Percebi uma ironia
agora pouco sobre Bobby Fischer, se fosse possível enquadrá-lo em uma letra e
um número, até mesmo um gênio irrefreável como ele, elas seriam: C4. Mais do que simples junções, na
química a sigla representa um explosivo altamente poderoso, que foi o que
Fischer representou contra os muros intelectuais da União Soviética. Em gírias
militares, c4 é a denominação dada aos sujeitos tidos como socialmente loucos,
e Fischer também o era. E claro, no xadrez, é o movimento inicial em que o peão
que fica a esquerda da Dama avança duas casas, mas do que a ser abertura
inglesa, foi o movimento inicial do mais comentado jogo entre Fischer e
Spassky, no qual como registrado, após o russo ser derrotado, ele levantou e
aplaudiu Bobby Fischer de pé, uma atitude extremamente rara em uma competição,
ainda mais entre enxadristas, onde o ego e a autoconfiança são fatores
predominantes para se esmagar o adversário no tabuleiro. Exato: esmagar. Dado
as forças que se enfrentam, um determinado duelo mental de xadrez tende a ser
mais violento que uma ferrenha luta física. Eu mesmo, com minhas simples e
tropeçadas jogadas, perdi um jogo ao qual lutei com todas as minhas forças recentemente
e perdi, saí mais machucado do que qualquer troca de soco que eu tive na vida.
O que se pensar de homens como Spassky e Fischer, que levavam em seus ombros
nada menos do que a supremacia de nações?
O trailer mexeu
muito comigo, é perceptível o empenho dos realizadores em realmente transcrever
momentos históricos, e ter coragem em se desenvolver um ícone (contraditório)
da cultura americana como Bobby Fischer, independente de ser enxadrista, um
homem que antes de tudo representava o sonho americano, bem como a suposta
superioridade intelectual de um povo. Ainda é cedo para julgar, mas acho que
posso estar diante de um dos melhores filmes da minha vida. Aguardemos o sonho
cada vez mais está próximo.
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