Um título um tanto complicado a primeira
vista. Afinal o que é ser “liberal”? Segundo esse site, o significado e
aplicação é esse:
1-que demonstra generosidade. Dadivoso.
Pródigo.
2-diz-se da pessoa que é adepta de idéias
liberais.
3-diz-se de profissionais de nível superior
(advogados, médicos, dentistas,etc.), que não possuem vínculo empregatício.
4-diz-se da pessoa que respeita a liberdade de
opinião,
comportamento, etc.
Ex: Fulano
é liberal em questões de sexo.
O liberal na nossa sociedade é visto em boa
pela maioria como o que de melhor a
sociedade tem de oferecer, é denominação as pessoas que se dizem “mente
aberta”, evitam julgar qualquer pessoas independente do seu estilo ou opções
religiosas, sexuais e políticas. É o tipo de pessoas sempre adepta a mudanças,
que “vive o agora” e repete como um mantra “quem vive de passado é museu”.
Em uma das poucas vezes que vi essa novela
atual das 9 que passa pela emissora Globo, eles fizeram um personagem que faz
uma caricatura do que eles acham ser o conservadorismo no Brasil no século XXI:
Alguém inseguro, homofóbico, repetitivo e em ultima análise: bidimensional. Não
preciso nem mesmo dizer o quanto uma personagem desses é uma ofensa ao raciocínio,
porém até ai, é só minha perspectiva, o objetivo do texto é de fato tentar
entender o que temos por liberal nos
dias de hoje.
Assim como dizem aos quatro cantos da “patrulha conservadora” que vive “caçando”
por ai, seja capitaneada por nomes como Silas Malafaia no lado religioso, ou
mesmo Bolsonaro no político,
existe um monstro cada dia mais forte que ataca a criatividade dos artistas ou
aspirantes como eu: o politicamente correto. Mas como assim? E quem propaga
isso?
Deveria ser ironia da minha parte, mas os
próprios liberais, que por definição são agentes da tolerância e aceitação, entretanto
se revelam as mesmas pessoas que hoje praticam extremismos ideológicos, e
tentam resolver tudo de uma maneira um tanto questionável. Criando assim um
monstro que se alimenta de politicagem, hipocrisia e falsa sensação de
resolução dos problemas.
Nós tivemos uma série do Constantine, mas esse não podia fumar. Ou seja: o cara podia
fazer magia negra, exorcismos, invocações, usar heroína na veia, mas uma
tragada em um cigarro seria a perdição de nossas crianças. O próprio personagem
teve seu título na Vertigo cancelado
e agora se converteu em cara jovem, legal e fazedor de feitiços mais
fantasiosos ao estilo do Doutor Estranho. É arriscado dizer que uma obra como
Preacher mesmo, talvez fosse vetada nos dias de hoje. Porque muita coisa é
ofensiva para as pessoas que diziam ser a face tolerante da comunidade. Veja
bem, eu não estou defendendo libertinagem, mas a tão citada liberdade que falam
de boca cheia que possuímos.
E o mais controverso, é que esse tipo de viés
ideológico não segue uma maneira lógica, mas um conceito baseado em predileção
e aversão. Se amanhã mesmo, o Super-Homem fosse anunciado como sendo homossexual,
e algum fã de longa data, daqueles que na infância foram ao cinema ver o “clássico”
com Reeves se manifesta-se contra, logo esse individuo seria visto como uma
célula anômala que foge do sistema. Seria ridicularizado, por vezes ofendido, tudo
isso claro, em nome da “liberdade de expressão”. Até hoje lembro um dia uma
situação que aconteceu comigo há uns dois anos. Estava eu pelo Facebook e
entrei em uma página de quadrinhos. Depois de um tempo navegando, vi uma imagem
do Super-Homem beijando o Batman. Em meio a comentários de aplauso, eu reforcei
um comentário desaprovando, que na minha opinião esse tipo de coisa não
aconteceria. Isso era uma simples opinião, não xinguei, não denunciei, não
mandei xingar, foi apenas uma leve discordância, algo que até mesmo você lendo
isso pode fazer em relação a esse texto. Quando eu menos espero, vem umas
trinta pessoas me xingarem, dizendo que eu era homofóbico, um deles lá disse
que era casado com outro cara e que eu estava tentando destruir sua família
(??!), outro colocou uma imagem do Rorscharch fazendo sexo com o Coruja, e
assim se seguiu, só que sem direito a defesa, já que bloquearam que eu
comenta-se, foi apenas um julgamento ao estilo “The Trial”. São essas pessoas
que eu tenho que tomar como exemplo de aceitação do diferente? Discordar é
normal, não concordam comigo, tudo bem, vamos discutir nossos pontos de vista.
Não é porque você lê mais Marvel e eu DC que devemos ser inimigos e trocar
tapas na rua. Tenho um amigo que é filiado ao PT, um partido que eu abomino
totalmente, e mesmo assim ele é um dos meus melhores amigos, conversamos sempre
por horas.
Eu fui criado em um mundo onde assistir
Dragon Ball e Yu-gi-oh! tinham
polêmicas, mas não tantas quantas hoje, de repente acordei em um mundo que
considera Monteiro Lobato um racista, Frank Miller um fascista doentio e até
mesmo eu e muitos, um “co-responsável por atrocidades” cometidas sei lá com
quem. Frank Miller, inclusive, tinha tiradas fantásticas a respeito do
politicamente correto em sua obra do Cavaleiro das Trevas, em um dela eles
mostravam o prefeito substituindo o velho comissário Gordon por uma mulher, mas
não por ela ter tanto mérito quanto, ela de fato tinha, mas por ser uma mulher
e dar a sensação de que as mulheres estão no comando e o mundo se torna um
lugar menos sombrio. Um caso recente mesmo que peguei por alto foi de uma moça
que apresenta a “previsão do tempo” no célebre Jornal Nacional. A moça sofreu
racismo pela internet, e imediatamente foi anunciado que ela seria promovida
por causa disso. “Mas Ozzy, isso não é
legal?”, pela aparência pode ser, mas é uma medida superficial que engana
ao achar que o problema foi resolvido. Empregos e promoções devem ser dados por
méritos, quando entramos nesse meio de cotas, estamos assumindo indiretamente
que aquele individuo é menos incapaz que o outro por causa de sua
individualidade. Exato, essa palavra, individualidade parece machucar muita
gente hoje em dia. Gosto de citar sempre o caso do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa. Quantas pessoas estão trabalhando ali por anos e anos e não obtiveram
a merecida promoção? É algo que geralmente a gente não para pensar nesses
momentos.
Hoje mesmo descobri que meu desenho foi
censurado, esse desenho daqui:
Perguntei o por que. Seria por se tratar de
um mafioso? De eu errar a proporção da gravata e parecer que ele segurava uma
faca? Foi algo na “historinha”? Teve haver com o fato dele ter sido espancado?
Não! Mas porque ele tinha um cigarro na boca, e isso é uma apologia totalmente
errada. Me explicaram que nos filmes e até mesmo novelas, isso cada vez é algo
mais inconcebível. Que houve queixa de vários pais dizendo que isso era algo totalmente
ofensivo. De fato o mundo é um local engraçado. Vamos nos colocar na pele
vagamente de uma criança de 10 anos e o que ela possui:
# What´s App para receber nudes, ou mesmo celular e PC com internet para ver pornografia e
começar a masturbação precocemente, podendo acarretar até mesmo problemas
psicológicos dependendo da fragilidade do mesmo.
# Video Games como Play Station 3 ou 4, que por
definição, é voltado para o publico adulto por boa parte de seus jogos terem
sexo, violência e linguagem chula.
# Palavrões falado logo cedo, bem como nenhuma
inocência com as “coisas de adulto”.
Acesso a séries como “The Walking Dead”, “Game
of Thones”, ou mesmo as novelas que nem mesmo preciso comentar sobre o que
falam hoje em dia...
Mas eu acabo corromper todo mundo, com um
cigarro... Antigamente se usava uma maçã, mas hoje é um cigarro, e eu nem mesmo
fumo, se eu fuma-se talvez pudesse ser classificado como aliciador. Estamos ai,
na sarjeta, nós admiradores de Hollywood e suas revoluções nos anos 70, fãs da
contra cultura representada no Rock progressivo ou mesmo nos quadrinhos da
Vertigo. Nós somos o câncer em um ambiente cada vez mais simplório, vítima de
um mundo que não precisa ler para tirar conclusões, um mundo cada vez mais “instantâneo”
onde milhares de informações são transpostas em segundos, e de maneira pueril contempladas
por essas pessoas. Como diria Roger Walter em “The Trial” ainda em 79:
“Bom dia, verme sua excelência
A coroa pretende mostrar que
O prisioneiro que agora está diante de você
Foi pego em flagrante mostrando sentimentos
Mostrando sentimentos de uma natureza quase
humana
Este não serve
Chame o professor
Sempre disse que não daria boa coisa
No final, excelência
Se me deixassem fazer à minha maneira
Eu o colocaria na linha
Mas minhas mãos estavam atadas
Os mais sensíveis e os artistas
Perdoavam-lhe tudo
Deixe-me martela-lo hoje?
Louco
Macacos me mordam eu sou louco
Fui fisgado mesmo
Deveriam ter tomado minhas bolinhas de gude
(Louco, macacos me mordam, ele está louco)
Seu bostinha agora você está nessa
Tomara que eles joguem a chave fora
Você deveria ter falado mais vezes comigo
Mas, não!tinha que ser
Do seu jeito,
Destruiu muitos
Lares ultimamente?
Apenas cinco minutos, verme sua excelência
Ele e eu, sozinhos
Filhinho
Vem com a mamãe filhinho, deixe-me segurá-lo
Em meus braços
Senhor nunca quis que ele causasse
Algum problema
Por que tinha que me deixar?
Verme, sua excelência, deixe-me levá-lo para
casa
Louco
Por trás do arco-íris, eu sou louco
Grades na janela
Deveria haver uma porta no muro
Por onde entrei!
Louco, por trás do arco-íris, ele é louco
A prova apresentada à corte é
Incontestável, não há necessidade do
Júri se retira
Em todos meus anos de magistrado
Nunca ouvi de um caso
De alguém que merecesse tanto
A pena máxima da lei
A forma como fez sofrer
Sua mãe e sua primorosa esposa
Me enche de vontade de defecar
Vai nessa juiz! Cague nele
Desde que, meu amigo, você revelou seu
Medo mais profundo
Eu lhe sentencio a se expor
Aos seus semelhantes
Derrubem o muro!!!”
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