"Meus pais morreram quando eu era pequeno. Mal me lembro deles... Mas me deixaram com o irmão do meu pai, Ben, e sua esposa, May. E ninguém nunca mencionou irmãos, nunca."
Ouvi falar dessa estória há uns bons anos, quando ela foi anunciada e eu postei a notícia no meu blog. O Homem-Aranha viajaria pelo mundo em uma aventura contra o Rei do Crime e nessa ele descobria que tinha uma irmã. Foi publicado recentemente no Brasil e ainda pode ser encontrado por R$23,90. Um dos co-roteiristas é um dos meus favoritos, o grande Mark Waid. Mesmo assim eu adiei tanto ler essa graphic novel por dois fatores que cobriram a atenção que dou ao Waid. 1.As estórias do Aranha tavam mal das pernas e não é de hoje. 2.Ah, uma irmã pro Homem-Aranha? Fala sério...
Mas Mark Waid continua sendo um fator positivo bem considerável e... enfim, ele ganhou, eu li a estória. O design do encadernado é bem bonito e há uma introdução bem otimista. Quem escreveu essa introdução foi o... Dan Slott... E eu não dou muita moral pra ele não, então não chegou a mexer muito com as minhas expectativas. Tanto quanto promete a sinopse, a graphic novel já começa de forma bem tranquila, sem alguma introdução grandiosa. O Rei do Crime fica um pouco de lado enquanto Peter entra em contato com Teresa, que pasmem, afirma ser filha de Richard e Mary Parker, ou seja... ELA É IRMÃ DO HOMEM-ARANHA!
Você então verá uma aventura de 007 ou Indiana Jones protagonizada pelo Homem-Aranha. Peter e Teresa vão viajando pelo mundo para decifrar o mistério relacionado ao seu parentesco enquanto são perseguidos por soldados mercenários de intenções esfumaçadas. O desenrolar não conta com nenhuma conspiração muito mais complicada, é uma verdadeira mistura entre uma estória convencional do Amigão da Vizinhança com as estórias do Jason Bourne. Conforme vai engrenando dá pra notar que o Waid e James Robinson capricharam em dois pontos do protagonista: Primeiro, as habilidades dele lutando nas sequências de ação; segundo a personalidade sarrista do personagem.
Como fica claro na imagem acima... as ilustrações não são mole. São cerca de 100 páginas, consideravelmente suaves de ler, demora nada. Mas o verdadeiro deleite está nos desenhos. Werther Dell'Edera desenha bem pra caramba, já é digno de estar na graphic novel. Eis que... quem cuida dos pincéis é Gabrielle Dell'Otto e, cara, o trabalho com as cores é S-E-N-S-A-C-I-O-N-A-L. Sei que dá pra ver pelas imagens, então não vou enrolar muito. Cara, tem partes que chegam a lembrar o Alex Ross. Acho que fica claro a qualidade do negócio, né? Só de dar uma folheada nas páginas já chama a atenção. Eu até já tinha visto alguns trabalhos dele, mas sem saber que eram dele.
As estórias que exploram os mistérios dos pais falecidos do Homem-Aranha fogem um pouco das tramas mais recorrentes do personagem. Elas costumam ser ou amadas ou odiadas, já que a origem do personagem foi feita de forma bem simples, complicar muito às vezes corre o risco de uma descaracterização. Aqui não é o caso, é simples e bacana de acompanhar, como eu falei, lembra as estórias do Jason Bourne e as ilustrações fantásticas ainda passam uns flashbacks bem bacanas dos pais do Peter como agentes da C.I.A., há umas referências que vão agradar aos fãs antigos da Marvel. Bem, quanto à trama, não dá pra não dar uma atenção especial tendo o nome do Mark Waid na capa. Pra quem não sabe, ele escreveu "Reino do Amanha" e fases super cultuadas do Flash, do Superman, do Quarteto Fantástico e, mais recentemente, do Demolidor. Aqui a trama é a mais simples possível. Se o teor não fosse meio diferente por se tratar especificamente do Homem-Aranha, daria até pra chamar de "clichê". Há nenhuma surpresa muito grande, o roteiro não chega a ser extremamente óbvio, mas dá pra dizer que é bem previsível.
Mas... concluindo eu dou Nota 8,0 para essa graphic novel. Por que? Ah cara, ela é divertida, vale a experiência. O roteiro simples é ressaltado apenas por ter o Waid envolvido. E mesmo assim, a narrativa é super competente, ou seja, tem nada de errado, ele escreve bem pra cacete, só não é um roteiro ambicioso. De sobra há as pinturas incríveis, o que realmente chama a atenção, um trabalho digno de nota. Como fã do personagem, você realmente não deve ler "Negócios de Família" esperando algo que vá mudar sua perspectiva sobre o Homem-Aranha ou adentrar seu Top 10. É nada disso. Mas vale a pena, repito que é bem divertido e a narrativa é competente. Há todo um tom cinematográfico que inclusive supera alguns filminhos vergonhosos que já tivemos do aracnídeo, daria uma ótima animação, de verdade.
Mark Waid chegou a vir na Comic-Con XP de São Paulo, ano passado. |
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