“Como assim? Pensei que aqui
fosse um blog sobre quadrinhos, e não sobre se meter na minha vida pessoal.” Bem, primeiramente, dois
pontos, 1. Aqui é um blog sobre “tudo” e 2: O objetivo desse texto não é se
meter em nada, sua mente ainda é – e tomara que sempre seja – seu guia mestre. Estava
aqui, “na minha”, quando me veio essa “cutucada” para falar sobre álcool, e
não, não sou nem psicólogo, nem médico em geral, sou apenas um cara normal. Vou
fazer 23 anos daqui há alguns dias, e estou desde dos 18 sem ingerir bebidas
alcoólicas, não por causa de religião, ou aconselhamento familiar, mas apenas
por um breve cálculo de que a maneira que estava inserida o álcool nas minhas
escolhas, não trazia muita coisa positiva. Excetuando o fator “diversão com os
amigos”, o que é algo normal e saudável, sendo jovem ou velho, muitas vezes a
bebida é buscada como refugio, quando não se quer enfrentar algo, da mesma
forma que as drogas, ilícitas ou não.
Acredito
de maneira firme, que não existe ser humano perfeito. Cada pessoa, tem sua
maneira de enfrentar determinadas adversidades, precisando de um “refúgio”
ocasionalmente, não há ser humano que escape disso, não há “Super-Homem” (e até
o próprio personagem da DC comics,
possui o mesmo, que dirá nós). O que muda é a maneira como esse “refúgio” é
usada em termos de produção para si, podendo ir da satisfação “ao nosso eu” á
conquistas profissionais. No meu caso, comecei a ingerir aos 16, como qualquer
adolescente, vendo nisso uma conquista. Por ter uma aparência franzina, baixa
estatura e pouca desenvoltura em uma conversa, era natural fracassar
amorosamente, ou até em outros campos. Não demorou, para se juntar com uns
amigos, também chateados, para ir “beber para esquecer”. Acontece, que ao beber
para esquecer, o máximo que você consegue é se autopunir e ainda perdurar o
problema inicial. Nada é esquecido, pelo contrário, só resta no dia posterior
uma puta ressaca e a sensação de derrota. Mas claro, pra alguém de 16, isso era
uma conquista. Aos 18, resolvi entrar em uma academia de musculação, um lugar,
que vale mencionar, sempre desprezei, por considerar um refugio dos menos
favorecidos intelectualmente. Contrariando a sabedoria da Grécia antiga, do “mente
sã, corpo são”, eu comprava o mito de que ou se desenvolvia cérebro, ou
músculos.
Logo,
vi que “aqueles retardados de puro músculo e sunguinhas” que eu tanto zombava,
na verdade eram pessoas extremamente inteligentes e centradas em suas emoções
como pouco vi na vida. E concluí que iria ganhar 20 KG (essa época, em 2012, eu
pesava 55), não importasse o quanto eu precisasse me esforçar, e que eu não
usaria esteróides anabolizantes. A balança – literalmente – estava contra mim,
eu não possuía genética, nem mesmo grana pra esses suplementos caríssimos,
nesse tempo, tinha um trabalho de serviços gerais, no qual eu trabalhava 6
horas por noite e ganhava no final do mês, 340 reais. Ou seja, nem mesmo as
três alimentações diárias estavam em dia.
E o cãozinho cresceu junto, pena que ele não era meu, o da direita já é filhote do filhote da esquerda. |
Comecei
a investir mais sério, e parti com força na alimentação. A academia, era
frustrante, quando se é um magrelinho que sempre apelou pra mente, ter que
tentar levantar um supino com 5 KG em cada lado, e ainda achar pesado. Até que
após um belo porre aos 18, eu me convenci, que cada vez que eu tivesse raiva,
iria descontar treinando e não mais bebendo, e consegui os 20 KG em 3 anos. Mas
houveram duas regras que eu segui. Uma, era realizar os objetivos em absoluto
silêncio, sem essa de post no Facebook, “hashtag” e toda essa coisa, quase ninguém sabia disso, era minha “atividade
secreta” que funcionava como “terapia”. E a segunda regra, era viver o objetivo
por todos os dias. Não era só questão de levantar pesos por 1 hora por dia,
havia as 8 horas sagradas de descanso e demais coisas, isso, pode-se traduzir
por uma única palavra: disciplina.
Também
não estou aqui para dar uma de “professor saradão de educação física” que vive
com o sorriso no rosto pregando que exercícios são a resposta para tudo. Esse
foi apenas um pequeno caso de algo que me fez bem, e me sentir menos inútil.
Foi uma conversão de energia. O ponto principal, é que recomendo a não ser o
tipo de cara que vai procurar beber com esse intuito. Por sorte, minha decisão foi
mais sólida, acredito por não haver predisposição genética, ou ter cortado
antes de se tornar um hábito. Alcoolismo é coisa séria, uma doença degenerativa
cujo portador não percebe que tem. Não é engraçadinho como o Tony Stark nos
filmes (porque até nos quadrinhos, eles frisam o lado corrosivo da prática),
não vai lhe fazer ser descolado ou “pegar mais muié”, só vai lhe fazer um ser
humano mais fragilizado.
Em
termos mais diretos: O crescimento só é detido quando esse encontra limites,
não dos outros, mas de você, seu acomodado do caralho, que esperou o melhor
emprego pra pensar em trabalhar, um dia de sol pra sair, a mais bonita da turma
pra pensar em dar uns amassos e mais algum punhado de pessoas dizerem que o
senhor era capaz, para decidir se vale à pena arriscar.
Força
e honra.
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