O POMBO, A PIPA E O MENINO


<<<Essa é da tag “Fundo do Baú”. Revistando o entulho virtual que tenho aqui, acabei encontrando um conto que fiz aos 17, a pedido de um amigo meu que tinha que entregar um texto sobre um pombo para a professora. Nem me lembrava mais disso, mas agora relendo, após corrigir erros de português e separar as palavras dos pontos – Coisa que eu não fazia – resolvi colocar. Só lembrando que eu tinha 17 anos, portanto bem abaixo das coisas que eu escrevo tá uma porcaria:>>>

O animal voou. Um caminhão passou perto, dirigido ao anonimato, esse pombo o admira disfarçadamente em seus círculos junto com uma débil criança almofadinha empinando uma pipa, ao que parece, ela pretende empinar essa pipa por anos. Chega ao olfato do pombo e da criança um cheiro formidável e caro, um chamado pacifico de voz moderada, é almoço feito. 12 em ponto.
Mas com um sorriso que refletia o acido meio-dia, ele continuava a colocar no céu seu brinquedo, queria substituir-se pelos pedaços de seda e pau abraçados ao ar, limitado a correr entre nuvens. Com um tanto de desprezo o pombo voltava a atenção ao garoto, possivelmente na apertada cabeça do animal uma aspiração a falar, poder ficar muito tempo preso ao chão, ter pele que se julga mais bonita e demais benefício que o rapaz parece ter. E na resposta dessa cadeia, prolonga-se o menino em sua inveja pelo inanimado ser lá no alto que poderia cobiçar suas asas e controlar o próprio voo.

O mundo continuava a girar e aquela cena durava por minutos, a mãe do menino começou a gritar pelo nome dele mais alto, mais e mais, até que o menino atendeu, o nome dele é Lucas.
  Ele entrou e almoçou, deixou sua pipa no chão próximo a sua porta, quando voltou, ficou muito triste, o pombo havia rasgado sua pipa... Ele pegou uma pedra e jogou no pombo, que num pequeno salto esquivou e permaneceu ali, como que desafiando o irritado dono da pipa estraçalhada. Chorando o menino perguntava o porquê de ter feito isso com a pipa dele, ele mesmo tinha feito ela, tinha passado dias, feito-a bem devagar, com o máximo de dedicação, confessava pra o pombo ter sido tão mal com as outras crianças que nenhuma teria coragem de fazer isso, ele dizia isso enquanto se perguntava como ate pessoas maiores que ele tinham medo dele, enquanto aquilo do tamanho de seu pé continuava a andar em círculos sempre caindo pra um lugar e outro por causa de suas pernas finas.
  O bicho num disse nada, apenas voou por ai enquanto o menino que o olhava voar ,mudava de ideia, não queria mais ser uma pipa, queria ser um pombo, queria voar bastante, quebrar os brinquedos dos outros meninos e sair voando zombando deles. O pombo sumiu. De noite o menino chegou pro pai questionando sobre o pombo num ter respondido as perguntas que ele fazia, o pai abalado por um dia de trabalho preocupante, sem perceber destrói parte da fantasia que faz uma criança ser feliz e diz:

 
“Por que eles não falam, porque nunca existe sorrisos quando você fica adulto, você vai ter que se calar e nunca dizer o que quer pra os outros e sim o que eles vão querer ouvir, vai ser assim, só nos desenhos que você assiste é que eles vão falar...Os pombos, né? De verdade nem os pombos que você der comida vão querer ser seus amigos, eles ou qualquer coisa que se aproxime só vão querer o que você tem a dar. Nada a mais que isso.”

Na outra semana a criança ganhou um Play Station 3,e ali todos os dias na frente da tela mutilava demônios, marcava gols impossíveis, atropelavas pessoas na calçada recolhendo o dinheiro delas.
  Lucas só via a rua quando ia pra escola. E só enxergava de verdade as ruas dos jogos caros que seu pai lhe trazia.



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Até o próximo.



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