"Que versão de mim eu serei hoje?"
Eu vi esse filme logo quando saiu, mas só tô escrevendo o texto agora, é a vida. O filme traz o excelentíssimo Gary Oldman dando vida ao primeiro-ministro da Inglaterra na Segunda Guerra Mundial. O primeiro ministro é uma das maiores autoridades, tendo contato com o próprio Rei. Pra ter uma ideia do contexto, é a mesma época do "Dunkirk", do Christopher Nolan, que saiu ano passado e "O Discurso do Rei", que foi premiado há uns anos. Recomendo os dois.
Churchill passa longe de ser herói grego, sua primeira aparição é mais desonrosa do que a do protagonista de "Apocalypse Now". É um velho obeso, fumante e histérico, que até então só havia acumulado fracassos em sua carreira política e militar. Figura caricata, Oldman traz todos os exageros de Churchill, não tem como não perceber, está no jeito de falar, na insegurança, nos gritos, em tudo. A maquiagem tá perfeita e o personagem, gordo sempre com um charuto na boca, é muito interessante de ver na tela do cinema. Claro que a essa altura, todos já sabemos como o Oldman é um grande ator, mesmo ele só tendo concorrido ao Oscar uma vez (alguém aqui gosta do Oscar? Sabe aquele xizinho vermelho ali?).
É interessante ver a história de um homem tão inseguro, em uma situação tão instável, com tanto em risco, que segue de forma imprevisível e consegue mudar o direcionamento da segunda grande guerra. O título em inglês inclusive significa "na hora mais escura" e não "o destino de uma nação". Eu havia assistido há pouco tempo o filme chamado "Churchill", que saiu ano passado mesmo, se tratando do mesmo homem, na mesma época do Dia D. O filme era super bem feito, a atuação e a direção eram impecáveis. Mas o filme todo o Churchill fazia diferença NENHUMA pra NADA. Ele só era esculachado por todo mundo, até pela datilógrafa, levava tapa na cara, ao ponto que quando o filme acaba, eu me perguntei por que tinham feito um filme sobre um cara desses? Que influenciou nada?
Churchill poderia ser um personagem que foi mal retratado na história com distorções, foi o que eu pensei. Tem um filme que não vou falar o nome, pra não passar spoiler, mas é sobre um esquizofrênico. Quando fui ver, na vida real o cara nunca havia tido alucinações visuais (que fazem o filme inteiro) e traía tanto a mulher que chegou a ter filhos fora do relacionamento e até relações gays, o que o filme com certeza passa longe de mostrar, as dificuldades na vida com a mulher são só da doença mental. Outro exemplo é o Che Guevara, quando você vê os filmes dele você pensa, "po, o cara mó inspiração, mó sonhador", mas depois você descobre que ele matava criancinhas à queima roupa. Tem também o Stan Lee, que todo mundo acredita ter escrito com suas próprias inspirações todos aqueles personagens, mas na verdade suas colaborações eram quase que secundárias perto dos desenhistas, o que ele mesmo admite.
Quando cheguei em casa logo pesquisei, e vi que não era o caso do Churchill. O diretor desse outro filme anterior havia a partir de anotações no diário da mulher do ministro, deduzido que ele havia sido contra o ataque aos nazistas, só porque lá estava escrito que ela e o marido estavam tristes com a morte de tantos jovens soldados. Meio que... uma coisa não leva à outra. Ele ter ficado triste com a morte das pessoas é normal, não significa que tenha sido contra o ataque por causa disso, foi bem decepcionante. O diretor Joe Wright consegue fazer várias cenas que te deixam tenso e emocionado pra um filme sobre a guerra que não mostra qualquer luta, somente o backstage.
Como no outro filme, a esposa e a datilógrafa tem participação importante, assim como os militares da época e o próprio rei. O destaque é pra pessoa de Churchill, que passa por mais mudanças, indo de um fracassado, pro considerado maior britânico de todos os tempos. Pra um filme assim realista, o diretor faz umas brincadeiras bem inteligentes com a fotografia sempre que tem oportunidade, o resultado é um ótimo filme. Recomendado!
Como no outro filme, a esposa e a datilógrafa tem participação importante, assim como os militares da época e o próprio rei. O destaque é pra pessoa de Churchill, que passa por mais mudanças, indo de um fracassado, pro considerado maior britânico de todos os tempos. Pra um filme assim realista, o diretor faz umas brincadeiras bem inteligentes com a fotografia sempre que tem oportunidade, o resultado é um ótimo filme. Recomendado!
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