a morte do Peter Parker Ultimate, um repetido Novos Vingadores 2, e ócios
criativos como a sequência de Guerra Civil.
O que você fez com o Cable, seu monstro?! |
Essas 10
humildes edições de Defensores, por mais que não sejam de longe uma das
melhores histórias de sua carreira, foi seu pedido de desculpas: Uma história
simples, bem ilustrada, que homenageia um universo C da Marvel, que muitos
gostam, mas poucos vêem mensalmente, além da sua declaração por todos esses
personagens urbanos, que em tempos de sagas cósmicas multiversais (acompanhando o cinema, porque até Hickman ser o
maestro, estava excelente), e personagens como o Homem de Ferro atingindo quase
o patamar de um deus (embora os “marvetes” só saibam atribuir essa crítica ao
Batman), um time como os Defensores reafirmam o que é mais "Marvel raiz" possível: "gente como a gente", com várias limitações, e mesmo perseguidas publicamente,
tentando fazer a diferença, tendo em sua última página a verdadeira síntese do
que é gibi mensal DOS SUPERS!
Logicamente ainda é um breve trabalho recheado de falhas, como inserções de alguns personagens que não vão a lugar algum (hey Deadpool e Justiceiro), ou mesmo o quanto Kid Cascavel (que estava sendo um ótimo vilão, ao menos em comparação com sua versão pífia da série do Luke Cage) é descartado de última hora para uma substituição pouco orgânica pelo Capuz. Fica a sensação de muitas reescritas de uma edição para a outra, provavelmente cortes para algo que deveria durar anos, acabar em meses. Fica a esperança de outro autor assumindo esse título, agora que seu pai partiu.
Nota: 7.4
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Até o próximo.
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