Pink
Floyd – The Piper At The Gates of Dawn (1967)
É
com orgulho que apresento um projeto junto com meu parceiro Ozymandias Realista
de apresentar nossas impressões sobre todos os álbuns de uma de nossas bandas
preferidas – PINK FLOYD. E começamos pelo primeiro álbum – The Piper At The Gates Of Dawn, de 1967. Primeiro álbum de estúdio
da banda Pink Floyd, The Piper At The
Gates Of Dawn foi gravado nos famosos estúdios Abbey Road (onde os Beatles
gravaram seus álbuns). -- Roger (Planeta Marvel / DC).
Resolvemos dividir metade dos álbuns para cada, esperamos que gostem do resultado dessa viagem, que pretendemos fazer em 3 partes.
-- Ozymandias_Realista.
Quando
comprei este álbum, conhecia somente The
Wall, The Dark Side Of The Moon e
algumas canções de A Momentary Lapse Of
Reason. Por isso, não é novidade se eu disser que levei um susto ao ouvir
uma sonoridade tão diferente do rock progressivo que eu estava acostumado.
Mesmo assim, eu tinha gostado tanto da banda, que decidi comprar todos os
álbuns em ordem de lançamento. A única
informação que eu tinha na época vinha da revista BIZZ, lançada pela Editora Abril, e por meio dela, aprendi mais
sobre a história da banda, o que incluía um foco em Syd Barrett, seu líder,
fundador, letrista e guitarrista.
Hoje,
analisando este álbum com músicas essencialmente psicodélicas, vejo uma grande
contribuição para o rock, principalmente se levarmos em conta a época e o
contexto em que foi gravado. Entre gnomos e espantalhos, Barret vai derramando
faixa a faixa, letras que mais parecem contos de fada e uma sonoridade com
várias experimentações, até mesmo com músicas sem refrãos. Já neste álbum de
estreia, a banda mostrava suas fontes progressivas, com uma faixa instrumental
de quase dez minutos – Interstellar
Overdrive.
Lista das músicas lançadas
originalmente:
1.
Astronomy Domine.
2.
Lucifer Sam.
3.
Matilda Mother.
4.
Flaming.
5.
Pow R. Toc H.
6.
Take Up Thy Stethoscope And Walk.
7.
Interstellar Overdrive.
8.
The Gnome.
9.
Chapter 24.
10.
The Scarecrow.
11.
Bike.
É
interessante notar desde o início, diferenças nas letras entre Barret e Waters.
“Wandering
and dreaming. The words have different meaning. Yes the did”.
(Matilda Mother – Syd Barrett)
“Music
seems to help the pain. Seems to cultivate the brain”.
(Take Up Thy Stethoscope And Walk – Roger Waters)
Ficha
técnica:
Syd
Barrett: voz, guitarra, violão;
Roger
Waters: voz, baixo
Richard
Wright: órgão, piano, sintetizador;
Nick
Mason: bateria, percussão.
Pink Floyd
– A Saucerful Of Secrets (1968)
Quando
evoco na minha mente a canção “Heart of
Sun”, confesso que ao invés de uma viagem espiritual, como demais canções
deles me permitem, eu lembro de jovens intelectuais, chapados de LSD, sem muita perspectiva com o
futuro, e por acaso, essa era a banda Pink Floyd, em 1968. Mas, como poucos
atentavam, havia um brilho maior ali, uma chama esperando incendiar. Mesmo que
também em aparente sem sentido, a primeira faixa “Let There Be More Light”, já na segunda, “Remember a Day”, tudo
ganha uma coesão. Um breve diálogo instropectivo com a simplicidade que o mundo
tinha na nossa infância.
“Remember a day before today
A day when you were you young
Free to play alone with time
Evening never came”
Diziam
os membros, em documentários, e entrevistas, que Sid Barret havia se afundado
tanto “no ácido”, a ponto dele ficar “vazio”, “ausente”, algo oco. Não seriam
esses versos, uma tentativa de dizer o quanto todo esse sucesso, nada lhe
significava, que a simplicidade e beleza da vida tinha lhe escapado para
sempre? Que sua consciência do tempo, de sua mortalidade, e autodeclarada
inutilidade se tornava tão forte, a ponto dele não aguentar mais administrar
sua lucidez, se entregando logo a uma “expansão psicodélica permanente”?
Na
faixa 4, temos um pouco do “veneno” que Roger Walters empregaria a todo o
militarismo no mundo, tema que ele amplificaria e muito um dia em “The Wall”,
essa canção, “Corporall Leg”, pode ser chamada até de protótipo da futura “When
The Tigers Broke Free”, utilizada no filme “The Wall” em 82.
A
faixa 5, pode assustar, ou mesmo repelir, alguém que esteja escutando PF agora.
Se trata de uma sequencia de sons, que evocam um certo suspense e desconforto.
O destaque, acredito, seja a combinação “Nick Mason + Richard Wright”, algo que
seria um tanto ofuscado pelos duelos criativos “Walters e Gilmors”. Apesar de
ser o que dá nome ao disco, sendo sincero, não considero o ponto alto. Apesar
dos 8 minutos em diante dela serem esplendidos, lembrando um pouco alguns
trabalhos de Phillip Glass. Não teria o compositor tido sido inspirado por “A
Saucerful Of Secrets” para produzir a trilha Sonora de “Candyman”? Capto
algumas semelhanças.
A
segunda parte do trabalho me equivale ao passar de uma tempestade. “See-Saw”, apesar da melodia tão suave e
relaxante, é uma das canções mais tristes. “A gangorra” é mais um aceno de
alguém que sabe que está em seu fim, tentando entrar em contato com o que foi
sua ternura um dia. Servindo “Blues
Jugband” como o cruel arremate:
I don't care if the sun
don't shine
And I don't care if
nothing is mine
And I don't care if I'm
nervous with you
I'll do my loving in the
Winter
And the sea isn't green
And I love the Queen
And what exactly is a
dream?
And what exactly is a
joke?
|
É imensamente atencioso de
sua parte pensar em mim aqui
E eu fico muito grato por
você deixar claro
Que não estou aqui
E eu nunca soube que a lua
poderia ser tão grande
E eu nunca soube que a lua
poderia ser tão azul
E estou grato por você ter
jogado fora meus sapatos velhos
E ter me trazido aqui ao
invés de se vestir de vermelho
E estou pensando quem
poderia estar escrevendo esta canção
Eu não me importo se o sol
não brilha
E não me importo se nada é
meu
E não me importo se estou
nervoso contigo
E vou fazer meu amor no
inverno
E o mar não é verde
E eu amo a Rainha
E o que exatamente é um
sonho?
E o que exatamente é uma
piada?
|
Seguimos
por duas sequencias de mais “confusão sonora”. Porém, escutando com mais calma,
noto uma certa linha maior em tudo isso. Vejo tudo subliminarmente como a
narrativa da morte espiritual de Syd Barret. As letras calmas trazendo o que
ele teve um dia como humanidade, enquanto os sons perturbadores, como o processo
de “purgatório”, mas de uma forma bem insana, em supervelocidade, e em repetições
cruéis, note que as duas últimas faixas do álbum, evocam uma espécie de
julgamento / absolvição, e ousaria dizer, arrebatamento. Tendo Syd perdido sua
consciência com o passar dos anos, seria filosófico ou forçado eu dizer, que de
uma forma indireta, sua alma, seu gênio, tudo o que ele foi em forma de arte,
ficou preso em nesse disco. Se ele, infelizmente, ficou opaco, temos aqui, seu
verdadeiro brilho, o brilho que haveria de ser evocado anos mais tardes, por aqueles
que ele chamou um dia de amigos, na célebre “Shine Crazy Diamond”.
Uma
curiosidade, que acabei descobrindo meio que sem querer hoje, é que a capa
desse álbum, é um recorte sobre uma ilustração dos quadrinhos dos anos 60 do
Doutor Estranho. Talvez eu esteja enganado, mas Roger Walters parecia ser um
colecionador desse título. Confira pelo link:
1 Let There Be More Light
2 Remember A Day
3 Set The Controls For The Heart Of The Sun
4 Corporal Clegg
5 A Saucerful Of Secrets
6 See-Saw
7 Jugband Blues
Ficha
técnica
Richard Wright - órgão, piano, vocais,
mellotron, vibrafone
Roger Waters - baixo, vocais
David Gilmour - guitarras, vocais
Nick Mason - bateria, percussão, vocais em
"Corporal Clegg"
Syd Barrett
- guitarras e vocais em "Jugband Blues", guitarra em "Set the
Controls for the Heart of the Sun", guitarra acústica e slide guitar em
"Remember a Day" Slide Guitar em "Let There Be More Light"
Guitarra base em Corporal Clegg
Pink
Floyd – More (1969)
Terceiro
álbum da banda, e podemos considerar como o primeiro com a formação clássica
com o quarteto – Roger Waters, David Gilmour, Rick Wright e Nick Mason – já que
o álbum anterior A Saucerful of Secrets ainda continha contribuições de Syd
Barrett.
Trata-se
da trilha sonora do filme homônimo dirigido por Barbet Shroeder lançado em
1969. Película à parte, a trilha sonora apresenta uma banda em momento de
transição musical. São várias faixas instrumentais, típico de trilhas sonoras.
A mais longa, “Quicksilver”, tem pouco mais de sete minutos. Algumas músicas
ainda são carregadas com o psicodelismo da era Barrett como “Main Theme” e
“Crying Song”. Há momentos do bom e velho Rock N’ Roll como ‘The Nile Song” e
“Ibiza Bar” e momentos pop como “Cymbaline” composto somente por Roger Waters.
A abertura do álbum com “Cirrus Minor”, para mim, é o ponto alto, uma canção
com todos os elementos clássicos da banda – melodia dramática, forte arranjo
dos teclados “etéreos” de Rick Wright, vocal que lembra Syd Barrett, estilo ao
tocar o vilão e os arranjos de fundo com “passarinhos cantarolando”. Os solos
melodiosos de Gilmour e os vocais angustiados de Waters só começariam a
despontar anos mais tarde.
Lista das músicas lançadas
originalmente:
1. Cirrus Minor.
2. The Nile Song.
3. Crying Song.
4. Up The Khyber.
5. Green Is The Color.
6. Cymbaline.
7. Party Sequence.
8. Main Theme.
9. Ibiza Bar.
10. More Blues.
11. Quicksilver.
13. Dramatic Theme.
Ficha
técnica:
David
Gilmour: voz, guitarra, violão;
Roger
Waters: voz, baixo
Richard
Wright: órgão, piano, sintetizador;
Nick
Mason: bateria, percussão.
Pink Floyd
– Ummagumma (1969)
Não, havia uma sofisticação maior ali.
Uma nova busca, não se tratava mais de jovens em uma garagem se enchendo de
drogas, havia uma disposição em lhe trazer novas dimensões perceptivas. A
própria capa é um grande exemplo disso. Um espelho, dentro de outro espelho, e
de outro espelho, e em cada um deles, os membros se reversam, apesar de
manterem as mesmas poses nas fotos. Era uma forma inteligente de buscar a
atenção do observador, de faze-lo tirar as ideias preconcebidas a respeito do
funcionamento da banda. E ao que parece, até hoje, funcionou! Claro que passado os anos, os integrantes vem esse trabalho como primitivo, ou um lixo completo, mas há algo que eles não podem negar, esse disco talvez seja o que mais englobou igualmente as ideias de todos, algo que se perderia nos anos 70, graças a "ditadura criativa de Roger Walters"...
1. Sysyphus (Part 1)
2. Sysyphus (Part 2)
3. Sysyphus (Part 3)
4. Sysyphus (Part 4)
5. Grantchester Meadows
6. Several Species of Small Furry Animals Gathered Together in a Cave and Grooving with a Pict
7. The Narrow Way (Part 1)
8. The Narrow Way (Part 2)
9. The Narrow Way (Part 3)
10. The Grand Vizier's Garden Party (Part 1: Entrance)
11. The Grand Vizier's Garden Party (Part 2: Entertainment)
12. The Grand Vizier's Garden Party (Part 3: Exit)
Pink
Floyd – Atom Heart Mother (1970)
Este
álbum magnífico também é conhecido como o disco com a capa da vaca. O lado A
tem apenas uma música, a própria “Atom Heart Mother” com mais de 23 minutos e
totalmente instrumental. Orquestra, coral e a banda acompanhando toda essa
parafernália bem conduzida, enfim, uma obra de arte que termina com sua última
canção, “Alan’s Psychedelic Breakfast” da maneira mais psicodélica possível. Dá
pra imaginar o tal Alan fritando seus ovos, preparando e saboreando seu café da
manga, enquanto os arranjos musicais se alternam de maneira sublime. O álbum já
seria único com essas duas músicas, mas ainda restam outras três, essas com uma
pegada bem mais acessível à ouvidos menos exigentes – “If”, com vocal de Roger
Waters e uma introdução com apenas violão que vai progredindo até seu clímax
com um solo de guitarra, baixo, bateria e piano, arranjo amplamente explorado
em discos posteriores como The Wall. “Summer ‘68”, com voz de Richard Wright,
com domínio dos pianos e seu famoso Órgão Hammond e arranjo de orquestra (mais
uma vez). Por fim, “Fat Old Sun” com vocal de David Gilmour tem uma melodia que
conquista logo de cara e mais um solo de guitarra memorável de mister Gilmour.
Um dos melhores álbuns da banda em minha opinião, pois capta toda a essência do
que o Pink Floyd sempre foi desde seu início. É possível perceber arranjos
“floydianos” em vários momentos.
Lista
das músicas lançadas originalmente:
1.
Atom Heart Mother.
2.
If.
3.
Summer ’68.
4. Fat Old Sun.
5. Alan’s Psychedelic Breakfast.
“If
I go insane, please don’t put your wires in my brain”, já
dizia Roger Waters na canção “If”.
Ficha
técnica:
David
Gilmour: voz, guitarra, violão;
Roger
Waters: voz, baixo
Richard
Wright: órgão, piano, sintetizador;
Nick
Mason: bateria, percussão.
Pink Floyd
– Meddle (1971)
O que dizer? O álbum que tem a faixa “Echoes”, que
sozinha, já quase justifica um álbum, com seus 20 minutos de duração. Teorias
dizem seria um som composto especialmente para o capítulo final de “2001 – Uma
Odisseia no Espaço”, o que sempre foi negado pela banda, mas, convenhamos,
parece ser “coincidência” até demais. A sensação, é de se estar transcendendo,
mergulhando em um vazio, desconhecido, abandonando tudo aquilo que se conhecia,
emu ma viagem sem volta, totalmente análogo a “Júpiter e Além”, da filmagem de
Stanley Kubrick / Arthur C. Clark. Sendo cada álbum, por mais particular, um
reflexo político e filosófico de cada época, além da busca incessante por novas
combinações sonoras, fazendo da experiência instrumental, algo tão poderoso
quanto os poemas que as acompanhavam…
Até mesmo a capa, que parece não ter sentido, se olhada com calma, parece um pouco com uma espécie de feto, de algo que não seja desse mundo, e com cores bem similares ao mais uma vez capítulo do filme de Kubrick. A tradução de "meddle", fica em algo como "intromissão", seria paranoia afirmar que tal "interferência" seria de uma força maior além de nós? Geralmente não acredito em ufologia, mas 2001 foi o tipo de obra que mais me deixou próximo a acreditar nisso, ainda mais quando peguei o livro para ler, cuja descrição de como seria o primeiro macaco pensante, que descobriria como se armar e liderar tudo, me pareceu altamente crível.
1. One Of These Days
2. A Pillow Of Winds
3. Fearless
4. San Tropez
5. Seamus
6. Echoes
Pink Floyd
– Relics (1971)
Acredito que a primeira coletânea do grupo,
no caso, do “novo grupo”, com Gilmor substituindo Barret. Embora,
"substituindo" seja uma palavra descolada nessa situação, já que a
coletânea é quase o álbum de 67 inteiro, que por sua vez, era quase autoral de Syd.
Uma curiosidade é que houve um tempo em que cometi a arrogância de achar que
conhecia todos os sons que eles tinham feito, quando lendo Hellblazer,
precisamente na questionável fase de Mike Carey, o personagem Chas cantava uma
música, e na nota do editor ela era "Paint Box", advinha só de que
banda... Ela é o track 05 desse material. Aqui há também de
"novidade" o track 07 "Careful With That Axe Eugene", uma
versão protótipo do que viria a ser "One my Turns" em The Wall.
O som havia sido composto originalmente para
um filme chamado "Zabriskie point", filme que vim conhecer através do
comentário do leitor Cleiton Gonçalves, no post sobre 5 filmes com Pink Floyd
na trilha sonora. Na época de lançamento desse vinil, pode ter sido uma
excelente oportunidade para quem havia perdido o primeiro, ou mesmo, que tinha
um certo saudosismo com o que a banda era originalmente, além de uma forma de
lucrar, foi uma forma de compensar. Hoje é bem mais fácil gostar de Floyd,
ainda mais quando se começa com "The Wall", acredito que se eu
estivesse vivo naquela época, certamente seria um dos descontentes, que ficaria
lembrando de Syd e xingando os "novatos". Com uma pesquisa rápida
adicional, também atestei que o track 10 foi lançado pela primeira vez nesse
disco, sendo tocado antes só em shows ao vivo.
1. Arnold Layne
2. Interstellar Overdrive
3. See Emily Play
4.
Remember a Day
5.
Paintbox
6. Julia Dream
7. Careful
with That Axe, Eugene
8. Cirrus
Minor
9. The
Nile Song
10. Biding
My Time
11. Bike
<FAIXA BÔNUS>:
Pink Floyd: Behind The Wall
Esse documentário pode ser enfadonho para quem não tenha uma certa familiaridade com a banda, eu mesmo desisti na primeira tentativa em assisti-lo, mas consegui assistir na segunda vez. Vale dizer que minha intolerância com filmes hoje em dia é maior, o que pode ter contribuído a isso, porém, boa parte da filhadaputagem controversa moral da ex-banda está exposta. Recomendo como uma forma de contextualizar melhor tudo isso, principalmente ao pessoal com menos de 30 anos de idade. "Lamento Roger, a banda se chama Pink Floyd, e não "Roger Walters and All Stars". Demissão de um empresário que apostou tudo neles, inclusive o emprego que tinha, abandono de um amigo de infância em situação terrível e egolatria suprema são só alguns dos temas.
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