Em exato um ano do
post anterior, vem finalmente a constatação dessa obviedade que é o Ozymandias
Realista. Para quem chega agora, quem é? É uma pessoa? Uma organização? Uma
ideia? Uma equipe? Eu o definiria mais como um escapismo (palavra interessante,
não?) de um pretenso semi-intelectual que protelou o ensino médio. Como alguma
fantasia, ao serem digitados as letras e números que formam meu “capuz” em
forma de acesso, ocorre uma suposta conversão de identidade. As interpretações
exteriores mudam um pouco, Ozymandias pode ser visto – ao contrário de sua
contraparte de carne e osso – como um “entendido” em algum assunto, alguém a
quem você não sabe o rosto ou nome verdadeiro, mas se importa em certo grau com
o que ele diz.
Quando tudo isso
não passava de um esqueleto digital, eu o enxerguei como uma rocha semelhante a
empurrada por Sísifo, porém crendo não sofrer o mesmo revés do mesmo, afinal
deveria ser um empreendimento, e foi. Peguei um dos rostos de um dos vários
quebra-cabeças compostos por Alan Moore. Um genocida, cruel, narcisista ser
chamado Adrian Veidt. O mesmo, com tantas camadas, que em meio aos “bueiros
transbordando” foi o único que conseguiu conter o apocalipse nuclear que
levaria a todos. Entre todos, além do bem e do mal, ele foi realista. O rosto
depressivo de Adrian, deu voz ao pensamento de que não era o que eu dizia que
era errado, o problema era eu dizendo...
Mas... Sobre o que
eu quero ler e escrever? Isso ainda faz diferença? Digo isso pela vaga
constatação do cinema cada vez mais ser uma piada imediatista, de fraca
nutrição intelectual. Livros serem objetos para um museu, quadrinhos só um
esboço para virar adaptação, isso até a “moda” do gênero dos quadrinhos
adaptado ceder a provável da adaptação de games. No tempo em que crítica e
opinião são dois fatores jogados no mesmo liquidificador, eu não vejo onde me
encaixo nisso tudo, mas continuo, até meu caderno um dia ficar pálido sobre
ideias. Por enquanto, pode-se dizer que esse específico trecho do longa “Frost/Nixon”
sintetiza o que eu penso:
“Os esnobes te desprezam, não? Claro que sim.
Essa é a nossa tragédia, não, Sr. Frost? Não importa o quanto subimos, eles
ainda nos menosprezam. Não importam quantos prêmios ou artigos que são escritos
sobre você, ou a importância do cargo para qual fui eleito, não basta. Ainda
assim nos sentimos como um homem insignificante, “o perdedor” foi como me
chamaram várias vezes. Os espertalhões da faculdade, os superiores, os bem
nascidos, as pessoas cujo respeito realmente queríamos, desejávamos.
E foi por isso que trabalhamos duro, que
lutamos sem trégua, disputando para subir sem dignidade?! Se somos honestos por
um minuto, se refletimos em privado por um momento, se nos permitimos um olhar
no lugar sombrio que chamamos de alma... Não é por isso que estamos aqui? Nós
dois? Buscando um lugar ao Sol, sob os refletores, no pódio? Porque sentimos a
queda, estávamos fadados à lama! No lugar em que os esnobes disseram que
terminaríamos, na lama, humilhados ainda mais por ter tentado com tanta gana.
Para o inferno com tudo isso! Nós dois não vamos deixar que isso aconteça.
Vamos calar esses malditos! Vamos fazê-los engolir nosso sucessos! Nossos
prêmios, poder e glória! Vamos fazer esses filhos da mãe sufocarem! Estou
certo?!!”
Continua...
0 Comentários