EXTRAÍDO DO LIVRO "Marvel Comics - A História Secreta (Sean Howe, 360 págs), das páginas 261 á 262:
"...Em junho de 1994, Frank Miller fez um tributo a Jack Kirby, com um discurso de abertura num seminário da indústria em Baltimore. “Com Jack Kirby, encerra-se uma era”, disse Miller. “Não posso chamar de Era Marvel dos quadrinhos, pois não defendo recompensar ladrões. Eu chamaria de Era Jack Kirby dos quadrinhos.”
Funcionários da Marvel numa mesa em frente ao palco se remexiam em seus assentos enquanto Miller declarava que a única forma de falar sobre o futuro dos quadrinhos era falar do “histórico triste, infeliz, de vidas partidas... de talentos a quem foi negada a propriedade legal do que criaram com as próprias mãos e mentes, ignorados ou tratados como incômodo enquanto suas criações ganhavam milhões e milhões de dólares”. Depois de destacar que “dezessete anos de serviços leais e vendas espetaculares não renderam uma nesga de lealdade da Marvel Comics com Chris Claremont” e escarnecer das afirmações de Jim Shooter de que ele “passara a vida inteira lutando pelos direitos dos autores”, Miller subiu a pressão.
A Marvel Comics está tentando lhes vender a ideia de que os personagens são os únicos componentes importante dos quadrinhos. Como se ninguém houvesse criado esses personagens, como se o público fosse tão descerebrado a ponto de não diferenciar algo bom de algo ruim. Pode-se até os desculpar, já que os personagens deles não estão fazendo a mesma debandada que os autores. A meu ver, há certo alívio em ver a velha mentalidade “talentos do work-for-hire não são importantes” ser levada às últimas consequências. Já vimos os resultados, e parece que eles estão parados no de que vendo o navio afundar. Os autores que reclamavam das deserções em favor da Image e outras editoras, prosseguiu ele, eram “como os escravos na galera reclamando do vazamento”. A era do universo de super-heróis de propriedade de editoras – a Era Jack Kirby – estava encerrada. “Ela atingiu o supernova, consumiu a si própria e iniciou um lento e estável colapso até virar um buraco negro. Não poderíamos nos alimentar para sempre da genialidade de Jack Kirby. O Rei está morto e não tem sucessor. Não veremos outros como ele. Não há um único artista que possa substitui-lo. Não há arte que tenha a benesse de um talento tão brilhante quanto o dele.
Estamos em tempos de medo porque a mudança nos dá medo. Mas todas as peças estão a postos para uma nova era de orgulho, uma nova era de quadrinhos. Não há nada à nossa frente, nada grande nem temível, nada a não ser velhos hábitos e medos, e não vamos deixar que eles nos detenham.”
O público aplaudiu de pé."
A seguir, o texto em inglês, do referido discurso:
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