“... Fala Sócrates, e Sócrates vai definir o
amor em “O Banquete”, através dos séculos. Claro que Platão jamais usou a
palavra “amor”, não falava português, aliás, o português nem existia, Platão
falava grego, e em grego, o seu amor é “Eros”, “Eros” que você conhece, porque
é a raiz de muitas palavras do nosso idioma, como “erotismo”, “erotização”, “erótico”,
“Eros motel”, “Eros Drive-in”, “Eros Night Club”... “Eros” faz parte da tua
vida”, então “Eros” o que é? A definição é simples: amar é desejar. Ponto. Viu?
Nada de dramático, amor e desejo são a mesma coisa, você ama aquilo que deseja,
você ama, aquele que deseja, você ama na intensidade que deseja, e você ama,
enquanto deseja, a má notícia, claro, é que se o desejo acabou, é porque o amor
acabou também. Amor e desejo são a mesma coisa, ora, nesse momento, a pergunta
obvia: “Se amor é desejo, desejo é o que então?”, pois “desejo é a falta” (diz
Platão). “Desejo é a busca daquilo que faz falta, desejo é pelo que não temos e
queremos ter, desejo é pelo que não somos e queremos ser, pelo que não fazemos
e gostaríamos de conseguir fazer, e agora você tem a equação completa, você ama
o que deseja, e deseja o que não tem! E quando tem, não deseja mais, e como o
amor é desejo, não ama mais. Funciona assim, simples e rápido! Amor pela
cunhada...
...
E é claro que dentro deste olhar platônico, o
único homem no Brasil a não amar Juliana Paes é seu marido. Exemplos vão ao
infinito. Minha filha mais nova se chama Natália, tem 11 anos, quando tinha 7
anos, queria porque queria um brinquedinho eletrônico chamado “DS”, queria
porque queria, deseja, e como desejo é amor, amava o DS, o DS na loja, ela na
vitrine, e assim uma relação de amor de estendeu até o Natal, quando Natália,
de tanto merecer, ganhou o DS, nesse momento, desaparece a falta, desaparecendo
a falta, desaparece o desejo, e como o amor é desejo, acaba ali, naquele
instante, o amor de Natália pelo DS, hoje o DS jaz num baú, num baú de desejos
assassinados pela presença, num baú de desejos mortos pelo consumo. Hoje
Natália ama o “DS Wii”, o “Wii” ela não tem, e a julgar pelo salário de
professor da USP, o amor de Natália pelo DS permanecerá vivo! Erótico!
Vibrante! Cada um de um lado do vidro da vitrine...”
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