Ninguém nos comentários para dizer que Shazam quebrando ossos do Hércules é "visionário, sombrio e elegante?!" |
Roteiro: Brian Buccellato
Desenhos: Bruno Redondo
Capa: Jae Lee
Tradução: Vicky – ARTE HQS
Roteirismo. Tentei pesquisar mais sobre essa palavra tão citada em discussões,
principalmente em relação ao Batman. O que seria afinal esse “mal” tão
mencionado muitas vezes em tom de chacota? Eu arriscaria definir como uma
manobra no roteiro, um tanto quanto conveniente, para solucionar um problema
que o autor criou e não sabe resolver. Daí seguem discussões se um roteiro está
fugindo da essência do personagem, subjugando ou o endeusando. Esse
questionamento é apenas para chegar ao personagem chave dessa edição: Shazam,
outrora Capitão-Marvel, uma criança que fala uma palavra mágica e é virtualmente
mais poderoso que o Super-Homem, como atestaria uma obra como Reino do Amanhã,
por exemplo.
Mas quem foi Shazam
dentro de Injustice se não quase um
figurante? Em parte pela ética de Billy, o alter ego do semideus, em não querer
ser autoritário ou um deus, preso ainda a lógica de prender o super-vilão
enquanto prevalece o “mais uma vez o dia foi salvo”. Nas mãos do antigo
roteirista de Injustice, Shazam teve momentos sabiamente divididos entre seu
poder descomunal e sua análise humana, porém no decorrer dos fatos, o
personagem se perdeu no que fazia, estava ali mais para preencher uma tabela,
até mesmo da Arlequina monte nessa Harley ele apanhou, isso sem falar de
ter sido assediado sexualmente por ela tempos depois. Não contava Shazam, com
uma força súbita de Buccellato chamado roteirismo,
que de uma hora para outra, reapresenta Shazam com o real poder que tem, poder
capaz de colocar o próprio Hércules de joelhos, isso após Hércules ter
espancado Super-Homem e Mulher-Maravilha ao mesmo tempo, cabe ao leitor se
deixar empolgar pelas sequências de fliperama dada pelo herói ou tropeçar em
algumas crateras que existem nos roteiros, chegando até aqui, acho que vamos
ficar com a primeira opção.
É engraçado ver o
quanto o Batman de fato não entra em um combate físico, servindo apenas de
estátua de um cenário de luta de semideuses. É algo como “vou colocar o Batman
aqui apenas para não dizerem que eu não coloquei”, estaria a supervalorização
do morcego fazendo ele ficar onde não mais o cabe no enredo? Seria exagero ou
realismo dizer que a contribuição do Batman nesse ano poderia ter sido dada por
qualquer um, principalmente Lex Luthor, personagem que carecia de maiores
desenvolvimentos no enredo desde primeiro ano? E quando citada a “supervalorização”,
não falo como algum fã indignado da Marvel, falo como um próprio grande fã do
personagem, mas que admite que por mais que um personagem seja bom, colocar ele
como primeiro em tudo e arrancar vários títulos e derivados mensais só serve
para banalizar em cima de vendas, e não aumentar sua relevância.
O enredo fecha com
Zeus, observando seu filho “preferido” supostamente ser assassinado. Na próxima
edição, eu especularia que nossas expectativas de um grandioso combate entre
Zeus e Super-Homem vão ser quebradas, e Bucechato matará alguns personagens
para dizer que todo esse encontro teve uma função maior do que apenas fazer o
Super-Homem e a Mulher-Maravilha se digladiarem.
Nota: 5.5
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