[ATENÇÃO]:
Não leia se texto
se:
1. Acreditar que energia negativa possa ser
transferida.
2. Tiver medo de destravar algo que se arrependa
no seu subconsciente.
3. ...
Esse não é o começo
da história de Max, por conseguinte, não é também seu fim. Não é o dia mais
importante da história de Max, bem como podemos estar diante de um enredo que
fuja de clímax, clichês e lógica palpável, podemos estar diante de um enredo ao
qual o enredo não aceite ser um enredo. Tal qual um “diálogo filosófico” tudo
gira em torno de dois seres que conversam, mas trazem um universo de
possibilidades em suas palavras, ao ponto do leitor se questionar sobre o que
trata tudo isso.
-- Max, você é um
caso excepcional. Uma figura. Deixa só eu pegar meu caderninho para anotar o
que você fez em vinte e poucos anos de vida.
-- Caneta bonita
essa sua... Posso saber o teu nome e como sabe o meu?!
-- Eu sou um
“arquétipo”, acredito eu. Mas eu tenha tantas particularidades, que posso ser
alguém único na sua vida. Porém só na sua vida.
-- Isso é uma
cantada?
-- Eu não “canto”
ninguém, jovem Max. Isso é o tipo de ação humilhante que prefiro desmotivar que
alguém faça.
-- O senhor ainda
não falou seu nome...
-- Que tal... 40?
-- “40”?
-- Falaremos disso
mais tarde. – Disse o estranho, agora seus movimentos com a caneta pareciam
rápidos. Logo após uma piscadela maliciosa, ele retorna o raciocínio: “Vamos
ver em quantas linhas eu te defino... Era uma vez uma criança romântica,
imaginativa e arrogante. Fã de quadrinhos – Oh!—de fazer desenhos e... Hmmm...
“Jogar xadrez?” Ah, já iria me esquecendo, “escrever”... Seu romantismo se
converteu em frustração e cinismo. Sua imaginação verteu-se em impotência
criativa? Sua arrogância parece o ter abandonado e dado lugar ao auto desprezo?
E o xadrez o faz parecer burro. Eu acho que já peguei casos melhores para
resolver, vamos encerrar aqui, Max. Se demita.
--... Até que ponto
alguém pode se esforçar para querer que o outro acredite se tratar de um gênio
ou um para-psíquico?
-- Sério que a sua
dúvida é essa? O Ozymandias deve estar com a mente cansada para escrever uma
continuação de diálogo dessas.
-- E quem porra é
Ozymandias? Eu venho aqui para descansar, por a cabeça em ordem, e um otário
que eu nunca vi na vida vem se achar engraçadinho como se me conhece-se.
-- “Ozymandias
Realista” é o pseudônimo que escreve nossos pseudônimos. Nós somos subprodutos
de uma “crise artística” dele. Ou melhor, não “nós”, você. Eu não posso ser
preso em linhas ou quantificado. O Ozymandias acha que me cria, mas tô sempre
no mínimo vinte anos avançado em pensamento que qualquer coisa que eu veja.
-- Meus delírios
costumavam serem mais concisos.
-- Isso não é um
delírio. Nós estamos passeando por camadas de vários inconscientes. Considere a
existência da nossa conversa como um “exercício da incerteza multidimensional”.
-- “Sr. 40”, apenas
pare. Eu já fiz isso que o senhor tá tentando fazer aqui, chegar pra um
desconhecido e dizer coisas sem sentido querendo confundir porque acha
engraçado, a diferença é que eu fazia isso pelo msn.
-- Seu nome “Max”
se advém a sua pretensa identificação com o Max de “Mary e Max”. Sua tristeza
atual se advém em aparentemente ter falhado em preencher todo seu vazio
emocional com xadrez. Acha que se tornando um GM vai se sentir um vencedor pela
primeira vez na vida. Fazia muito tempo que você não treinava tanto por algo, e
perdia vezes mais que a proporção do seu esforço.
-- Então eu estou
conversando com o meu “alterego”? O meu “amigo imaginário” que não imagino que
falo há anos?
-- É uma simplória
análise. Seu imaginar e falar são ações idênticas quando se está preso dentro
da própria mente. Hoje mesmo, houve uma ruptura. Você conseguiu ser o
Ozymandias por um instante, e o usou para me mencionar ao Joker, mesmo sem me
conhecer direito. Dizendo que eu “o sabotava”. Já imaginou se eu não estiver
sabotando o seu trabalho? Pensa na possibilidade de eu só ter lhe dado um empurrão
na vida e você que paradoxalmente prolonga a queda?
-- Está me dizendo
que “eu mesmo” estou “me tocando” sobre exagerar nos golpes que eu recebo? Acha
engraçado todo o meu esforço resultar em derrotas como 5x0? 6x1? 4x0?!!! Apenas
nos últimos três dias?!
-- Tô na sua
frente, seu palhaço chorão, para dizer isso e mais. Acha que treina? Que faz
algo relevante? Botvinnik! Lasker! Fischer! Karpov!
Esses caras respiravam xadrez. Acha que eles desistiram depois de perder uma
centena de jogos? Você que é só um intelectual peso pena que pensa que pode
aprender um século de teoria enxadrítisca com um tablet?
-- Vou reformular
meu entendimento... Eu estou tendo um sonho lúcido, ou estou de maneira
estática imaginando tudo isso pela minha mente ter dado um basta em mim. Posso
estar em animação suspensa, e finalmente descobri o que as pessoas que ficam
podem ver, embora é provável que eu não lembre de nada ao acordar. Mas o que é
você? É uma representação antropomórfica do meu fracasso? Se for isso, não é
você o meu refém? Uma sombra que só ganha fala com o meu pensamento? Se for
isso, você não pode nem ser chamado de “você”, já que é só um reflexo. Como
algo sem matéria ou identidade pode pensar em me intimidar? Ainda dentro da
minha própria cabeça?
-- Você se intimida
com o deus cristão. Indo pela maneira que tentou me definir, ele não é a mesma
coisa?
-- Deus para mim
é--
-- Eu já sei. “Um
poder supremo que não é perfeito, assemelhado aos deuses gregos, que não pode
ser compreendido e cada pessoa interpreta a sua forma.”
-- Coisa que s--
-- “Completa as
minhas falas para me irritar e parecer mais esperto. Eu vou me acordar a
qualquer hora e me livrar disso.”
-- Já chega, eu--
-- “Não preciso
dessa conversa. Isso nem mesmo é uma conversa.”
-- SE--
-- “Sabe tanto o
que vou dizer, por que perder seu tempo comigo?!!!” Deixa eu te simplificar:
Nós somos caixas dentro de caixas. Sabendo que estamos dentro de uma, e tem uma
dentro de nós. Não sabemos quantas existem, tudo o que sabemos, é isso.
-- E que “caixa” é
o “Ozymandias”?
-- É um alterego
daquele que gosto de me referir como “caixa a frente”, embora ele também não
saiba que caixa é. Eu e você somos dois dos vários fragmentos que constituem a “persona”
dele. Para estarmos conversando, ele deve estar escrevendo isso no blog dele,
ou ao menos boa parte do que falamos. É
uma espécie de “Texto Tumor” dele.
-- Se eu começasse
a acreditar nas suas confusões, ele não seria o mestre, já que somos dois personagens escritos por ele?
-- Ele não é mestre
de nada. Ele também é escrito por alguém. Ele é tão “personagem” como nós.
Imagine um ótimo quadrinho. Tudo aquilo, enquanto pensado e feito, existe. Mas
quem o lê pensar ser algo sólido e real, com um material em mãos que é ficção.
Se algo é imaginado, esse algo existe, mas não da forma que queremos. O que
pode ser “ficção” em uma camada do multiverso, pode ser “real” na outra, já que
essa foi a forma disso atravessar. Sendo assim, um cara pensa ler uma história
que foi escrita por outro cara e só. Mas e se esse cara for algo escrito a
acreditar que tem escolha ao ler aquilo? E se esse que escreveu esse cara,
esteja sendo escrito por outro, e nisso uma cadeia cíclica de multiversos que
se rescrevem, resultando em “reflexos” como eu e “personargens” como você? Quem
será que escreviu o Morrison? E quem escreveria quem escreveria Morrison?
-- E o Ozymandias
crê nisso? Estamos escritos para sermos ele?
-- Ele parece crer
às vezes, caso contrário não estaria escrevendo isso. Nossas vozes ficaram mais
altas do que devia e entramos no radar dele, por isso ele não parou de
escrever, ele agora deve digitar isso para limpar da mente.
-- Mas ele precisa
de mim. Mas não de você!
-- No que você me
enquadra, Max? Em “um outro” que enlouquece “ o outro” ocupante de uma
consciência para respirar um pouco na superfície? Quem você acha que eu sou?
Tyler Dunder? Hulk? Mr. Hyde?
-- Uma escolha
nunca aceita totalmente.
-- E o que é
plenamente aceito na existência?
-- ...
-- Silêncio?
-- Não, só
pensando, algo que você já deve saber. E toda a minha derrota e frustração?
Basta embaralhar no meios “das caixas”? Acha que pode me apequenar diante do
multiverso.
-- Depois eu que
sou o “ego” que vocês acham que dão um soco... Entenda como quiser, não preciso
acrescentar que “quiser” em relação a você é apenas um eufemismo, preciso?
-- Eu vou fazer um
desenho.
-- O cara que
desistiu de desenhar agora vai fazer um desenho? Porque não desenha o Papo
Cabeça pro Joker?
-- Não me importa a
existência desse “Ozymandias” e se só existimos na mente dele. Ou em um texto.
Eu vou lhe exorcisar da minha mente.
-- Vai lá,
Constantine! Tim Hunter! E todos os outros “magos” da Vertigo.
-- Seja esse
desenho magia, psicólogia, ou atitude lógica diante da mais completa abstração
que pode vim numa mente que não esteja esquizofrênica... Eu vou fazer um
desenho com a sua imagem. Como um gênio em uma garrafa, para que infernize
outro.
-- Sabe que a luta
comigo é eterna se for por esse caminho, não é? Você não é o Dorian Gray, e se
fosse parecido, sabe como terminou para ele.
-- Estou no esboço.
Toda a raiva que eu sinto, rancor, boicotes. Tudo vai ser despejado aqui.
-- Estou em dúvida
sobre o seu pensamento ser um fraco final de autoajuda feito pelo “Ozymandias
Realista”. Logo ele que critica tanto o final da maioria das histórias,
escrevendo um “fim” desses.
-- Desenhando as
correntes...
-- Está
confortável. Não vai desenhar a da outra mão?
-- Você não terá a
outra mão. Não terá nem o antebraço esquerdo, quem dera a mão. Se dou-lhe tudo
isso, você facilmente se libertaria. Mas vou lhe dar só uma mão e um martelo.
Nem toda a sua astúcia vai lhe salvar.
-- Eu olharei para
o seu desenho de vez em quando, 40.
-- Quer que eu faça
o que? Prometa vingança? Grite um desesperado “Nãooooo”, para que você, no
ápice da recuperada imaginação e arrogância, aumente sua autoimagem de herói?
Só acho engraçado que ninguém consegue fugir do seu próprio reflexo, mas sempre
estão ansiosos para os culpar de suas fraquezas. E quando eu “não estiver” mais
na sua vida? O que vai acontecer? Outro “reflexo” vai tomar o meu lugar? Eu me
libertarei para a clássica retribuição até ser preso novamente? Tal qual os
grandes vilões que as editoras temem matar?
Não. Tudo apenas
terminará... Dentro... De... Uma... Caixa... Menor...
E ai? Gostou? Odiou? Deixe nos comentários e compartilhe o post.
Até o próximo.
Me siga no Instagram: @ozymandiasrealista
1 Comentários
Apenas... Se demitiu. Não acredito que fez um desenho após tanto tempo... E ainda assim, conseguiu expressar tudo nele.
ResponderExcluirSe pudesse, te daria uma verdadeira surra. Com apenas um martelo...