Kevin Smith é cineasta, ator e escritor de
quadrinhos. Dentre os seus vários trabalhos, decidi escrever sobre quatro
histórias que ele escreveu para a Marvel e DC, durante uma aproximadamente uma
década.
Demolidor
#1-8 (Diabo da Guarda), escrito por Kevin Smith e desenhos de Joe Quesada,
lançado em 1998.
Análise:
Sem Seu grande amor Karen Page que o abandonou uma
vez mais, o Demolidor se vê em meio a uma trama envolvendo o fim do mundo e o
questionamento de sua fé. O que parecia mais um dia normal, o Homem Sem Medo se
depara com um bebê que pode ser o anticristo. Macabes que diz representar uma
organização secreta que luta pelo bem da humanidade pede que Matt entregue o
bebê para que possam matá-lo e evitar o fim do mundo. O que fará o defensor de
Hell’s Kitchen?
Uma trama no melhor estilo cinematográfico com
diálogos afiados, suspense, drama e uma boa dose de ação. É impossível ficar
passivo ao ver como Matt acaba se deixando levar pelos planos de seu misterioso
adversário, à medida em que nós mesmos tentamos entender e solucionar o caso.
Kevin Smith explora a fundo o lado humano de Matt Murdock sem deixar de lado a
faceta justiceira do Demolidor. Quando li pela primeira vez, lembro fiquei um
pouco decepcionado com a solução do caso, mas dessa vez, pude entender um pouco
melhor como as coisas foram sendo amarradas, mas principalmente, independente
disso, o objetivo do escritor que foi, em última análise, prestar uma grande
homenagem ao herói e ao homem. Leitura imperdível.
Arqueiro
Verde #1-15 (O Espírito da Flecha), escrito por Kevin Smith e desenhos de Phil
Hester, lançado em 2001.
Análise:
Com Oliver morto, Dinah, a Canário Negro e Connor
Hawke, o novo Arqueiro Verde, filho de Ollie, combatem o crime em Star City.
Repentinamente, numa certa noite, eis que Oliver Queen volta dos mortos e
inexplicavelmente não se lembra de nenhum evento ocorrido na ocasião de sua
morte. Agora, Dinah, Connor e até Roy Harper precisam ajudar Ollie a descobrir
como ele está conseguiu voltar.
O escritor Kevin Smith consegue “ressuscitar” Oliver
de maneira convincente ao incluir algumas motivações de Parallax, após ser
derrotado na saga Zero Hora e o lado místico da DC com a presença de Etrigan.
Também abordar vários elementos da mitologia do Arqueiro Verde, como a época em
que ele e Hal Jordan fizeram uma viagem pelo interior dos EUA (fase clássica
dos anos 70), seus companheiros mais próximos – Dinah, Connor e Roy – e a
introdução de uma jovem personagem, Mia Dearden, que terá grande relevância
para suas histórias futuras. A personalidade forte de Oliver continua bem
parecida com a época em que suas histórias eram escritas por Mike Grell.
Encontrar Kyle Rayner no lugar de Hal Jordan como o atual Lanterna Verde, e um
forte atrito entre os dois, foi outro aspecto bem desenvolvido por Smith.
Também gostei dos desenhos do Phil Hester que combinaram com o arco. Leitura
altamente recomendada.
Homem-Aranha
e Gata Negra #1-6 (O Mal no Coração dos Homens), escrito por Kevin Smith e
desenhos de Terry Dodson, lançado em 2002.
Análise:
O Homem-Aranha investiga a morte por overdose de
heroína de um estudante e suas pistas o levam até o ator Hunter Todd. A Gata
Negra procura pelo paradeiro da modelo Tricia Lane, atual namorada do ator.
Isso leva seus caminhos a se cruzarem. Mas, antes que Todd possa revelar toda a
verdade, também é atacado por uma overdose, e o responsável é o misterioso Sr.
Brownstone. A partir daí, o Homem-Aranha e a Mulher-Gata se unem em um esforço
em conjunto para descobrir quem é o Sr. Browstone e capturá-lo.
A história basicamente poderia girar em torno dessa
trama inicial, não fosse o fato de que, no meio dela, há uma reviravolta
impressionante e, o que pareceria apenas mais uma história de aventura e humor
no estilo Marvel Team-Up acaba se tornando uma jornada que faz jus ao título “O
Mal no Coração dos Homens”, revisitando um passado de abusos, sobrevivência e
cura. Kevin Smith também consegue desenvolver muito bem os novos personagens,
além de uma boa interação entre os protagonistas, pontos altos dessa série. E também
há participações especiais do Demolidor, Noturno e... Lois Lane e Jimmy Olsen!!
Leitura recomendada.
Batman #1-3
(Cacofonia), escrito por Kevin Smith e desenhos de Walter Flanagan, lançado em
2009.
Análise:
O Coringa está à solta novamente depois de uma
tentativa fracassada do Pistoleiro em tentar eliminá-lo por contrato. O Palhaço
do Crime declara guerra contra o criminoso Maxi Zeus que havia roubado sua
fórmula do sorriso, e cabe novamente ao Batman deter seu arquiinimigo e levá-lo
de volta ao Asilo Arkham. Em meio a essa simples trama, temos a presença do
misterioso vilão Onomatopeia, que o próprio Kevim Smith criou nas histórias do
Arqueiro Verde. Pelo título e por sua presença, Onomatopeia parece ser o
personagem central do arco, embora não haja indícios de que isso seja verdade.
Sua motivação é nula, bem como sua participação em, si. Ainda assim, Smith
resolve resgatar elementos de A Piada Mortal ao colocar o Batman e o Coringa
frente a frente em um diálogo franco e direto. A impressão que ficou é que a
Cacofonia estava no próprio roteiro, um conjunto de barulhos em desarmonia.
Após ler outros trabalhos de Kevin Smith, como o Diabo da Guarda, o Espírito da
Flecha e o Mal no Coração dos Homens, essa minissérie Cacofonia ficou bem
abaixo do esperado. Leitura não recomendada.
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