"Onde está a dor? Meus músculos deveriam estar massacrados, exaustos... E eu, incapaz de me mover. Se eu fosse mais velho, na certa estaria assim... Mas hoje eu voltei a ter trinta anos... Não, vinte. A chuva em meu peito é um batismo. Eu nasci outra vez. "
Olá, pessoal. Aqui quem escreve é o Douglas Joker. Assim como homenageamos "Watchmen" meio em cima da hora, eu fui percebendo que já estava acabando o tempo para fazê-lo com outro clássico de 86, "Batman: O Cavaleiro das Trevas". Afinal... já estamos em novembro. Assim como com "Watchmen", minha ideia era fazer um post todo "diferentão", mas to vendo que não vai dar tempo, então resolvi unir forças com nossos colaboradores para deixarmos uma série de depoimentos quanto à experiência que tivemos com a estória. Desde já queria agradecer a todos que colaboraram enviando seus depoimentos.
"O Cavaleiro das Trevas" foi uma minissérie publicada em 4 partes entre fevereiro e junho de 1986. Frank Miller, desenhista e escritor, já chamava atenção com Ronin e sua inacreditável revolução nas mensais do Demolidor, da Marvel. De certa forma já haviam vários outros nomes tornando as HQs mainstream mais adultas, sendo um dos principais o Alan Moore, mas Miller também foi um dos mais importantes. Ele já o fazia no Demolidor e no Batman prosseguiu desconstruindo a imagem infantil das estórias e as tornando mais sombrias, realistas, reflexivas, de forma geral; mais pesadas e complexas. Na época era possível sentir nas mãos que era uma HQ diferenciada, pois já tinha mais que o dobro de páginas que as mensais comuns. Apesar de ser a grande mente por trás de tudo, Miller também contou com colaboração de velhos colegas como Klaus Janson e Lynn Varley. Esqueça (para sempre?) o Batman pançudo e engraçadinho do Adam West, aqui Bruce Wayne tem 50 anos e tem que lidar com crises morais e existenciais. Vale a pena lembrar que no mesmo ano estava saindo "Watchmen", "Maus" e "A Queda de Murdock", mas... cá estamos. Hoje resolvemos homenagear "O Cavaleiro das Trevas". E correndo... antes que o ano acabe, hehe.
Ney Bellas, do Memória Nerd
"Lembro quando saiu o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller, talvez pela propaganda, ou expectativa de fã, sei lá. Foram seis edições, se não me engano, e foi tremendamente doloroso aguardar a chegada do próximo número. Nunca antes, eu havia lido algo tão denso e complexo. Somente anos depois, consegui absorver melhor aquela história com todas as referências e indiretas. Foi incrível! Desde então, já li muitas outras revistas e já conheci excelentes roteiristas, mas Batman: O Cavaleiro das Trevas, sem dúvida nenhuma, marcou a vida de todo fã de quadrinho. Eu me senti respeitado, levado a sério. Não era uma historinha para crianças, era algo denso que fazia pensar e provocava emoções verdadeiras. Um misto de excelente livro com um filme fantástico. Bem, pelo menos é assim que me lembro!"
ANT, do MEGABLOG
"Batman: O Cavaleiro das Trevas é uma das mais importantes histórias em quadrinho de todos os tempos. Quando eu comecei a ler só queria saber o que estava acontecendo, me situar melhor. A medida que a história progredia os personagens já conhecidos apareciam de maneira que eu não esperava. Duas-Caras de uma forma que parece familiar no começo, mas logo se prova bem diferente, sem falar no Coringa ou no próprio Batman. Estão todos velhos e eu via como um futuro certo para aqueles personagens que eu já conhecia, ao mesmo tempo em que eu me surpreendia.
Batman: O Cavaleiro das Trevas são aquelas raras histórias de futuro que parecem tão condizentes com as histórias normais dos personagens que eu pessoalmente nem pensei duas vezes antes de a tomar como oficial. "
Roger, do Planeta Marvel/DC
"Atendendo mais uma convocação (na verdade, foi um convite amigável...rs) do Douglas Joker para mais uma homenagem – os 30 anos de Batman, o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller. Assim como fiz com Watchmen, dessa vez também, apenas contarei como foi minha primeira experiência com essa minissérie, sem fazer muita análise da obra em si.
A Abril ainda estava começando a publicar Crise nas Infinitas Terras em suas revistas mensais e até então, minha visão do Batman era a da série dos anos 60 e da primeira série que a própria Abril lançou em 1984, ou seja, nada de Batman Ano Um, ou qualquer outro material mais sombrio. Quando comprei a edição #1 de Cavaleiro das Trevas, em 1987, confesso que fiquei meio perdido, pois na minha falta de mais conhecimento, não entendia que se tratava de um futuro alternativo. Nomes como Jason Todd ainda era novidade. Mas, quando decidi ler pra valer, sem me preocupar com cronologia e sim apenas com a história, acabei sendo transportado para esse mundo sombrio, urbano e violento da Gotham do futuro, sem o Batman.
Meus olhos arregalavam ao ver o visual amedrontador da gangue dos mutantes, ou do Batman quebrando a tudo e a todos. Vi como é possível criar um novo personagem para substituir um herói conhecido de maneira crível e aceitável (no caso estou falando sobre a Carrie Kelley se tornar a nova Robin). E fiquei embasbacado ao ver o combate final entre Batman e Coringa. Até então, não fazia ideia do potencial do Batman para histórias tão cruas e reflexivas. Foi com essa história que eu percebi que Frank Miller não foi apenas mais um caso de 'sorte de principiante' com seu trabalho em Demolidor."
André Luz, do Esmiuçando a Cultura Nerd
"Quando 'Batman: O Cavaleiro das Trevas' foi lançado pela primeira vez no Brasil, em 1987, eu tinha somente 14 anos e dependia, ainda, financeiramente do meu pai, então terminei não conseguindo adquirir aquelas três edições que lançavam luz sobre uma nova visão do Batman.
Dois anos depois, ele completava 50 anos, tinha um filme sendo lançado, edições especiais e a Abril decidiu lançar novamente 'Batman: O Cavaleiro das Trevas' em uma edição única, encadernada. Eu, nessa época, já trabalhava como office-boy e tinha meu dinheirinho, o que permitiu uma certa independência para comprar essa edição e poder ter o prazer de desfrutá-la.
Ao abrir a edição e ler todas as suas páginas, percebi o motivo de todos dizerem que ela era única. Não tinha nada a ver com aquele Batman que estava acostumado nos quadrinhos e nem na série de TV. Ele era mais violento e determinado, mais velho e objetivo. Ele encarava a todos, até mesmo o Super-Homem, sendo um verdadeiro Cavaleiro das Trevas, e não o Cruzado Encapuzado. Ele era um vigilante, um justiceiro, e não um mero combatente do crime, um 'super-herói' – termo que nunca achei que combinasse com o personagem. Não tinha o Robin tradicional, mas sim uma menina que fez o próprio uniforme e usava um óculos como máscara. Quem era o Duas-Caras? Por que o Coringa usava batom? Mulher-Gato cafetina? Mutantes para mim era uma banda? Filhos do Batman? Foi chocante e motivante ler algo totalmente diferente e complexo, me mostrando que o Batman ia além do pequeno conceito que estava acostumado. Hoje todos consideram como o marco dos quadrinhos, ao lado de Watchmen, e sempre concordei com isso, pois mudou minha forma de ver um personagem que eu era um enorme fã."
Ozymandias_Realista, dono do barracosite
Bem, eu gostaria de contar uma intricada história de origem acerca de como esse quadrinho chegou nas minhas mãos, e se tornou, segundo o meu critério, o segundo melhor gibi de todos os tempos, perdendo “apenas” para Watchmen, mas ai, eu estaria mentindo, mitificando esse macaquinho herege que vós fala.
O que aconteceu, eu falo abertamente: quase toda a minha vida eu achei o Batman, e a DC uma piada, e nada além disso. Como Marvete fanático, do tipo que não reconhecia gibis que não fossem da Marvel, eu só haveria de vir ter um mínimo de respeito por Bruce Wayne após assistir Batman Begins já em 2008. Mesmo ano que saiu também o “Cavaleiro das Trevas”, mas verdade seja dita, eu detestava tanto tudo, que não gostei a principio nem do Coringa, vilão que eu considerava um dos piores de todos os tempos. Mas a visão dos envolvidos no filme, me fizeram rever alguns desses conceitos. Em 2012, tive meu real “Boom da DC”. Em 2009, eu havia entrado de cabeça nos materiais da Vertigo, mas ainda tinha receio de entrar no universo DC em geral. Achava tudo muito estático, vago, via no Super-Homem um personagem poderoso mais do que devia, sem nenhum carisma, e a Mulher-Maravilha “um gibi pra mulherzinha”. Mas, em 2012, após assistir a pré-estréia de “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, algo tinha se destravado ali. Para se ter uma ideia, eu assisti ao filme, e saí da sessão quase 3 da manhã, com um amigo meu. E só fui dormir, acredito que umas 11 da manhã, ainda com o filme girando, e girando dentro da minha mente, conversando comigo mesmo tentando entender todos aqueles conceitos (que depois, seriam zombados pela maioria, após o lançamento de Vingadores 1).
Após a decepção inicial, ao ver que das páginas, Batman não usava armadura, não tinha um Alfred tão bem desenvolvido quanto Michael Caine, ou a trinca de adversários Ras Al Guh, Coringa, e Bane tão brilhantes como no filme, fui me acostumando com aquele universo, fui lendo os “clássicos”, em determinados casos, relendo, como o caso de “Piada Mortal”, e achando novos sentidos. Quando dei por mim, já tava com 40% da minha coleção virtual só pautada no Batman... Mas, nada de ler Cavaleiro das Trevas. Ao “folhear” o scan, detestei de primeira os desenhos, e o velho resquício de Marvete gritou “olha esses mutantes, tudo com o visor do Ciclope, lixo”. Até que me convidaram a assistir a animação... Outro golpe. Benéfico, mas ainda um golpe. Após a primeira parte da animação, eu já estava decidido, que não se tratava de um material para ler em scan, era algo que eu DEVERIA TER. E tive, semanas depois, pelo valor de 60 R$ pela internet, ainda na encadernação da Abril, e posteriormente, a “definitiva” da Panini.
Não tinha mais volta, eu tinha entrado no universo DC de modo perpetuo. É inevitável. Bem como visto na figura do Batman, nas mãos, e no agora traço perfeito, a história definitiva sobre um vigilante em um futuro distópico, que servirá de referencial para os meus netos, como uma das maiores obras de arte já feitas. Apenas leia ela, tentando respirar todas as 200 provocações políticas filosóficas a cada página, veja as dezenas de metáforas que Miller deixou no “combate de titãs” que é tido como “clímax” do conto. E no fundo, após a leitura, um tanto inquieto, observe com calma aquele mundo, aquele modo de agir de todas as estruturas, e observe pela sua janela o “seu mundo”, e questione-se com sinceridade, se tudo o que acabou de ler foi apenas uma ficção escapista.
Almofadinha, do Batman Antologias G+ te traiu, haw haw haw
Meu contato com a história O Cavaleiro das Trevas-I foi na minissérie em 4 edições pela ed.
Abril publicada em 1987, que trazia o selo “edição especial de luxo” (já que
até ali a editora não tinha lançado no mercado o formato americano com capa
cartonada e papel offset), todavia só conhecido por mim nos idos de 1996, então
com 10 anos de idade, uma criança querendo ser adulta. Reli em 2002, com 16
(pelo lançamento da parte-II), em 2012, com 26 (pelo lançamento do omnibus
definitivo da Panini). Posso falar então de 3 leituras diferentes de O Cavaleiro das Trevas, sendo a terceira
a mais próxima da grandiosidade da obra. A leitura infantil foi obtida num
sebo, comprada a R$ 12,00 com grana do lanche escolar (tempos em que gibi era
coisa de otário que gasta dinheiro com super-heróis de papel); estava
familiarizado com o Batman do Neal Adams nas minhas Superamigos e o do Norm Breyfogle na 3ª série do mix mensal, mas
não estava com o do Frank Miller, num traço sujo, grosseiro, sombreado, expressivo;
estava acomodado com uma caixa de texto que narrava a história toda pra mim, e
não com uma caixa de texto contendo várias vozes narrando a história, cada qual
em sua perspectiva. Aquilo era muito elevado para minha óptica de criança,
porém a história em si atendia aos meus adultos e exigentes anseios literários,
já incitados pelas prévias histórias sombrias do Batman de Dennis O'Neil com
Neal Adams nas minhas revistinhas da Superpowers
ou das Superamigos. Li as 4 edições
de uma só sentada de bunda, como quando se assiste a um filme ininterrupto na
sala de cinema. A leitura adolescêntica foi uma revisão que fiz para conectá-la
a O Cavaleiro das Trevas-II, uma
frustração. Para mim eram duas coisas diferentes, sendo a segunda abaixo da
primeira, o que soou àquela mente púbere como um tipo de Novo e Antigo
Testamento, com o Novo (TDK-I) permanecendo incólume, mais sofisticado do que o
Antigo (TDK-II). O positivo foi ter prestado melhor atenção às nuances de O Cavaleiro das Trevas-I, coisa só
possível com a maturação da idade – e por isso defendo, certos acertos só vêm
com a idade –, como a profundidade do roteiro e a influência da obra no legado
do Homem-Morcego. A leitura adulta foi um revisionismo da leitura
adolescêntica, agora com o olhar apurado, com um acúmulo de leitura digno à
obra. Ao tocar a “versão definitiva” da graphic novel, minha primeira edição omnibus,
a excitação que senti ao manusear aquele produto me reportou à sensação
primeira de tocar a minissérie em 4 edições de 1987 nos idos de 1996... Uma
emoção pura, genuína, tão íntima que escrita alguma pode reproduzir; deixei de
lado a leitura técnica e racional, dei vez à leitura contemplativa e afetiva,
como quem visita a casinha da infância, como quem viaja de volta a um lugar
marcante, que nem grandes amigos que se reencontram para falar de saudades e do
presente. Frank Miller me oportunizou tudo isso, coisa que poucos autores da
alta Literatura universal conseguem fazer a um leitor, e por isso O Cavaleiro das Trevas se estabeleceu
dentro em mim como a obra-prima dos quadrinhos, porque foi a única que
conseguiu me levar ao êxtase, ao estado de graça – propósito de toda a arte –
por todos os aspectos, desde o estético, passando pelo técnico, até repousar
sobre o que é mais íntimo no leitor, a memória afetiva.
Douglas Joker, de Gotham City
"Quando eu nasci já havia o clássico compilado dentro da minha casa. Em outra geração um amigo do meu pai curtia HQs e fez questão de emprestar pra ele a melhor de todas para que ele conhecesse também. Comprovando mais uma vez que tem gente que não lê gibi de jeito nenhum, hoje já faz pelo menos mais de 22 anos que meu pai não leu o gibi mesmo o amigo tendo feito questão de emprestar. Ele teve um bat-filho (eu!) que era fã de Super Amigos, desenhos da Warner e os filmes que passavam na TV, além de um ou outro jogo ou gibi que me compravam de vez em quando, como 'Vigilantes de Gotham'. E eu tinha aquela HQ com a capa que colocava os dois maiores heróis da editora DC se enfrentando dramaticamente. Bem, eu achava ridículo pois o Batman nunca venceria o Superman, mesmo com espinhos e uma metralhadora... Quando abria, os desenhos do Miller eram feios, uma página ou outra eu via o Batman, mas mais nada que me chamasse mais atenção como Charada e cia. Quando via um personagem que eu conhecia, como o Coringa, não estava chamativo também, se apresentava de uma forma adulta que parecia até maliciosa. Hoje sei que realmente há malícia e altas ironias nos próprios desenhos do Miller, maaaaaas... na época eu não estava interessado nisso. Preferia ver 'Batman: A Máscara do Fantasma', em que o Coringa metia uma bica no cachorro robô e ficava se equilibrando em cima do trem em movimento. Comportamentos imprevisíveis que já iam fazendo dele um dos meus personagens preferidos, hehehe.
O gibi nunca sumiu, eu continuei lendo HQs como... nunca deixei de ler (e continuo sem entender a lógica de não ler gibis de jeito nenhum, nenhum, nenhum porque não), mas continuava nada me atraindo muito além da capa no CDT. Mas foi quando eu já era adolescente e tinha mais independência pra procurar as coisas que gostava por mim mesmo que fui procurando HQs do herói que eram mais vistas como boas referências, entre elas 'Long Halloween', 'Gothic', e 'Arkham Asylum'. Claro que não demorou para eu dar outra chance ao famoso 'Cavaleiro das Trevas'. Engraçado como o que eu achava uma bosta se tornou minha HQ preferida...
Era muito carregado de temáticas, ideias e sentimentos diferentes. A HQ te passava uma tremenda energia e não precisava chegar nas batalhas derradeiras contra o Coringa, o líder Mutante ou o Superman pra isso. Não! O Bruce Wayne sendo atormentado pelo retorno de seu alter-ego, de seu persona mítico que vem de dentro dele. Meu Deus, logo no início você já tem aquela sensação de que aquilo é um trabalho de absoluta qualidade sim e quem cisma que é um entretenimento descompromissado só pode estar pirado na batata! Frank Miller como o mestre que era me mostrou como os quadrinhos devem nada pra nenhum outro meio artístico... É difícil lembrar de obras tão completas e que são tão bem narradas em qualquer campo.
Reli algumas vezes essa série e praticamente com a mesma empolgação original, o que... é incrível. Hoje conforme os anos passam continuo notando mais e mais como a obra é rica. Por exemplo, recentemente li sobre a militância que o escritor e cientista Carl Sagan fazia contra o programa de defesa dos EUA proposto pelo Reagan usando bombas nucleares, pois havia calculado que a fumaça da destruição de apenas 100 cidades já levantaria tanta poeira que o bloqueio dos raios solares já poderia ser o bastante para dizimar as nossas vidas: o inverno nuclear. Vendo isso lembro de mais um inteligente detalhe do Cavaleiro das Trevas, quando Superman impede a bomba nuclear de atingir uma área habitada mas depois fica quase destruído por não poder absorver seus poderes dos raios de luz do Sol amarelo.
'Para que as histórias com super-heróis tenham força, elas devem estar fundamentadas em algo real' disse o mestre certa vez. Duvido que ele previsse todo o sucesso e revolução artística que causou no século passado, mas sei que Miller acreditava no que fazia e o levava a sério, o resultado temos aí, até hoje em várias bancas e livrarias."
Reli algumas vezes essa série e praticamente com a mesma empolgação original, o que... é incrível. Hoje conforme os anos passam continuo notando mais e mais como a obra é rica. Por exemplo, recentemente li sobre a militância que o escritor e cientista Carl Sagan fazia contra o programa de defesa dos EUA proposto pelo Reagan usando bombas nucleares, pois havia calculado que a fumaça da destruição de apenas 100 cidades já levantaria tanta poeira que o bloqueio dos raios solares já poderia ser o bastante para dizimar as nossas vidas: o inverno nuclear. Vendo isso lembro de mais um inteligente detalhe do Cavaleiro das Trevas, quando Superman impede a bomba nuclear de atingir uma área habitada mas depois fica quase destruído por não poder absorver seus poderes dos raios de luz do Sol amarelo.
'Para que as histórias com super-heróis tenham força, elas devem estar fundamentadas em algo real' disse o mestre certa vez. Duvido que ele previsse todo o sucesso e revolução artística que causou no século passado, mas sei que Miller acreditava no que fazia e o levava a sério, o resultado temos aí, até hoje em várias bancas e livrarias."
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