E se pudessem lágrimas vir... Elas viriam!


Um dia após a morte de um dos criadores do rock, Chuck Berry, que estava com 90 anos de idade, hoje morre Bernie Wrightson (69), desenhista que cocriou o Monstro do Pântano, personagem da DC que se tornou uma das maiores referências do terror gótico. Apesar de já ter trabalhado com HQs de super-herói, ele ficou reconhecido mesmo pelos seus trabalhos de terror, pode notar como mesmo o Monstro do Pântano sendo um personagem bondoso, seu rosto lembra uma caveira. Ele trabalhou em "Eerie" e "Creepy" naquele bom estilo Tales From The Crypt e um dos seus trabalhos mais famosos é a versão ilustrada do clássico Frankenstein. Há pouquíssimo tempo, coisa de menos de um mês, podiam ser encontrados nas bancas dois volumes das primeiras histórias do personagem, se chama "Monstro do Pântano: Raízes". Eu tenho aqui e vou passar o que o escritor, Len Wein, escreveu na introdução em 1991 sobre a forma que eles se envolveram na criação.


"A gente não tinha ideia de que criaria uma lenda.

Naquela manhã cinzenta de dezembro de 1970, quando peguei o trem 'E' nos arredores do Queens em direção a Manhattan, tudo em que eu pensava era qual seria meu próximo trabalho. Como roteirista profissional de quadrinhos com dois anos e meio de atuação, sobrevivi vendendo principalmente histórias curtas de mistério para as revistas de antologia da DC, Marvel e da lamentavelmente finada Gold Key Comics, a maior parte já extinta, mas não esquecida.

No decorrer da viagem de meia hora, tive um vislumbre de uma ideia para uma história. Uma aventura de amor repleta de perigos, assassinatos e, ao fim, vingança. Por que decidi tornar o protagonista uma espécie de monstro do pântano, um arremedo mucoso de homem, não me recordo mais. Mas essa decisão estava destinada a mudar o rumo de minha carreira.

Quando cheguei ao escritório da DC Comics, tinha a premissa muito bem delineada na cabeça e corri para a máquina de escrever mais próxima (naqueles tempos todos usávamos máquinas de escrever) para colocar a ideia no papel.

Apresentei a proposta de uma página em espaçamento simples para Joe Orlando, o editor de The House of Mistery e The House of Secrets, entre outras séries. Coincidentemente, Joe andava pensando em fazer uma história nos moldes de It, a clássica obra de terror de Theodore Sturgeon, que é sobre um desajeitado monstro do pântano. (E eu nunca havia lido até a excelente adaptação de Roy Thomas para a Supernatural Thrillers, da Marvel, alguns anos depois.) Joe leu a minha sinopse entusiasmado, fez algumas sugestões (como o Monstro perder o bracelete dado pela esposa no fim da história), deu o sinal verde e fui pra casa trabalhar no roteiro.

Apenas mais um dia na vida de um roteirista freelance morto de fome, pensei.

No final de semana seguinte fui a uma festa pré-final de ano na casa de meu parceiro de longa data, Marv Wolfman. Mais tarde naquele dia, por razões que infelizmente não lembro, eu estava escorado no meu carro no geladoar da tardinha com Bernie Wrightson olhando a neve cair e proseando. Bernie tinha terminado há pouco tempo com sua namorada e estava meio deprimido. Falei que sabia como ele se sentia. E aí tive a chance de mencionar que estava trabalhando numa história que combinava com o nosso humor. Sugeri que ele podia se interessar em ilustrá-la como um jeito de exorcizar seus demônios, e ele prontamente concordou.

E assim nasceu a lenda."

Pra quem já leu a primeira edição que está disponível no primeiro volume de "Raízes", dá pra notar o inegável tom melancólico de sofrimento sentimental. Que bom que eles transformaram um sentimento triste em uma grande investida criativa! Eu ando meio sem tempo, então vamos direto ao assunto: Especial Monstro do Pântano, vocês querem?

Frank Miller, Neil Gaiman, Bill Sienkiwickz, Bernie Wrightson e Dave Gibbons.

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