Pode parecer fácil escrever sobre Brian Michael Bendis, mas não é. Fora Ultimate Spiderman, bem como sua fase em Demolidor, aqui parece ser um título que faz síntese do estilo dele que inclui:
· * Diálogos cheio de piadinhas.
· * Parcerias “inusitadas entre personagens da Marvel”,
· * Mania de reunir vários artistas na ultima edição, fazendo uma respeitosa despedido ao título que assumiu.
· Arcos muitas vezes mais longos do que deviam ser.
· * Mais piadinhas.
· * Personagens da Marvel tão antigos que você nem conhecia.
· * Invasões feitas por vilões a cada 10 segundos.
· *Desmascaramentos do Homem-Aranha, não importa a situação, se isso não acontecer, não é o Bendis escrevendo.
· * Muitas páginas duplas de leitura.
· Heróis trocando mais piadinhas em meio a lutas contra dezenas.
· * Luke Cage levando as maiores porradas e voltando sem camisa (Hmm... Bendis)
· + Wolverine sempre levando os golpes mortais. Os vilões simplesmente devem pensar “Por que acertar um tiro ou uma facada em alguém que pode morrer? Vamo acertar o Wolverine para ele voltar a acabar com a gente.”
· + Doutor Estranho mais apelão do que moleque de 12 anos com cheats em GTA.
· + Cafés da manhã onde o Aranha sempre vai mencionar o Osborn.
[Rápida contextualização]: Como se você precisa-se: Tudo isso é logo depois de “Vingadores: A Queda”, algo que nunca li, mas sei do resumo que sempre trata-se de “Feiticeira Escarlate enlouquece mais uma vez e destrói a formação original. Esse conto saiu até em um encadernado da Salvat. Mas vamos ao que interessa:
NEW AVENGERS VOL. 1 (#01 Ao #65)
Os Vingadores sempre foram à linha moral maior dentro da Marvel. Apesar desse lugar antes ser do Quarteto, a grande verdade é que o Capitão sempre foi aquele a qual gregos e troianos se sentam à mesa para ouvir o que ele tem a dizer. Enquanto houver Capitão, sempre existirá Vingadores, pelo menos, isso a maioria dos leitores pensavam, até um certo B.M.B resolver trazer um ex-mercenário do gueto e mostrar que a liderança pode vim dos lugares mais improváveis, bem como a vontade de se fazer algo pela comunidade faz com que os mais excêntricos seres possam se unir em objetivo similar, essa sim, deve ser a essência dos Vingadores... Parecia mais um crossover despretensioso e de rotina: Um grupo de heróis aparecendo a esmo para combater uma fuga de uma prisão de metahumanos, algo supostamente encabeçado por Electro, e sim, ele é apenas um dos muitos “vilões B” do Universo Marvel que Bendis coloca em um plano maior, pois como as boas histórias, nada é aleatório, nem mesmo o encontro inicial dos heróis.
Apesar de muita comédia (inteligente, friso mais uma vez), um ponto recorrente nas histórias é a falta de crença em si mesmo de muitos heróis, ao ponto dos poderes serem algo que nem sempre podem funcionar para uns. Um personagem inserido de bom grado é o Sentinela, uma espécie de “Super-Homem esquizofrênico com agorafobia”, um de muitos flertes que Bendis dá a DC, algo que dentro da lógica de seres poderosos e psicologicamente problemáticos travando uma guerra genética no século XXI faz sentido dentro de um enredo do que se propõe a ser a nova face dos Vingadores.
Após um arco inicial instigante mostrando a represália do “Blecaute” (algo usado no primeiro episódio do desenho animado dos Vingadores – Os Heróis mais poderosos da Terra) o Capitão sugere chamar todos os presente e formar uma nova equipe, apesar de um pouco de contragosto do Stark, nesse tempo, grande parceiro do Capitão. Após outro arco mostrando uma infiltração na SHIELD e trazendo o Wolverine para a equipe (dessa vez, a contragosto do capitão que considera ele mais um assassino que alguém de bem), está armado um dos títulos mais legais dos Vingadores até hoje. Não algo extremamente complexo como o que Hickman faria no v3, mas algo divertido, porém inteligente. Um verdadeiro passeio pelo universo Marvel. Bendis faz personagens antes obscuros como Luke Cage, Gavião-Arqueiro e principalmente Doutor Estranho, soarem tão populares quanto os queridinhos de público, e isso, muito antes de MCU e seriados na TV.
Vou colocar todos esses putos aqui pra não usar metade, bem como fazer o McNiven trabalhar por dez... |
Não apenas um grupo de adultos vestidos com roupas coloridas, porém indivíduos cada qual querendo ser ouvido. A exemplo de quando Luke Cage leva os parceiros para a periferia onde vivia para fazer uma “ronda educadora”. E isso é só um dos artifícios usados para tirar a aura mítica que uma super-equipe possa ter.
Cadê a valentia, Norman? |
Um defeito bem exposto dessa empreitada é o enredo principal ser constantemente interrompido por megasagas. Quando não estão em arcos de 95% de ação, personagens como Luke e Jessica se casam e tentam criar uma bebê em meio a dezenas de explosões e perseguições, muitas vezes, de ex-aliados. É importante notar o espírito de família que a equipe tem entre si, permanecendo nas piores situações, ora caçados como animais por Tony Stark na Guerra Cívil, ou mesmo por Norman Osborn em Reinado Sombrio. Uma leitura no melhor estilo Marvel.
FUCKING THE RULES! I HAVE MONEY! |
NEW AVENGERS VOL. 2 (#01 ao #34)
Embora esse volume seguinte seja ainda uma boa série, é notável que é bem inferior a anterior, apesar de ainda ser o Bendis nos roteiros, afora a sensação de "dever cumprido", que fica, tudo o que o escritor tinha exagerado no volume I, tal qual arcos longos com ação que perde a graça, ele parece ter multiplicado aqui, além de inserir ainda mais personagens, a exemplo do Coisa, e fazer longas explicações para “fodonizar” personagens buchas como a Harpia. Mas tirando isso, é formado um trio dos heróis de aluguel dentro dos Novos Vingadores composto por Punho de Ferro, Demolidor e mais uma vez Luke Cage, algo que os que acompanham a mais tempo talvez sempre queiram ter visto nos Vingadores.
É bem explicito que os membros, diferentes da Liga da Justiça, não são colocados como deuses que vão definir o futuro da humanidade, mas sim alguns amigos que tem como hobby enfrentar as ameaças que aparecem. É palpável a humanidade dos personagens, como Luke ter que escolher entre continuar casado ou ir para a guerra, o Aranha como sempre fazendo piadinhas sobre como sempre não consegue ganhar as coisas, enquanto o Demolidor tímido, (ainda mais se comparado ao seu título solo, escrito também, com mais sucesso, por Bendis) porém eficaz. Doutor Estranho na luta contra demônios ao tempo que trás seu aprendiz para ser o “novo Jarvis” (e esse ameaça que se bagunçarem a cozinha, ele bota fogo na casa).
Wolverine mesmo, se autoironiza: “Meu verdadeiro superpoder é ficar em várias equipes”. Esse é o tom da série, algo que eu acho que Johns tentou fazer com a Liga dos Novos 52 e falhou miseravelmente. Bendis comete outro erro: tentar fazer coisas que foram legais no volume I darem certo outra vez, a exemplo de um retorno totalmente sem nexo do Norman Osborn. Já perto de desistir, fui surpreendido por um tom instigante das histórias a partir do arco “Vingadores V.S X-Men”, em um conflito moral dentro dos Iluminattis, onde o Professor protagoniza uma ótima cena no qual fala de imoralidade enquanto imoralmente lê as mentes de todos presentes. Ou mesmo Reed, sempre realista e frio, perguntando se o real motivo para se parar os mutantes são por eles representarem uma ameaça ou a maior ameaça que eles podem representar pode ser o fim das ameaças, bem como o fim do propósito de guerra de cada, em especial o Capitão, um clichê de questionamento habilmente colocado em uma quadrinho que aparentemente só servia para lutas “massavéias”. Entretanto, para meu descontentamento, tudo teve que terminar em um arco místico prolongado e... Hickman resolver assumir no Vol. 3, mas isso é história para outro dia...
Ao menos, assim respondam nos comentários.
Uma ressalva: Uma equipe formada décadas atrás por Nick Fury, incluindo o Pai da Silver Sable, Dentes de Sabre, Kraven, Namora e outros foi a maior sacada desse vol. II, sem falar de ser tudo desenhado pelo Howard Chaykin, que deu um “Q” de filme de espionagem antigo.
Imagina só o Garth Ennis escrevendo um título com esses caras, só imagina.
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