Júnior
– Nome o qual odiava por
ferir sua individualidade - estava em meio ao seu horário de almoço a contemplar
um funcionário que trabalhava na portaria de seu trabalho, em ação. “Um
Severino da vida”, pensou ele, com um sorriso de desprezo, e ao mesmo tempo
pela graça de um programa que todos diziam não ser engraçado, saber captar um arquétipo
tão fiel a milhares de brasileiros.
Enquanto ascendia um cigarro,
observava aquelas pessoas em seus carros, buzinando ao longe, dentro deles como
se fossem Presidentes em bunkers de guerra.
E lá, o suposto Severino com invejável paciência, atendia a todos como se
fossem reis chegando a outro reino, e Severino, logicamente, um humilde servo
disposto a sacrificar qualquer integridade moral pelos desejos de seus amos.
De súbito, veio em sua mente,
um filme B que ele não havia assistido até o final. “Ladrão que Rouba Ladrão”.
Por mais sugestivo que fosse o título, ele só conseguia associar aquela
situação a uma cena a qual Keanu Reeves, trabalhava em um estacionamento. “Todos
estão indo há algum lugar e indo fazer algo, enquanto ele é só alguém estagnado
vendo todos passarem.” E emendou mentalmente: “Por que as pessoas se sujeitam a
isso? Por que tanta gente sonha tão pequeno? Não tem gana por nada! Vivem
apenas de proteger alguns que lhe dêem umas migalhas?”
Seu cigarro apagou. Júnior
olhou o relógio como um condenado francês para a guilhotina. Se dirigiu ao “Seu
Severino” e o rendeu, era hora de seu turno.
P.S:
Essas idéias surgem do nada, e sem periodicidade, pare mais dessas, é só
acessar a aba de CONTOS BANAIS.
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