Listei aqui algumas delas:
Macuahuitl – parece uma palmatória antiga que usavam para
educar crianças, mas é na verdade uma espécie de espada asteca. Um longo e
pesado pedaço de madeira tinha encaixados vários pedaços de obsidiana. Quem
joga ou já jogou Minecraft já ouviu essa palavra, mas ao contrário do jogo, a
pedra que surge próxima aos vulcões não é difícil de ser quebrada. A vantagem
dela é que é uma das pedras mais afiadas que existem na natureza. Esse vidro
roxo corta num piscar de olhos, o que era excelente para os astecas no meio de
uma batalha. Claro que não dava pra perfurar o inimigo, mas os cortes feitos
com ela permitiam aos soldados pegar o coitado atingido e leva-lo ainda vivo
para os rituais macabros de sacrifício e canibalismo típicos da cultura asteca.
Entretanto, se fosse necessário, elas poderiam ser usadas em execuções que
envolviam decapitação também, inclusive tem registros de que elas podiam
decapitar facilmente um cavalo, pra você ter uma ideia de como a obsidiana é
extremamente afiada. Por último, elas podiam servir de porrete.
Chakram – essa é famosa por causa da Xena, personagem
principal da série de televisão “Xena: a princesa guerreira”. Lembra daquele
arco espetacular que arrancava cabeças, cortava maçãs ao meio e tirava umas
faíscas lindas quando ricocheteava nas paredes? Pois bem, essa arma existiu de
verdade! Vinda da índia há 3 mil anos e pertencente aos Sikhs, o chakram era
uma arma circular de 30cm de diâmetro muito afiada na parte externa, tanto que
era necessário se ter mais habilidade para manuseá-la e não se machucar do que
para conseguir acertar algum alvo. Essa belezinha mutilava com facilidade os
membros de um soldado inimigo. Entretanto, ao contrário do que a Xena fazia
lançando o arco quase como um frisbee, o chakram era sempre lançado na
vertical. O movimento mais famoso se dava quando o atirador rodava a arma no
dedo indicador e arremessava-a no oponente com um movimento do pulso. Depois
era só resgatá-la e atirar em outro coitado pelo caminho. Também foi usada no
Paquistão e no Irã.
Revólver Apache – criado pelo francês Loius Doune no
início do século XIX, esse revólver é quase como um canivete suíço, acoplando 3
armas em 1 só: um canivete, um soco inglês e um revólver, é claro. O revólver
de 7mm a 9mm de calibre tem também um tambor que curiosamente gira em sentido
horário. Quando aberto, uma lâmina afiada se dispõe logo à frente do cano da
arma, podendo ser usada para perfurar ou cortar um oponente. Se dobrado, vira
um soco inglês. Era mais utilizada para combate de curta distância, mas outras
armas faziam mais estrago, o que explica porque ela caiu rapidamente em desuso.
Tem esse nome porque foi muito popular numa gangue francesa de 1900 chamada
“Los Apaches” (esse nome era dado a eles porque costumavam ser muito violentos
e selvagens, como os índios Apaches na América do Norte). Há boatos de que
tenham sido usadas por soldados britânicos na segunda guerra também.
Soco inglês, faca e pistola. |
Tesouras – sabe aquele utensílio que você tem e que é super
útil? Pois é, a arma não tem nada a ver com ele, exceto o nome. Utilizada pelo
gladiadores do Império Romano, era usada comumente em combates chamados
“tesouras” também. Era de aço, com tamanho médio de 50cm, leve (3kg) e eram
acopladas por um longo tubo metálico aos braços dos gladiadores. Podiam atacar
ou serem usadas para bloquear ataques. Elas não apenas cortavam com facilidade,
mas também permitiam que um simples movimento rápido fizesse um grande estrago
no oponente, o que era muito apreciado pelos espectadores. As batalhas não era
muito bonitas, pela grande gama de mutilação que proporcionavam, mas podiam ser
emocionantes.
Pé-de-pato – ou no inglês “duckfoot”, era uma arma que eu
diria ser “excêntrica”. Criada em 1800 e graças a vários canos, ela se
assemelhava a um pé-de-pato. Podia ter de 3 ou mais canos lisos, todos
disparados simultaneamente e algumas tinham até 8 tambores. Em teoria, ela
seria excelente pra eliminar vários oponentes de uma única vez, mas o problema
é que não era nada precisa, ou seja, uns tiros e você não mataria nem
meia dúzia podendo ser atacado rapidamente pelo inimigo. Ainda sim era popular
entre guardas de prisões, capitães de navios e outros cargos que precisassem
manter o controle sobre grandes grupos de pessoas. Um fator determinante que a
fez cair em desuso foi o formato que não era nem um pouco prático, então
guardá-la no coldre era um pouco trabalhoso, sem contar que recarregar 8
tambores demandava um tempo que muitas vezes você não tinha no meio de uma
batalha ou confusão. A boa notícia é que é bastante colecionável.
Garra de Arquimedes – Arquimedes não era apenas um gênio da matemática,
mas também um projetista de primeira. Segundo relatos, a cidade de Siracusa
estava sendo atacada pelos romanos. O que Arquimedes fez para protege-la foi
uma arma poderosa que ficava escondida ao lado das muralhas da cidade. Ninguém
sabe como era a sua aparência, mas provavelmente era um tipo de guindaste gigante
que conseguia agarrar navios romanos, erguê-los e estraçalha-los soltando-os
novamente na água. Um navio que tenta abordar uma cidade geralmente reduz a
velocidade para a velocidade da água, tornando os tripulantes e a própria
embarcação muito vulneráveis. É aí que entravam as garras metálicas, lançadas
pelas muralhas e que agarravam os navios próximos, erguendo-os, virando-os e
lançando-os contra as rochas. Obviamente isso destruía as embarcações. E para
fins de curiosidade: Siracusa até venceu os romanos naquela época, mas 3 anos
depois caiu e Arquimedes foi morto por um soldado romano (que ironia) que
queria que ele parasse de fazer projetos matemáticos.
Pistola de mão Turbiaux – os franceses eram mestres em armas compactas. Esta arma em especial é
tão incrivelmente compacta que até o carregamento dela é estranho. Se encaixava na palma da mão da
pessoa, deixando apenas um cano de calibre de 8mm para fora, entre os dedos.
Foi inventada em 1882 na França por Jacques Turbiaux e um ano depois ganhou uma
modificação pela Chicago Fire Arms Co. nos Estados Unidos. Tem um tamanho
aproximado de um relógio de bolso, mas o interessante é que não havia um
gatilho para dispará-la. Bastava apenas que a pessoa pressionasse a arma na
mão. Tinha como finalidade proteger a pessoa de um assalto ou ataque, já que
podia ser pequena o suficiente pra caber no bolso e ao mesmo tempo facilmente
disparada. Com um carregamento complicado e a possibilidade de sair com os
dedos dilacerados ou queimados, a arma caiu em desuso.
Mere – usado pelos Maoris da Nova Zelândia, esse poderoso
porrete feito de jade do tipo nefrite mede cerca de 30 a 50cm. É usado
basicamente para socar ou para ser arremessado contra o oponente. Era também
uma arma espiritual que acreditava-se ter a força da natureza, além disso
ganhava um nome e era passada de geração para geração. Quando um era perdido, a
tribo inteira se mobilizava para encontra-lo e devolvê-lo ao seu dono. Eram
símbolos de status e muito respeito usados principalmente pelos líderes das
tribos.
Quebrador de espadas – parecia um simples punhal, mas era
uma ferramenta para quebrar as espadas dos outros. De um lado tem uma lâmina
afiada e do outro tem uns dentes ou os dentes ficam no final da lâmina,
próximos ao cabo. Com o movimento certo, você poderia encaixar a espada do seu
oponente entre os dentes e então bastava uma torção (às vezes até uma leve
bastava) para que a espada dele se quebrasse. Foi muito comum na Idade Média e
Renascença. Existiam outras variações também, mas apenas a dentada servia para
quebrar espadas. Os outros punhais sem dentes geralmente ajudavam a desviar a espada do oponente
ou prendê-la para impedir ataques, como os tridentes por exemplo. Eram usados na mão que não ficava com a espada principal, servindo apenas
de auxílio.
Pistola cutelo – essa também não tinha um cutelo preso à
arma, não, era muito pior! Todo mundo já está cansado de ver uma baioneta com
uma faca presa na ponta, mas esta pistola já vem com uma faca forjada junto ao
cano. Mortal e perigosa até pra quem maneja.
Morcegos bomba – durante a Segunda Guerra
Mundial, os Estados Unidos decidiram atacar o Japão com uma frota bem
inusitada. Pequenos morcegos carregavam dispositivos incendiários. As vantagens
destes animais é que existem em grande quantidade, por serem pequenos podem
facilmente entrar em casas e prédios, tem hábitos noturnos e conseguem carregar
mais do que o seu próprio peso. A ideia era soltá-los à noite nas zonas
industriais japonesas, deixando-os se espalharem pelas cidades e explodindo por
todo o lado. A “brilhante” ideia do então atual presidente americano Franklin
Roosevelt até mostrou bons resultados em testes, mas acabou sendo abandonada
para que o governo tivesse como prioridade o desenvolvimento da bomba atômica,
cujo nenhum morceguinho era páreo.
Gatos bomba – outra ideia ridícula do governo americano,
aliás, talvez a mais estúpida que já teve nesse planeta. Partindo-se do
princípio de que gatos sempre caem de pé e detestam água, então por que não
acoplar gatinhos em mísseis que seriam lançados diretamente nos navios alemães?
Teoricamente os gatos “corrigiriam” a trajetória dos mísseis, pois seriam lançados de aviões em movimento sobre navios em movimento e teriam
paraquedas. Tudo porque o gato iria preferir o convés seco do navio do que as
águas “molhadas” do oceano e, portanto, iria modificar a trajetória do míssil. O
problema é que os bichanos desmaiavam antes mesmo do míssil atingir o alvo e o
projeto acabou sendo abandonado.
Imagem meramente ilustrativa!rs |
Cachorros bomba – enquanto os americanos explodiam gatos e
morcegos, os soviéticos tentavam arranjar um jeito de explodir os tanques
alemães. Mas como chegar perto de um tanque sem ser notado? Bem, por que não
usar um cachorro? Se bem treinado, o bicho poderia se tornar uma arma letal!
Então algumas minas foram amarradas em cães e estes deveriam se posicionar
embaixo dos tanquesa. Ao menor toque da mina com o tanque e tudo iria pelos
ares. Entretanto, o tiro saiu pela culatra porque os pobres animais se
assustavam com tiros dos canhões e voltavam para as tropas soviéticas,
explodindo-as.
Ratos bomba – os aliados precisavam parar os nazistas o
quanto antes e para isto abusavam de armas e técnicas espiãs. Uma delas não era
exatamente digna, mas muito eficaz. Como colocar bombas em trens alemães sem
que eles descobrissem? E olha que os nazistas eram bem espertinhos pra
descobrir esse tipo de coisa! A solução criada pelos britânicos foi implantar
ratos mortos com bombas em seu interior nos trens alemães, afinal quem
suspeitaria do pobre bicho que jazia em paz? Infelizmente pros aliados (e
felizmente pros nazistas), as bombas acabaram sendo descobertas e nunca
cumpriram seu objetivo. Entretanto, os alemães ficavam tão preocupados com
fazer buscas em todos os trens freneticamente que perdiam um tempo valioso, o
que foi visto como “sucesso” pelos aliados, dando-lhes mais tempo para agir
contra os nazistas.
Revólver oculto – bastava prender o dispositivo no braço e
cobrir com uma manga comprida. Na era pré-detectores de metais, era uma
excelente forma de surpreender alguém com um tiro certeiro.
Lançador Wheellock – o que pode ser mais desastroso do que
uma arma comum ou com uma faca acoplada? Exatamente, uma pistola lançadora de
granadas. O wheellock mede 14cm e surgiu em 1580, caindo em desuso depois da
primeira guerra mundial. Era capaz de disparar 2 granadas e era uma mão na roda
pra soldados que combatiam em pé, já que lhes dava um baita poder de fogo.
Arma de 20 balas – os fazendeiros já estavam fartos de ter que lidar com roubos de gado em suas propriedades na Europa e precisavam de algo para espantar ou deter esses larápios
descarados. Em 1823 foi inventada na França esta arma com um tambor capar de
armazenar até 20 balas. Com rodadas off-set, ou seja, apenas uma bala sendo
disparada por vez, a arma conseguiu uma bela fama, sendo usada inclusive na
guerra civil americana mais tarde.
Vespa mortífera – não me refiro ao animal, embora ele
também seja coisa do capeta. A Vespa é um veículo muitas vezes subestimado. O caso
é que em 1956 a França ganhou o modelo 150 TAP, equipado com um belíssimo
canhão M20 de 75mm. Servia basicamente para auxiliar paraquedistas. Acabou
ganhando o apelido de “Vespa bazuca”. Mas por que usar uma Vespa? Na verdade
elas eram muito baratas e como o exército francês já tinha um monte de canhões
guardados nos depósitos, juntaram o útil ao agradável e surgiu esta belezinha.
Shuanggou – também conhecidas como espada-gancho,
espada-orelha ou garras-de-tigre. Foram inventadas por monges chineses Shaolin
do norte e, apesar de serem mencionadas em antigos relatos, ainda são usadas
como armamento moderno, inclusive constam na lista de armamento bélico oficial
chinês. Requerem muita habilidade e, consequentemente, um treinamento árduo.
São afiadas nas bordas, tem um cabo que pode ser usado como punhal, mas o legal
delas é que podem se conectar a outra e aumentar o alcance do ataque. O gancho
é uma coisa que você não iria querer em nenhuma parte do seu corpo (talham com
facilidade e parecem um anzol), mas podem ser usados para desarmar o oponente
também. Medem de 90 a 96cm e podem pesar até 550g. É típica da cultura do norte
da China, porém hoje o pessoal do sul também a usa, apesar de que é muito mais
comum como arma de defesa dos Shaolin e que os camponeses também as usavam
muito em tempos antigos. Essa arma foi utilizada pelo Kabal no jogo Mortal
Kombat.
Kpinga – típica da tribo Azande da Nubia, na África (norte
do Sudão e sul do Egito), era também conhecida como “Hunga Munga”. É uma faca
de arremesso com um design no mínimo bizarro. Certos modelos ultrapassavam os
60cm de comprimento e a maioria era composta de 3 lâminas afiadas. A lâmina
mais próxima da mão tinha o formato do órgão genital masculino, como uma representação do poder
do homem. O objetivo principal era empalar o oponente, mas ela também podia
dilacera-lo. Quando um guerreiro se casava, ele presenteava a família da noiva
com a sua Kpinga.
Balões bombardeiros – balões são lentos e difíceis de
manejar, mas para os japoneses a paciência é uma virtude. Decididos a acabar
com os Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, os japoneses acoplaram
bombas em 9mil balões de hidrogênio e os lançaram no mar. Cada um continha uma
mina antipessoal de 15kg e dois dispositivos incendiários. A ideia era que os
balões pudessem chegar à costa americana por meio de correntes de ar invernal
(jet stream) e destruíssem casas, prédios, matassem o maior número de pessoas
possíveis e causassem incêndios florestais. Estima-se que o tempo de chegada
poderia ser de 3 dias. De falto alguns poucos balões chegaram à costa do
Alasca, Califórnia, Wyoming, Arizona, no Canadá (Saskatchewan, nos territórios
noroestes, e no Yukon) e do Oregon. Entretanto fizeram uma meia dúzia de
vítimas e os jornais foram proibidos de noticiarem o acontecimento, pois o
governo americano queria que os japoneses pensassem que os balões não tinham
chegado. Na verdade ninguém sabe o que realmente aconteceu com a maioria dos
balões, mas é provável que caíram no mar ou em regiões não habitadas.
CURIOSIDADE
Medievais explosivos – o alemão Franz Helm fez ilustrações
de gatos, cachorros e pássaros com dispositivos aparentemente explosivos
amarrados nas costas entre os anos de 1535, 1584 e 1607. Sabe-se que naquela
época tentaram diversas vezes usar animais como mensageiros, mas não há
registros de animais "camicases". Na verdade, Franz era um inventor de armas e
provavelmente os desenhos eram ideias de armas que ele deve ter tido para
impedir a invasão turca. A ideia era de que estes animais podiam penetrar
cidades e invadir fortes ou castelos, explodindo-os com facilidade ou causando
um incêndio, mas a realidade era outra: provavelmente os animais fugiriam
assustados com as faíscas e poderiam botar fogo num campo inteiro ao invés de
uma cidade, sem contar que muitos podiam se voltar contra a pessoa que acendeu
o pavio. Na verdade, essa ideia não é exclusiva dos russos, britânicos ou europeus
medievais. Há textos de diversas partes do mundo e de diversas eras, como um texto
sânscrito, alguns escandinavos, alguns eslavos e até registros de Gengis Khan
sobre técnicas semelhantes que usavam animais para causar incêndios em
território inimigo.
VEJA TAMBÉM:
Parte 2
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E você leitor (a), conhece alguma arma estranha? Diga pra gente nos comentários!
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