O RELÓGIO DE JÚNIOR


Dois anos haviam se passado, como uma chuva que surge pela madrugada, e as pessoas mal a percebem. Júnior, agora gostava de seu nome, estava de pleno bom humor. Havia largado seu emprego de porteiro e agora trabalharia em um escritório, havia tirado um bom dinheiro com o montante final de seu serviço anterior, e investido boa parte em um relógio, a qual pagou um valor acima 4 dígitos. Progressões, como ele supõe ter feito, são raras, estava mais no que na hora de abandonar seus antigos "hábitos de pobre", afinal para ele, os ricos eram tubarões, e se ao menos a menor menção de seu cheiro de pobre chega-se, seria o fim. Se a primeira impressão é que fica, Júnior se sentia um vencedor por ter treinado mais que um mês para o dia que conheceria por alguns segundos o diretor geral da empresa, a que dedicava-se a cada semestre fazer "um tour" para ver com os próprios olhos o que de fato ocorria no que havia construido.

 
-- Bom dia, Sr. Graves. -- Disse Júnior de súbito.
-- Bom dia, meu jovem. Que relógio chamativo esse é esse, é esse que chamam de "Rolex"?

Júnior ponderou seis segundos para responder. Era um teste? Um deboche? Como um milionário não saberia o que era um relógio rolex?

-- É um rolex "paraguaí", Sr.
-- E custou mais de 100 reais?
-- 100 R$? Custou 1500. 
-- Quer dizer que pagou tudo isso em um relógio?
-- Mas isso é muito dinheiro pro Sr?
-- Rapaz, você acha que se eu pagasse isso em um relógio teria montado tudo isso? Que estaria aqui sendo o seu chefe? Se eu fizesse algo assim, eu que estaria limpando o seu lixo, e não você o meu. Até daqui a seis meses.
 -...

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Até o próximo.



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