10 relatos de nerd (+CCXP 2016)


Esse post será uma soma de várias ideias de posts que não iam vingar sozinhas. Vamos começar pelo mais chamativo, a CCXP 2016, se não me engano o maior, ou um dos maiores, eventos nerd da América Latina. Eu já havia ido no dia de sábado, no ano de estreia do evento, em 2014. Havia muitas filas, demais, eu fiquei cheio de dor no pé e acabei sentindo que não tinha valido a pena. Ano passado veio o Frank Miller, o que realmente me chama a atenção, mas não tinha ninguém pra ir junto comigo e eu estava trabalhando, então tinha mais chances de não dar certo de qualquer forma e é o tipo de rolê que você tem que se antecipar. Esse ano... TCHARAM! Frank Miller novamente! Eu tinha trabalhado e tirado uma grana há pouco tempo e já estava no final do semestre da minha faculdade, então... tudo parecia estar conspirando a favor. Eles diziam que poderia tirar fotos e autógrafos com o grande mestre. Moleque, eu faria todo o necessário pra isso! Comprei meu ingresso para quinta-feira, eu não me via num reflexo sem imaginar a foto com o Frank Miller do lado, haha! Mas eis que apesar de ano passado o Miller ter cobrado nada pra sessão de autógrafos, esse ano ele cobrou 200 reais! Detalhe, meu ingresso + ida e volta de condução = 155 reais. Ainda por cima começou e terminou a venda em quatro minutos, durante o horário que eu estava trabalhando pra conseguir o dinheiro pra poder conhecer o Frank Miller, então... nada de conhecer o Frank Miller.


Por que já contei tudo isso? Por causa das ideias de posts que não iam vingar. Eu tava planejando um "7 dias para conhecer Frank Miller", colocando crônicas de diferentes momentos da minha vida que tiveram alguma relação com as obras desse cara ou as influências que elas causaram. Mas bem, levando em consideração que eu nem conheci ele ia ser muita introdução pra nada, né? Mas nem por isso eu precisaria deixar de fazer um post sobre a Comic-Con, já que vi outras coisas lá. Então resolvi já juntar tudo e fazer 10 relatos nerds, algo que fiquei inspirado a fazer depois de me divertir muito vendo esse vídeo do canal do Youtube, Pipoca e Nanquim:


Vamos lá então, meus 10 relatos nerds, no meio eu enfio a CCXP 2016:


10.Eu sou nerd...?


Acho que foi na oitava série. Um dia lá eu estava conversando, talvez tivesse levado algum gibi emprestado pra um amigo meu, sempre fiz isso. Eu não lembro como a conversa se direcionou a isso, mas lembro que teve um momento específico que eu parei "Pera... eu sou nerd?". É engraçado, porque lembro que eu realmente notei isso. Quero dizer, quando você é criança todo mundo gosta de videogame, Star Wars, super-heróis e afins. De uma hora pra outra vão virando coisa de criança e legal passa a ser ir beber e fumar no show do Restart. Então tem essa transição, ao menos na minha época tinha, meio que você percebe. Tem aquele estereótipo do infeliz de séries e desenhos que tá sempre sendo perseguido, apanhando e tendo seus materiais da escola destruídos. Aí eu fiquei meio "Nossa... nunca imaginei que eu ia ser um nerd". E realmente... se fosse pra definir quem era nerd, eu seria muito mais que as outras pessoas. Eu não apanhava de ninguém, mas tava entre os que mais gostava do que eu gostava. Tinha muita gente que definia "nerd" como pessoa que procura se aprofundar no que ela gosta. Na época fazia sentido, hoje eu já notei que na verdade não faz sentido nenhum, mas isso fica pra depois.


9.Que merda é essa que eu tô lendo?!


Não só os cruel regulators smoking cigaro cigaro, eu também sempre tive o meu pai demonstrando enorme preocupação com meu bem-estar, explicando como era bom que eu tomasse cuidado pra não gostar tanto dessas coisas quanto eu gostava, ou eu podia acabar virando um NERD! Já pensou que coisa terrível? Ser uma pessoa que curte quadrinhos, mas... curte muito?! Caraca, assim você fode com a sua vida toda entrando nessa. Ele realmente dizia que eu podia acabar "virando uma dessas pessoas que só pensa nessas coisas". Tudo bem que tem gente abitolada e com dificuldades sociais que se refugia nesses entretenimentos. Mas caraca, estatisticamente até parece que tá cheio de centros de reabilitação de nerds, e nerdlândias onde os usuários de nerdices andam como zumbis quase sem esperança de regeneração...


Enfim, mesmo não ligando eu ficava com essas coisas na cabeça. Aí uma vez estava na gibiteca pública da minha cidade lendo HQs do meu herói favorito, o Homem-Aranha e... Bem, ele tinha que enfrentar um maluco sem camisa que pulava alto e metia umas bicas nele. Ele era um... homem-canguru que havia ficado estudando cangurus por muitos anos na Austrália, chegando ao ponto que de tanto fazê-lo ele já tinha absorvido as habilidades de canguru e agora as usava pra cometer crimes. Acho que eu nem li o gibi até o final, eu parei...


"Que isso que eu to lendo, cara?"


 Achei tão estranho... mas tão estranho... que fiquei uns 7 anos sem ler Homem-Aranha. Por uma época achei que tinha chegado o tal do momento em que eu ia ter minha evoluçãozinha saudável e parar de ler gibis. Brrrr...


8.Achava que havia só um nerd entre nós!


Uma vez eu estava almoçando numa praça de alimentação com minha namorada, eu tava quase dormindo com a cara na mesa, a gente tinha ido assistir um combo de cover de Linkin Park e Marylin Manson que teve no Dia das Bruxas e acabou bem tarde, eu tava morrendo de sono. Acho que era o "Hobbit 3" que ia sair, aquele da guerra entre cinco reinos, eu não queria ir ver porque achava chato e já tinha sido insuportável ver o segundo. A gente passou pelo pôster do filme, ela "Ai, o Hobbit! Eu quero ver!". Eu falei (com bastante cautela... porque os fãs de Senhor dos Anéis são bem apaixonados...) que achava aquele filme muito chato, eles podiam contar a estória mais rápido, mas ficavam andando sem parar. Até as árvores andavam, cara... E POR TRÊS HORAS! Aí em um intervalo enquanto mastigava ela soltou:

- Mas você já viu a filosofia do Senhor dos Anéis?
- Não...
- A filosofia por trás da história é muito boa u.u
- Como assim???
- Outra hora eu explico.
- Não. Você vai explicar isso agora. Qual é a "filosofia por trás do Senhor dos Anéis"?
Então comecei a lutar contra o meu sono pra prestar atenção naquilo, que eu realmente não esperava.
- Tem toda uma filosofia por trás. Ele defende que você deve dar mais valor às coisas simples e não se preocupar em acumular controle ou coisas materiais. É muito legal, essa história mudou a minha vida u.u
- Nossa, você leu o livro?
- Não, eu só vi os filmes.
- E como você sabe disso?
- Eu tinha uns amigos nerds que me explicaram.

Minha cabeça ficou meio bugada, eu não imaginava que ela entrava nessas viagens. Achava que eu era o "nerd" e ela era a "normal".



7.Tolkien, a religião


Acho que deve ter sido um ano depois, eu ainda não tinha lido o "Senhor dos Anéis" (até hoje não li) e havia um amigo meu que é pastor, e uma vez ele me convidou pra ir assistir o culto dele. Ele apresentava muito bem, mas o mais legal foi um momento que ele realmente fez paralelo dos ensinamentos de Cristo com "Senhor dos Anéis". Na hora eu lembrei do item 8 desse post, hahaha. E ele fazia um paralelo com "Nárnia" também. Cara, o da hora é que não ficou forçado, ficou extremamente natural! Haha, me surpreendeu, e é sempre bom fazer um link com tempos modernos. É como se todo mundo admirasse o Tolkien infinitamente por ter percebido algo que só eu não tinha notado! :o



6.Quem você tá chamando de normal?!


Tem uma loja na minha cidade (a saudosa Joker City) onde na esquerda eles vendem quadrinhos e produtos de RPG e na direita é um estúdio de tatuagem. Aí uma vez fizeram o lançamento de uma HQ independente lá, a "Mulheromem", com a presença do autor Hector Lima, dando entrevista ao vivo. Claro que como sempre que estão debatendo gibis chega o momento de falarem sobre como no Brasil ler gibis que não são da Turma da Mônica é tratado como se fosse uma religião super exótica e sinistra. Aí o autor enquanto discutia isso falou: "O público normal de gibis--" aí todo mundo soltou uma estranhada, uma mexida pra trás, como "???!!!". Aí ele explicou "não, normal eu quero dizer que tem o costume de ler sempre". Eu e um amigo meu começamos a dar risada, parecia que todo mundo tinha pensado: "Normal?! Quem você tá chamando de normal?!".



5.Estamos como os gays, cara


Na minha escola, antes do "The Big Bang Theory", quando os nerds ficavam praticamente separados por uma bolha de energia (penetrável por borrachas, bolinhas de papel e uma vez quase acertaram uma maçã na cabeça do meu amigo... ela estourou contra a parede... tinham jogado com força) uma menina que meu amigo era looooooucamente apaixonado abriu uma breve exceção na sua descolaridade pra falar com os nerds. Não lembro o que tinha rolado a princípio, mas lembro que chegou nela falando:

- Eu era nerd. Eu gostava de ficar jogando RPG, matando aqueles monstrinhos.
Uma amiga dela - Você é nerd, Amanda?
- Tipo, eu não sou, mas tenho nada contra.

Aí eu virei pro meu amigo e disse: "Ish, Bud. Estamos como os gays! As pessoas não são mas tem nada contra!"



4.Vocês não conhecem o Frank Miller?!



Aqui na minha cidade tem um barzinho que é o "bar nerd", tem até "nerd" no nome, que só não vou escrever aqui porque vou falar mal. Aí eles estavam com uma promoção que quem fosse de cosplay ganhava 20% de desconto. Ao invés de me vestir de personagem, eu peguei e me vesti de autor! Mas não qualquer autor! Eu fui Frank Miller! Comi umas batatas fritas e outras besteiras, aí no final pedi 20% de desconto por estar de cosplay. O cara falou que eu não estava de cosplay, que eu tava de cosplay de quem? Eu falei "ora, eu estou de Frank Miller". Ele não sabia quem era. Eu falei "Esse é o bar nerd e você não sabe quem é Frank Miller?". Ele virou no PC dele e pesquisou no Google "frank miller". Aí ele ainda ficou querendo desmerecer o meu cosplay super criativo, cara! Ele ficou perguntando "cadê a barba? Cadê o nariz?". Eu devia ter falado "eu tô fazendo cosplay não cirurgia plástica!" e barba??? É o Frank Miller, não o Alan Moore, não tem que ter barba. Ele ainda me deu o desconto e me chamou de cara de pau. Depois foi um amigo meu que tinha colocado aquelas orelhinhas de Spock e uma camisa azul com o símbolo da enterprise estava com

1.Óculos
2.Barba
3.Rabo de cavalo

E aquele atendente bazingueiro ainda veio puxar saco "você sim tá de cosplay!" Spock de óculos, barba e rabo de cavalo?! Eu pensei, "não tô acreditando nisso, cara!". Depois nós fomos pra uma praça habitada por caçadores de Pokémon Go procurar um casal de amigos que falaram que não tinham ido porque iam caçar pokémons, e nessa eu fiquei resmungando como aquele animal queria desmerecer meu cosplay porque não conhecia o Frank Miller. Meus amigos também não conheciam, o único que conhecia era porque eu tinha apresentado. Eu reclamei tanto que eles não aguentavam mais e sugeriram que a gente voltasse ao bar com eles me jogando pra cima gritando "Frank Miller! Frank Miller! Frank Miller!" e chegando lá me arremessassem na cabeça do poser.

Mas acabamos não fazendo isso.



3.Deixe o Alan Davis como último da lista


É sério. Pronto, vamos pra Comic-Con 2016. Eu levei dois encadernados da Salvat pra pegar autógrafo com o Alan Davis e realmente consegui. Um era "Quarteto Fantástico: O Fim", e outro "Capitão Britânia: Mundo Distorcido", com roteiro do Alan Moore. O do Quarteto eu consegui pegar autógrafo com o arte-finalista antes. Depois de pegar um autógrafo com o Bill Sienkwicz de "Elektra Assassina", eu fui pra fila de autógrafos com o Alan Davis.


Esse "To Douglas Best Wishes", com a assinatura em baixo é o autógrafo do arte-finalista de "Quarteto Fantástico: O Fim". Se você conseguir enxergar, logo abaixo há a assinatura do Alan Davis, se é que posso chamar isso de assinatura. Ele nem olhou na minha cara, eu ainda ia tirar foto ele literalmente foi autografando o gibi da outra pessoa na fila, a foto ficou horrível, eu vou usar ela pra nada nessa vida. Ou seja, um total descaso, eu não ia sentir falta se tivesse voltado pra casa sem ter pego autógrafo com ele, falta nenhuma. Pra você ter uma ideia, na hora que eu peguei eu achei que ele nem tinha autografado, só no outro dia de manhã que eu abri e enxerguei a "assinatura" dele. Por isso repito, se for pegar autógrafo com o Alan Davis, deixe ele em último lugar na sua lista de prioridades! Priorize qualquer outro artista! Se não tivesse perdido tempo com ele quem sabe eu tivesse dado mais sorte com...


2.Nunca jamais deixe de pedir autógrafo pro Azzarello


Já sabendo que não poderia falar com o Frank Miller, tirar foto ou pegar autógrafo, admito que me reanimei ao comprar o encadernado "Mulher-Maravilha: Direito de Nascença", cujo qual eu até analisei aqui:

http://ozymandiasrealista.blogspot.com.br/2016/11/mulher-maravilha-direito-de-nascenca.html

Relembrei como pra mim havia sido a melhor série da Mulher-Maravilha já feita (nunca li tudo, mas as mais famosas que eu li quase não fizeram frente) e essa é uma das personagens mais famosas que temos na pós-modernidade, mesmo sendo mais pela imagem em camisetas do que pelo conteúdo na prática. Ou seja? Esse gibi autografado pelo autor eu ia guardar pro resto da minha vida, com muita satisfação. Quando saí da Sala Cinemark de acesso limitado, onde haviam entrevistas com as celebridades (acordei às 3 da manhã pra conseguir chegar lá a tempo de entrar), a PRIMEIRA COISA que eu fiz foi caçar de todas as formas possíveis pelos meus sentidos onde estaria o Brian Azzarello (eu tinha acabado de assistir a entrevista com ele, e depois que ele saiu pela porta de trás eu já levantei e fui embora procurar a área de autógrafos). Eu procurei, procurei, procurei o nome dele nas placas, aí teve uma que eu achei "Bill Sienkwickz", desenhista de "Elektra Assassina", aproveitei pra entrar na fila, já que eu também havia levado Elektra.


Antes de chegar na imagem acima... Eu estava na fila e ao meu lado se aproximava... BRIAN AZZARELLO!!! Andando normalmente com pessoas parando pra tirar selfies com ele. Eu não acreditei! Eu tava na fila pro Bill, aí o Azzarello passando, eu saí do meu lugar dei uma corridinha lá pra ele "Hello sir!" cumprimentei ele, falei "I turned into a Wonder-Woman fan because of you/Eu virei fã da Mulher-Maravilha por sua causa!" ele "Oh, sorry" tirando sarro. Como vi que ele tava andando resolvi agilizar, perguntei por onde ele ia estar, ele disse o nome da área e falou que era às 5 horas. Eu tinha tempo, tinha mais de uma hora. Voltei pro lugar que eu tava na fila, ninguém tretou nem nada. Teve a foto acima, ainda havia tempo, fui no cara que tava logo do outro lado, o Alan Davis do item 3. Pensei, ok, a próxima prioridade era o Azzarello, não tinha Frank Miller mesmo, o que eu tinha era umas edições do Superman All-Star pro desenhista Frank Quitely. Eis que procurando o local do Azzarello achei onde estariam os dois ao mesmo tempo


TARAM! Tanto o Quitely quanto o Azzarello não iam ficar em mesas de autógrafos como... todos os outros. Não! Apesar disso não ter sido avisado previamente no site, eles ficavam em uma área reservada com acesso para autógrafos de número limitado. Apesar de eu ter descoberto isso uma hora antes do Brian entrar lá... o do Quitely já tinha passado e as senhas pro do Azzarello já tinham acabado. Isso tipo que me atingiu como uma martelada na testa. Claro que fiquei super frustrado e... não, não fica pra próxima. Levando em consideração que eu só comprei a princípio porque tava crente que ia poder conhecer o Frank Miller, as chances de eu ver o Brian Azzarello andando de novo são meio pequenas.

Eu pra mulher que dava as senhas


1.Como explicar que você viu o Frank Miller?


Bem, acordei às 3 da madruga, fui pra lá, cheguei em São Paulo às 6, esperei até meio-dia pra começar o evento e entrar na sala de acesso limitado. Primeiramente, eles dedicam o primeiro estande ao Renato Aragão, o Didi. Sem hipocrisia, eu realmente não dou a mínima pra o que o Didi faz ou deixa de fazer. Depois veio uma porrada de desenhista da DC, acho que quase todos eram brasileiros, a única exceção era o Paniquette que desenhou o "Mulher-Maravilha: Terra Um" do Grant Morrison. Eles ficaram falando sobre o que vai rolar com os gibis da DC pros próximos anos.


Depois veio o momento que eu tanto esperava, Frank Miller adentrou o palco. Caraca, era a chance de saudar pessoalmente um dos meus escritores favoritos (acho que só perde pro Alan Moore), e que não só eu adoro, como tenho certeza que vai ser referência até eu morrer, pois o que ele fez com o Batman e o Demolidor não foi brincadeira, uma habilidade de expressão artística rara de se ver. O auge do cara foi nos Anos 80 e há mais de dez anos ele faz nada tão notável, mas... não faz diferença não, já que o bom dele não foi "bonzinho", hehe, foi revolucionário. Brian Azzarello entra para compartilhar a entrevista, já que o foco são os 30 anos de "Batman: O Cavaleiro das Trevas", que a DC celebrou lançando uma sequência, com o subtítulo "Raça Superior". Pois bem, o que eles mais comentaram foi sobre a série, que ainda está em andamento, e após a fuga dos kryptonianos que viviam na cidade reduzida de Kandor, Batman e sua trupe terão que lidar com milhares de krpytonianos que se verão como a tal da "Raça Superior". E como Miller já deixou claro na sua obra original, o Batman não se dá muito bem com autoridades muito abusivas (como ele pegou fama de "batman fascista", juro que não sei explicar).


Já sendo a terceira sequência desse futuro extremo do Universo DC, eles comentam sobre a próxima geração de heróis. Falam sobre como o Batman vê a Carrie como alguém que será uma heroína ainda melhor que ele, já que pra idade em que está ela é muito mais inteligente que ele. E a filha do Superman com a Mulher-Maravilha tem que decidir se vai seguir mais pro lado amazona ou kryptoniana de sua herança, e eles comentam como o Superman escolheu ser um péssimo pai, 100% ausente. O Brian Azzarello não estava muito ativo durante a entrevista, chegou a acontecer de fazerem perguntas simples sobre a estória e ele ficar bastante tempo pensando sem responder. O cara é um escritor incrível, e há alguns como Alan Moore, Grant Morrison e Neil Gaiman que você vê entrevistas e eles revelam um intelecto tão fascinante quanto apontam ter nas suas obras. Talvez o Brian não tenha passado essa impressão por estar comentando apenas sobre a série de outra pessoa, não sei dizer pois nunca havia visto outra entrevista com ele. Já o Frank Miller, apesar de ter decaído fortemente em qualidade nas últimas duas décadas me passou uma impressão surpreendentemente positiva! Vou explicar porquê.


No reino da Internet o Frank tinha duas famas. "Cavaleiro das Trevas 2" foi tão ruim que ele pegou fama de pirado, porque quando lê aquilo (não precisa nem ler até o final) você conclui que o responsável deve estar com sérios problemas. O filme do Spirit e o gibi do "Terror Sagrado" só pioraram a situação, ele passou de pirado pra pirado xenofóbico. Aí ele ainda ficou terrivelmente doente, ninguém nem tem certeza do que era, além de pálido com o tempo ele passou a entortar, tanto a postura quanto o próprio rosto. Não era difícil ver gente dizendo que o Frank não passava de 2015. Bem, o que eu vi?

57 anos de idade na segunda foto. Lembre-se que o Stan Lee tem mais de 90.

Eu não estava tão perto, mas havia uma imagem ampliada no telão. Não dá pra dizer que enxerguei as rugas e pintas do cara, mas ele me pareceu bem melhor. Melhor que a imagem acima te dou 300% de certeza que ele estava. Como não sabemos a natureza do que o afligiu não dá pra fazer muitas previsões, mas foi um sinal bem positivo. E melhor que isso! Ele falava com muita lucidez, não parecia maluco não, de verdade. O entrevistador era funcionário da DC, então não houveram perguntas quanto aos trabalhos na Marvel (as marcantes passagem com o Demolidor e a Elektra...), mas ele perguntou o que o Frank pretende fazer pro futuro e... caramba! Pra um cara que parecia aposentado e quase morrendo, ele disse com toda a convicção do mundo que sempre há mais alguma coisa que você quer produzir. Cacete, ele tá pra fazer sessenta anos só, se seguir com essa mentalidade e ele não tiver falado só por falar é capaz que tenhamos muita mais coisa do Frank Miller pela frente do que esperávamos (afinal... esperávamos o enterro dele).


Ele falou que não quer fazer mais nada com o Batman, mas disse que gostaria de voltar pra "300" e "Sin City", dois trabalhos que produziu na Dark Horse. 300 provavelmente envolveria a estória do persa Xerxes, que no filme foi vivido pelo Rodrigo Santoro. A plateia estava extremamente apática e essas revelações não contavam com qualquer manifestação, sério, foi assustador e foi ficando cada vez mais. Talveeeeeez o pessoal não entendesse nada de inglês (o que duvido, já que a princípio, é um monte de NERD), mas acho que como naquela mesma sala ainda seriam entrevistados caras como o Vin Diesel e uma atriz da série "Vampire Diaries", talvez nem todo mundo estivesse tão interessado pelo cara que escreveu as melhores versões de Demolidor, Elektra, Batman e o que melhor escreveu Luke Cage e Mulher-Maravilha, todos personagens em alta. Mas é assim mesmo. Por mais que me desagrade não consigo deixar de admitir que HQs são consideradas o estrume da cultura pop. Indiferença perante o melhor escritor de HQs que poderia estar presente lá por tanta gente em um evento desse tamanho chamado COMIC(eu não disse só co-, eu não disse só -mic, eu disse Comic)-Con me deu certeza disso.


Quando o cara perguntou se havia outro personagem da DC que ele gostaria de trabalhar, ele também foi extremamente positivo falando que é um universo extremamente rico com elementos que às vezes as pessoas nem lembram onde estão, como os "Desafiadores do Desconhecido", grupo feito por Jack Kirby. O pessoal não batia palma nem nada, ficava aquele silêncio constrangedor, quando ele mencionou isso eu gritei "EEEEEEEEEH!", o entrevistador falou "It seems like we have a fan of Challengers of The Unknown here"/"parece que temos um fã dos Desafiadores do Desconhecido aqui". Depois o melhor, o entrevistador pediu pra eles falarem de um crossover que ele havia começado a discutir com o Azz. Ele disse que estavam considerando um crossover entre... 100 Balas... e Sin City.


Ficou o silêncio constrangedor. Eu coloquei as mãos em volta da boca e berrei: "DO IT!!!"/ "FAÇA ISSO!!!".

Um carinha que tava perto de mim também: "DO IT!!!"

Aí eu já do fundo da minha garganta:

"JUST DO IIIIIIIIIIIIIIT!!!" / "SIMPLESMENTE FAÇA ISSO!!!"

Acredite, eles me ouviram :)

Fiquei preocupado. O cara vai em uma Comic(eu não disse tele, eu não disse inter, eu disse Comic)-Con fala que tá pensando em um crossover desses e ninguém se manifesta, ele vai acabar achando que a ideia é ruim e desanimar... Tá loco, mano. Mesmo que aquele povo não falasse inglês, tinha legenda na tela e eles ficaram batendo bastante nessa tecla, e eu nunca tinha ouvido falar disso na Internet. O Miller disse que o título seria: "100 Bullets: Is That All You Got?"/"100 Balas: É só o que você tem?" porque seriam necessárias mais do que 100 balas pra derrubar os personagens do Sin City!!!

Realmente...
Ele também ficou devaneando (sem reação do público... cara, parecia que era um pesadelo) como queria fazer algo com os heróis da DC que tivesse um contexto histórico, no caso a Segunda Guerra Mundial. A Mulher-Maravilha representaria o front do Pacífico, o Batman o desenvolvimento bélico e o Superman a libertação de trabalhadores. Ele já havia comentado no passado que gostaria de escrever uma HQ em que o Super salvasse as pessoas que foram presas em campos de concentração, já que ele tem origens judias. E é isso. Levando em consideração que eu estava contando em conhecê-lo, tirar fotos e autógrafos, sem dúvida houveram conquistas e decepções também.


Mas como explicar que eu vi o Frank Miller? Bem, a maior parte das pessoas da minha geração parecem ter medo de pegar alguma alergia se ler um gibi, então fazem nem ideia de quem ele é. Então pra todo mundo que eu explico eu digo: é como se você fosse um fã de rock e fosse ver o Paul McCartney, fosse um fã de cinema e visse o Stanley Kubrick. É assim que eu me sinto sendo um fã de quadrinhos e tendo visto o Frank Miller. Mesmo com as decepções, pra mim foi uma questão histórica vê-lo em carne e osso, e melhor do que eu esperaria! Devaneando super de boa sobre ideias que gostaria de trabalhar! Cara! Foi uma honra! Assim como contei pra vocês, sei que ainda vou contar sobre esse dia pra muitas pessoas! Espero que tenham curtido o post!!!

"Eu queria resgatar a sensação que a DC Comics passava quando eu estava crescendo "

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