Não sei muito bem como começar, então pra ir logo vou explicar de onde surgiu o interesse pelo tema. Em coisa de 2010 assim, até 2013, um dos maiores ícones do Heavy Metal estava passando por uma transição que também não deixou de ser icônica. O vocalista do Black Sabbath estava velhinho, que nem o seu pai ou o seu avô (ou você, mesmo sendo mais improvável). E ele continuava sendo o Príncipe das Trevas, só que velhinho! Isso nunca havia acontecido antes, porque o movimento de bandas de Heavy Metal; que acabou puxando o black metal, o gótico, o emo e tudo mais de sinistro e obscuro pra um dia a dia tolerável (sem estar em um filme de terror ou sendo queimado em uma fogueira) começou nos Anos 70, basicamente. Então... era a primeira vez que tínhamos algo como um "Ozzy Osbourne velhinho", um "Ozzy Osbourne vovô". Afinal, por trás de todo o tabu que criam, a maior parte dessas pessoas são afinal... pessoas. Não tem poderes mágicos, a sua única magia se encontra no poder de comunicação de suas músicas. Eles envelhecem como todo mundo; o Queen, o Alice Cooper, o AC/DC... Todos enrugadinhos e ainda doidos. E o Ozzy era tranquilamente o mais legal. Apesar da novidade dele estar velho, ele havia lançado o bem recebido álbum "Scream" com uma formação totalmente nova na parte instrumental, e nos anos da turnê começou todos aqueles cochichos quanto ao retorno do Black Sabbath...
E... terminando a introdução... depois disso o britânico se tornou "dispensável"; da forma mais simpática possível, é claro. Com quase 70 anos, o homem já fez bem mais do que se esperava, mas toda aquela empolgação quanto ao que o envolvia, dá pra dizer que tinha passado. Então achei interessante refletir sobre esses anos, quando um idoso era um monstro no meio do entretenimento, trazendo holofotes quanto a tudo que fazia. Então vamos por partes, que ninguém come um morcego de uma vez.
A banda de Birmighan, fazendo aquele blues esquisito e barulhento de maluco, era formada por quatro indivíduos, todos muito talentosos à sua maneira. Na época é capaz que muitos acreditassem que as letras de terror contassem com colaboração do Ozzy, mas elas vinham quase 100% da criatividade do baixista: Geezer Butler. O sujeito era bem intelectual, adorava ler livros de física, filosofia, aventuras de ficção e coisas do tipo que resultavam nas tantas letras existencialistas, extremamente viajadas e com uma tremenda crítica pesada. Logo o primeiro álbum já contava com faixas como "Wicked World".
The world today is such a wicked thing
Fighting going on between the human race
People give good wishes to all their friends
While people just across the sea are counting the dead
A politician's job they say is very high
For he has to choose who's got to go and die
They can put a man on the Moon quite easy
While people here on Earth are dying of old diseases
A woman goes to work every day after day
She just goes to work just to earn her pay
Child sitting crying by a life that's harder
He doesn't even know who is his father
Ou seja, nos Anos 70 as pessoas já estavam prestando um pouco mais de atenção no que Ozzy Osbourne cantava, mas não eram necessariamente palavras da cabeça dele. De qualquer forma deu tudo muito certo, até o lançamento do álbum "Never Say Die!" (1978) que levou à separação da banda. Essa separação se manteve por algumas décadas. Enquanto isso cada um fazia os seus trabalhos. O Ozzy começou com...
Aqui, em 1980, começa a vindoura carreira solo. Agora Ozzy estava por conta própria? Mais ou menos... Além de Sharon, a empresária que era filha do empresário do Black Sabbath, o Príncipe das Trevas tinha um bom exército.
O famoso Randy Rhoads, unido a Bob Daisley, Lee Kerslake e é claro... Ozzy Osbourne. Adivinha quem cuidou de muitas letras? Exatamente... não foi o Ozzy. Grande parte do que ouvimos foi escrito por Bob e Lee, o baixista e o baterista, respectivamente.
Crazy, but that's how it goes
Millions of people living as foes
Maybe it's not too late
To learn how to love
And forget how to hate
Mental wounds not healing
Life's a bitter shame
I'm going off the rails on a Crazy Train (x2)
Let's go!
I've listened to preachers
I've listened to fools
I've watched all the dropouts
Who make their own rules
One person conditioned to rule and control
The media sells it and you live the role
Mental wounds still screaming
Driving me insane
I'm going off the rails on a Crazy Train (x2)
I know that things are going wrong for me
You gotta listen to my words!!!
Heirs of a Cold War
That's what we've become
Inheriting troubles, I'm mentally numb
Crazy, I just cannot bear
I'm living with something, that just isn't fair!
Mental wounds not healing
Who and what's to blame???
I'm going off the rails on a Crazy Train (x2)
Letras com pegadas extremamente existenciais como "Crazy Train" ou "I Don't Know" não têm (ou ao menos não deveriam ter) os créditos principais ao frontman Ozzy Osbourne. Mesmo assim, aqui ele trabalhava um pouquinho com seus novos parceiros, como "Goodbye to Romance" e "Suicide Solution". O que vemos é uma continuação da qualidade, pois logo os dois primeiros álbuns (Blizzard e "Diary of a Madman") contaram com letras incríveis! Fosse quanto à sentimentos humanos, viagens inconscientes, problemas do meio-ambiente, insanidade ou até homenagens à personagens da História, como "Mr. Crowley", eles só fizeram clássicos. Mas em pouco tempo Randy Rhoads morreu em um acidente de avião, e os outros membros da banda foram demitidos por causa de divergências, aí vamos para o uivado ao luar...
O baixista Bob Daisley chegou a gravar o "Bark at the Moon" (1983), mas em "The Ultimate Sin" (1986), todos os membros já haviam sido substituídos, com exceção do vocalista. O novo guitarrista Jake E. Lee marcou território, mas não se deu muito bem com o Madman, saindo logo depois e nunca mais fazendo trabalhos junto com Osbourne ou mesmo soltando qualquer palavra muito boa em relação à ele. Porém, uma boa parte dos fãs acompanharam o trabalho dele que rolou um pouco depois, com a banda "Badlands". Enfim, nessa época já era muito bem recebido quando Ozzy lançava algumas coisas bem pessoais, como "So Tired", que fala do seu divórcio, mas muita coisa marcante, como "Shot In The Dark", que levanta questões de vida após a morte e reencarnação acabaram não sendo muito creditadas a outros dos seus responsáveis. Mas no fim, o que as pessoas sempre estavam ouvindo?
Ozzy Osbourne
No final dos Anos 80 com o início dos 90, a formação mudou toda de novo, inclusive entrou Zakk Wylde, futuro fundador do "Black Label Society" e que quase substituiu o lendário Slash na separação do Guns 'n Roses. O moleque era fraco não. Os dois se deram muito bem como dupla, se mantendo juntos quase sempre até meados de 2009, depois do lançamento de "Black Rain" (2007). Em 1991, eles lançaram "No More Tears", um dos álbuns com faixas mais marcantes e também considerado um dos mais comerciais, pelos próprios membros da banda. Nessa mesma época, quem se encontrava em uma excelente fase era o Motörhead, banda onde se encontrava o hoje falecido Lemmy Kilmister. Lemmy e Ozzy já eram amigos de longa data, e em uma dessas Ozzy pediu para que Lemmy escrevesse umas letras pra ele, uma inclusive sobre como ele se sentia quanto à sua mulher e empresária, Sharon Osbourne. Resultado? Lemmy em pouco tempo entregou:
-Mama I'm Coming Home
-I Don't Wanna Change The World
-Desire
-See You On The Other Side
-Hellraiser
Esses são alguns dos maiores clássicos da música pesada. Quem não conhece "Mama I'm Coming Home" e "Hellraiser"? "I Don't Wanna Change The World" chegou a receber um prêmio da MTV. Claro que as composições caíram muito bem, tendo ambos os artistas origens muito parecidas no meio pobre e marginalizado, partindo daí para o fundamento das bases do que se tornaria a "música pesada". A única que Lemmy chegou a gravar com sua banda foi "Hellraiser", eles inclusive aproveitaram a parceria pra gravarem um dueto "I Ain't No Nice Guy", que pode ser conferido no álbum "March or Die".
Acelerando daí, nós viramos o milênio e passamos por...
"Down to Earth", que contava com "Dreamer", "Gets me Trough", "Running Out of Time" e o DVD "Live at Budokan".
"Black Rain", de 2007, trazia depois de um bom tempo faixas como "I Don't Wanna Stop" e "Here For You".
Chegamos onde eu queria. Nessa época houve mais mudanças. A sonoridade estava bem diferente, chegava a parecer uma mistura entre rock pesado e música eletrônica. Polemicamente, Ozzy resolveu demitir Zakk Wylde. POR QUEEEEEEEE???????? As razões não ficavam muito claras, pois eram uma excelente dupla desde o final dos Anos 80. Ozzy disse não estar muito contente com o som estar ficando parecido com o da banda Black Label Society, mas depois revelou que na verdade haviam umas questões bem pessoais.
"Quando Zakk chegou estávamos começando a compor o novo trabalho, mas ele ainda estava bebendo muito. Até aí, tudo bem. Mas quando você está sóbrio e tem alguém ao seu lado balbuciando coisas sem sentido em seu ouvido, não é legal. Zakk é um grande guitarrista e eu o amo. Adoro o modo como ele toca. Mas, no fim das contas, chegamos a um ponto que tínhamos que encontrar outro guitarrista. Não porque apenas desisti de trabalhar com Zakk, mas para mim era árduo estar ao lado de uma pessoa que bebia com tanta intensidade. Ouvi dizer que ele não tem bebido mais. Não sei se isso é verdade ou não. (...) Adoro o modo como ele toca, ele é um dos grandes. Mas a bebida estava começando a afetá-lo demais. Não podia assisti-lo morrer. Em um modo um pouco doente de se ver a situação toda, para mim foi até bom presenciar isso porque era assim que eu estava, e ficando cada vez pior. Acredite em mim, se eu começasse a beber agora você pensaria: ‘Que porra, isso está errado. Tenho que sair daqui!’. Era mais ou menos assim que eu me sentia ao estar próximo do Zakk."
Quando o Ozzy diz que você está bebendo demais, tudo indica que você realmente deve estar bebendo demais. A amizade não acabou, porém, também não houveram composições novas até o momento. Ozzy Osbourne agora com 60 anos, lançava um álbum inédito, o "Scream", junto ao guitarrista Gus G do "Firewind" e vários caras que tocavam com o Rob Zombie. Toda a banda partiu para uma turnê enorme que durou vários anos. O baterista Tommy Clufetos chegou a substituir o Bill Ward na turnê com o Black Sabbath que começou em 2013.
E assim foi, não faz muito tempo, a maioria dos headbangers deve se lembrar. Entre as maiores notícias, homenagens e premiações sempre estava incluso o Poderoso Chefão do Heavy Metal, Ozzy Osbourne com seus mais de sessenta anos, incansável e praticamente infalível, conquistando mais e mais fãs. E retornamos agora ao título...
Por que?
Não é possível ignorar um fator bem influente na tamanha simpatia que o público tem com o cantor...
O reality show que passava na MTV no início do século tornou não só o cantor, mas toda a sua família bem mais famosos. Leva em consideração que ele estava em um dos ápices do uso de drogas, com a voz já ficando toda estranha e gaga, além do jeito atrapalhado já conhecido. Acontece que o Ozzy era um cara muito engraçado, e mostrá-lo no seu dia a dia tanto em casa com a família, quanto com a banda na estrada, era garantia de diversão; mesmo sendo uma família cheia de problemas, com o pai e os próprios filhos sofrendo de dependência química, e em certo ponto a esposa Sharon foi diagnosticada com câncer.
"Tenho certeza que quando eu morrer será uma coisa bem idiota. Tipo, eu vou escorregar, bater a cabeça na parede e quebrar o pescoço , pronto".
Então o Ozzy não só sobreviveu à todas as loucuras se tornando um velhinho, mas um velhinho maluco e engraçado! E ele tocava rock and roll! Do melhor tipo!!! Não havia como surgir nada mais original, era o Ozzy Osbourne como só o Ozzy Osbourne poderia ser. Na setlist das turnês ele tocava apenas uma música que fosse mais recente pra divulgar o álbum novo, a maior parte das vezes se concentrando nos clássicos mais antigos, até músicas do Black Sabbath.
BIS
Creio que com as duas letras que deixei no início do post, já dá pra notar o toque atemporal das composições. Questões humanas e sociais que passaram longe de mudar com o avançar dos anos. O próprio baixista do Black Sabbath afirma continuar trabalhando os mesmos temas nas suas músicas, pois eles estão mais atuais do que nunca. Mas Ozzy esteve longe da banda por muito tempo e só foi ficando mais famoso (e olha que o Sabbath tinha o falecido Dio, um dos maiores cantores da época). Quanto aos tabus por ter resistido a tantos abusos de comportamentos de risco, creio que isso não o destaca taaaaaanto assim, porque outros como Steven Tyler e Keith Richards também fogem do padrão da saúde humana. Creio que o que marca o Ozzy é seu histórico fodido somado à sinceridade.
Pode soar pessimista, mas eu particularmente, quando era adolescente, sabe, a adolescência tem todas e todas aquelas dúvidas, e um monte de pessoas dando respostas. Me lembro que eu achava muito confortante e recompensador a forma que Ozzy Osbourne demonstrava também ter dúvidas. Demonstrava ter medo e certeza nenhuma quanto à vida e ao próprio mundo. Parecia muito mais convincente, parecia muito mais verdadeiro. Claro que há casos e casos, cada pessoa se fascina à sua maneira. Tem muita gente que acompanha o trabalho do cara pensando "ele é tipo o demônio na Terra" ou "eu quero ficar drogado que nem ele ficava", mas o diferencial da carreira do Ozzy Osbourne, em especial à carreira solo, é a sinceridade com a qual a mensagem que ele passa se altera conforme as mudanças de sua vida. Algo difícil de um artista fazer, inclusive porque o próprio público costuma dificultar essas mudanças, já que é muito comum se encontrar na Música... uma zona de conforto. E ironicamente, mesmo o heavy metal tendo muitos dos seguidores mais cabeça dura que existem, as mudanças de Ozzy Osbourne foram quase sempre bem recebidas pela maioria de seus fãs.
E o detalhe da velhice comprova que, encontrar um ícone com essas características no mercado artístico não é tão fácil. Na época havia ninguém mais jovem que contasse com essas características. Então nós abraçávamos como nosso herói Ozzy Osbourne, velhinho lançando trabalhos como "Black Rain" e "Scream". Músicas que falavam bem com você como "I Don't Wanna Stop" e "Life Won't Wait". Isso me lembra o final daquele filme mais famoso do Batman. O herói que merecemos ou que precisamos? Ou que queremos? E você, o que acha? Também acompanha Ozzy Osbourne? Não liga muito pra essas ideias todas ou ele te chama a atenção por outros motivos?
Ano passado mesmo o roqueiro veio ao Brasil fechar o festival de música "Monsters of Rock" com sua banda solo, já tocando também em outros estados. Está à confirmar uma última data com o Black Sabbath em São Paulo, no início de dezembro, já que agora eles se despedem na turnê "The End". Os rumores contam com talvez sete shows só no Brasil.
Discografia da carreira solo
-Blizzard of Ozz (1980)
-Diary of a Madman (1981)
-Bark at the Moon (1983)
-The Ultimate Sin (1986)
-No Rest For The Wicked (1988)
-No More Tears (1991)
-Ozzmosis (1995)
-Down to Earth (2000)
-Under Cover (2005)
-Black Rain (2007)
-Scream (2010)
Se a recepção for positiva, há a ideia que hajam mais posts avaliando a carreira solo de artistas de rock no futuro. Bem, now that is over, can we just say goodbye...
E... terminando a introdução... depois disso o britânico se tornou "dispensável"; da forma mais simpática possível, é claro. Com quase 70 anos, o homem já fez bem mais do que se esperava, mas toda aquela empolgação quanto ao que o envolvia, dá pra dizer que tinha passado. Então achei interessante refletir sobre esses anos, quando um idoso era um monstro no meio do entretenimento, trazendo holofotes quanto a tudo que fazia. Então vamos por partes, que ninguém come um morcego de uma vez.
Black Sabbath!
A banda de Birmighan, fazendo aquele blues esquisito e barulhento de maluco, era formada por quatro indivíduos, todos muito talentosos à sua maneira. Na época é capaz que muitos acreditassem que as letras de terror contassem com colaboração do Ozzy, mas elas vinham quase 100% da criatividade do baixista: Geezer Butler. O sujeito era bem intelectual, adorava ler livros de física, filosofia, aventuras de ficção e coisas do tipo que resultavam nas tantas letras existencialistas, extremamente viajadas e com uma tremenda crítica pesada. Logo o primeiro álbum já contava com faixas como "Wicked World".
The world today is such a wicked thing
Fighting going on between the human race
People give good wishes to all their friends
While people just across the sea are counting the dead
A politician's job they say is very high
For he has to choose who's got to go and die
They can put a man on the Moon quite easy
While people here on Earth are dying of old diseases
A woman goes to work every day after day
She just goes to work just to earn her pay
Child sitting crying by a life that's harder
He doesn't even know who is his father
Ou seja, nos Anos 70 as pessoas já estavam prestando um pouco mais de atenção no que Ozzy Osbourne cantava, mas não eram necessariamente palavras da cabeça dele. De qualquer forma deu tudo muito certo, até o lançamento do álbum "Never Say Die!" (1978) que levou à separação da banda. Essa separação se manteve por algumas décadas. Enquanto isso cada um fazia os seus trabalhos. O Ozzy começou com...
Blizzard of Ozz!
Aqui, em 1980, começa a vindoura carreira solo. Agora Ozzy estava por conta própria? Mais ou menos... Além de Sharon, a empresária que era filha do empresário do Black Sabbath, o Príncipe das Trevas tinha um bom exército.
OS MEMBROS DA BANDA SOLO!
O famoso Randy Rhoads, unido a Bob Daisley, Lee Kerslake e é claro... Ozzy Osbourne. Adivinha quem cuidou de muitas letras? Exatamente... não foi o Ozzy. Grande parte do que ouvimos foi escrito por Bob e Lee, o baixista e o baterista, respectivamente.
Crazy, but that's how it goes
Millions of people living as foes
Maybe it's not too late
To learn how to love
And forget how to hate
Mental wounds not healing
Life's a bitter shame
I'm going off the rails on a Crazy Train (x2)
Let's go!
I've listened to preachers
I've listened to fools
I've watched all the dropouts
Who make their own rules
One person conditioned to rule and control
The media sells it and you live the role
Mental wounds still screaming
Driving me insane
I'm going off the rails on a Crazy Train (x2)
I know that things are going wrong for me
You gotta listen to my words!!!
Heirs of a Cold War
That's what we've become
Inheriting troubles, I'm mentally numb
Crazy, I just cannot bear
I'm living with something, that just isn't fair!
Mental wounds not healing
Who and what's to blame???
I'm going off the rails on a Crazy Train (x2)
Letras com pegadas extremamente existenciais como "Crazy Train" ou "I Don't Know" não têm (ou ao menos não deveriam ter) os créditos principais ao frontman Ozzy Osbourne. Mesmo assim, aqui ele trabalhava um pouquinho com seus novos parceiros, como "Goodbye to Romance" e "Suicide Solution". O que vemos é uma continuação da qualidade, pois logo os dois primeiros álbuns (Blizzard e "Diary of a Madman") contaram com letras incríveis! Fosse quanto à sentimentos humanos, viagens inconscientes, problemas do meio-ambiente, insanidade ou até homenagens à personagens da História, como "Mr. Crowley", eles só fizeram clássicos. Mas em pouco tempo Randy Rhoads morreu em um acidente de avião, e os outros membros da banda foram demitidos por causa de divergências, aí vamos para o uivado ao luar...
OS OUTROS MEMBROS DA BANDA SOLO!
O baixista Bob Daisley chegou a gravar o "Bark at the Moon" (1983), mas em "The Ultimate Sin" (1986), todos os membros já haviam sido substituídos, com exceção do vocalista. O novo guitarrista Jake E. Lee marcou território, mas não se deu muito bem com o Madman, saindo logo depois e nunca mais fazendo trabalhos junto com Osbourne ou mesmo soltando qualquer palavra muito boa em relação à ele. Porém, uma boa parte dos fãs acompanharam o trabalho dele que rolou um pouco depois, com a banda "Badlands". Enfim, nessa época já era muito bem recebido quando Ozzy lançava algumas coisas bem pessoais, como "So Tired", que fala do seu divórcio, mas muita coisa marcante, como "Shot In The Dark", que levanta questões de vida após a morte e reencarnação acabaram não sendo muito creditadas a outros dos seus responsáveis. Mas no fim, o que as pessoas sempre estavam ouvindo?
Ozzy Osbourne
Anos 90, grandes parcerias
No final dos Anos 80 com o início dos 90, a formação mudou toda de novo, inclusive entrou Zakk Wylde, futuro fundador do "Black Label Society" e que quase substituiu o lendário Slash na separação do Guns 'n Roses. O moleque era fraco não. Os dois se deram muito bem como dupla, se mantendo juntos quase sempre até meados de 2009, depois do lançamento de "Black Rain" (2007). Em 1991, eles lançaram "No More Tears", um dos álbuns com faixas mais marcantes e também considerado um dos mais comerciais, pelos próprios membros da banda. Nessa mesma época, quem se encontrava em uma excelente fase era o Motörhead, banda onde se encontrava o hoje falecido Lemmy Kilmister. Lemmy e Ozzy já eram amigos de longa data, e em uma dessas Ozzy pediu para que Lemmy escrevesse umas letras pra ele, uma inclusive sobre como ele se sentia quanto à sua mulher e empresária, Sharon Osbourne. Resultado? Lemmy em pouco tempo entregou:
-Mama I'm Coming Home
-I Don't Wanna Change The World
-Desire
-See You On The Other Side
-Hellraiser
Esses são alguns dos maiores clássicos da música pesada. Quem não conhece "Mama I'm Coming Home" e "Hellraiser"? "I Don't Wanna Change The World" chegou a receber um prêmio da MTV. Claro que as composições caíram muito bem, tendo ambos os artistas origens muito parecidas no meio pobre e marginalizado, partindo daí para o fundamento das bases do que se tornaria a "música pesada". A única que Lemmy chegou a gravar com sua banda foi "Hellraiser", eles inclusive aproveitaram a parceria pra gravarem um dueto "I Ain't No Nice Guy", que pode ser conferido no álbum "March or Die".
Acelerando daí, nós viramos o milênio e passamos por...
"Down to Earth", que contava com "Dreamer", "Gets me Trough", "Running Out of Time" e o DVD "Live at Budokan".
"Black Rain", de 2007, trazia depois de um bom tempo faixas como "I Don't Wanna Stop" e "Here For You".
Chegamos onde eu queria. Nessa época houve mais mudanças. A sonoridade estava bem diferente, chegava a parecer uma mistura entre rock pesado e música eletrônica. Polemicamente, Ozzy resolveu demitir Zakk Wylde. POR QUEEEEEEEE???????? As razões não ficavam muito claras, pois eram uma excelente dupla desde o final dos Anos 80. Ozzy disse não estar muito contente com o som estar ficando parecido com o da banda Black Label Society, mas depois revelou que na verdade haviam umas questões bem pessoais.
"Quando Zakk chegou estávamos começando a compor o novo trabalho, mas ele ainda estava bebendo muito. Até aí, tudo bem. Mas quando você está sóbrio e tem alguém ao seu lado balbuciando coisas sem sentido em seu ouvido, não é legal. Zakk é um grande guitarrista e eu o amo. Adoro o modo como ele toca. Mas, no fim das contas, chegamos a um ponto que tínhamos que encontrar outro guitarrista. Não porque apenas desisti de trabalhar com Zakk, mas para mim era árduo estar ao lado de uma pessoa que bebia com tanta intensidade. Ouvi dizer que ele não tem bebido mais. Não sei se isso é verdade ou não. (...) Adoro o modo como ele toca, ele é um dos grandes. Mas a bebida estava começando a afetá-lo demais. Não podia assisti-lo morrer. Em um modo um pouco doente de se ver a situação toda, para mim foi até bom presenciar isso porque era assim que eu estava, e ficando cada vez pior. Acredite em mim, se eu começasse a beber agora você pensaria: ‘Que porra, isso está errado. Tenho que sair daqui!’. Era mais ou menos assim que eu me sentia ao estar próximo do Zakk."
Quando o Ozzy diz que você está bebendo demais, tudo indica que você realmente deve estar bebendo demais. A amizade não acabou, porém, também não houveram composições novas até o momento. Ozzy Osbourne agora com 60 anos, lançava um álbum inédito, o "Scream", junto ao guitarrista Gus G do "Firewind" e vários caras que tocavam com o Rob Zombie. Toda a banda partiu para uma turnê enorme que durou vários anos. O baterista Tommy Clufetos chegou a substituir o Bill Ward na turnê com o Black Sabbath que começou em 2013.
E assim foi, não faz muito tempo, a maioria dos headbangers deve se lembrar. Entre as maiores notícias, homenagens e premiações sempre estava incluso o Poderoso Chefão do Heavy Metal, Ozzy Osbourne com seus mais de sessenta anos, incansável e praticamente infalível, conquistando mais e mais fãs. E retornamos agora ao título...
Por que?
Não é possível ignorar um fator bem influente na tamanha simpatia que o público tem com o cantor...
Máquina comercial!
O reality show que passava na MTV no início do século tornou não só o cantor, mas toda a sua família bem mais famosos. Leva em consideração que ele estava em um dos ápices do uso de drogas, com a voz já ficando toda estranha e gaga, além do jeito atrapalhado já conhecido. Acontece que o Ozzy era um cara muito engraçado, e mostrá-lo no seu dia a dia tanto em casa com a família, quanto com a banda na estrada, era garantia de diversão; mesmo sendo uma família cheia de problemas, com o pai e os próprios filhos sofrendo de dependência química, e em certo ponto a esposa Sharon foi diagnosticada com câncer.
"Tenho certeza que quando eu morrer será uma coisa bem idiota. Tipo, eu vou escorregar, bater a cabeça na parede e quebrar o pescoço , pronto".
Então o Ozzy não só sobreviveu à todas as loucuras se tornando um velhinho, mas um velhinho maluco e engraçado! E ele tocava rock and roll! Do melhor tipo!!! Não havia como surgir nada mais original, era o Ozzy Osbourne como só o Ozzy Osbourne poderia ser. Na setlist das turnês ele tocava apenas uma música que fosse mais recente pra divulgar o álbum novo, a maior parte das vezes se concentrando nos clássicos mais antigos, até músicas do Black Sabbath.
BIS
Creio que com as duas letras que deixei no início do post, já dá pra notar o toque atemporal das composições. Questões humanas e sociais que passaram longe de mudar com o avançar dos anos. O próprio baixista do Black Sabbath afirma continuar trabalhando os mesmos temas nas suas músicas, pois eles estão mais atuais do que nunca. Mas Ozzy esteve longe da banda por muito tempo e só foi ficando mais famoso (e olha que o Sabbath tinha o falecido Dio, um dos maiores cantores da época). Quanto aos tabus por ter resistido a tantos abusos de comportamentos de risco, creio que isso não o destaca taaaaaanto assim, porque outros como Steven Tyler e Keith Richards também fogem do padrão da saúde humana. Creio que o que marca o Ozzy é seu histórico fodido somado à sinceridade.
Pode soar pessimista, mas eu particularmente, quando era adolescente, sabe, a adolescência tem todas e todas aquelas dúvidas, e um monte de pessoas dando respostas. Me lembro que eu achava muito confortante e recompensador a forma que Ozzy Osbourne demonstrava também ter dúvidas. Demonstrava ter medo e certeza nenhuma quanto à vida e ao próprio mundo. Parecia muito mais convincente, parecia muito mais verdadeiro. Claro que há casos e casos, cada pessoa se fascina à sua maneira. Tem muita gente que acompanha o trabalho do cara pensando "ele é tipo o demônio na Terra" ou "eu quero ficar drogado que nem ele ficava", mas o diferencial da carreira do Ozzy Osbourne, em especial à carreira solo, é a sinceridade com a qual a mensagem que ele passa se altera conforme as mudanças de sua vida. Algo difícil de um artista fazer, inclusive porque o próprio público costuma dificultar essas mudanças, já que é muito comum se encontrar na Música... uma zona de conforto. E ironicamente, mesmo o heavy metal tendo muitos dos seguidores mais cabeça dura que existem, as mudanças de Ozzy Osbourne foram quase sempre bem recebidas pela maioria de seus fãs.
E o detalhe da velhice comprova que, encontrar um ícone com essas características no mercado artístico não é tão fácil. Na época havia ninguém mais jovem que contasse com essas características. Então nós abraçávamos como nosso herói Ozzy Osbourne, velhinho lançando trabalhos como "Black Rain" e "Scream". Músicas que falavam bem com você como "I Don't Wanna Stop" e "Life Won't Wait". Isso me lembra o final daquele filme mais famoso do Batman. O herói que merecemos ou que precisamos? Ou que queremos? E você, o que acha? Também acompanha Ozzy Osbourne? Não liga muito pra essas ideias todas ou ele te chama a atenção por outros motivos?
Ano passado mesmo o roqueiro veio ao Brasil fechar o festival de música "Monsters of Rock" com sua banda solo, já tocando também em outros estados. Está à confirmar uma última data com o Black Sabbath em São Paulo, no início de dezembro, já que agora eles se despedem na turnê "The End". Os rumores contam com talvez sete shows só no Brasil.
Discografia da carreira solo
-Blizzard of Ozz (1980)
-Diary of a Madman (1981)
-Bark at the Moon (1983)
-The Ultimate Sin (1986)
-No Rest For The Wicked (1988)
-No More Tears (1991)
-Ozzmosis (1995)
-Down to Earth (2000)
-Under Cover (2005)
-Black Rain (2007)
-Scream (2010)
Se a recepção for positiva, há a ideia que hajam mais posts avaliando a carreira solo de artistas de rock no futuro. Bem, now that is over, can we just say goodbye...
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