“Cresci entre gângsteres e
padres, sem meio-termo entre eles. E eu, como artista, sou de certa forma um
gângster e um padre.”
Filmes? O que são
os filmes? O que se consegue através deles? Qual o seu objetivo ao assisti-los?
Prazer? Entretenimento? Algo inspirador? Ver determinada cena que o deixe
contente? Se chocar? E o mais importante:
O que leva alguém a fazê-los?
Trazer um breve
pensamento do fundo da mente e moldar, até que inúmeras perspectivas possam
observar essa ideia, que foi aperfeiçoada, ou mesmo deturpada como a maioria é
apenas uma pequena parte do longo processo em se fazer cinema, ou melhor: Em se
fazer cinema de verdade. O que me
levou a assistir filme, em boa parte da vida, foi apenas uma diversão barata a
mais e pronto, colocava Matrix só
para ver as lutas por exemplo. Cinema nunca tinha sido uma arte para mim, até
ai, nada também. Falo isso como alguém que passou cerca de seis anos
consecutivos sem perder uma única “Sessão da Tarde”, tempos em que DVDs era para os ricos, VHS para os membros da Classe Média (C
e D), e o computador com a internet, um sonho distante a se vislumbrar nos
programas do Silvio Santos, onde me lembro que ele premiava entre várias coisas
nos seus programas de auditórios os microcomputadores e CDs Roms do saudoso Show do Milhão.
Cinema só foi
considerado arte para mim, há alguns anos atrás, quando tive contato com a saga
de Maximus Meridius, O Gladiador. A trilha sonora, os
enquadramentos (principalmente a mão sobre a mata no caminho para casa, recurso
que foi um dos últimos a ser filmado, um detalhe final do diretor), as
atuações... Em especial a do Joaquin Phoenix, devo acrescentar, que não se
deixava eclipsar com peso pesado Russel Crowe. Uma história e cenas que
inspiravam, que ecoam até hoje na memória. De súbito, padronizei: Isso é cinema. Quero saber quem são os
responsáveis por isso. Daí nasceu a busca
por diretores, por filmes cada vez mais autorais, que provocassem reflexões
cada vez maiores, tivessem níveis de ensinamentos para se levar para o resto da
vida. Foi a partir do Ridley Scott
que o cinema teve e tem cada vez mais significado. E foi através do Scott, que
saí em busca da chamada “invasão de novos talentos” em Hollywood nos anos 70
(Assim como a DC também tivera invasão parecida nos 80, e o resultado de ambas
é sensacional) com nomes como Copolla, Kubrick (já atuante há mais tempo),
Spielberg, Alan Parker, e se não o melhor: Martin Scorsese. Duas coisas são
recorrentes em seus longas: Nova York e Gângsteres, sejam separados, ou juntos,
embora cada vez que ele trabalhe esses dois temas juntos, consiga jóias do
cinema como Touro Indomável, particularmente o melhor filme dele para mim,
embora eu goste quase tanto de “Os Infiltrados”. Até hoje em dia as pessoas
discutem a veracidade do Oscar, se ele reflete de fato os melhores trabalhos
artísticos, a meu ver: Não. Quase nunca. Fato é que Scorsese veio
ganhar seu primeiro Oscar de “Melhor
Diretor” mais de trinta anos após produzir em sua maioria, uma fatia grande
dos melhores filmes das ultimas décadas. Vejo muitas pessoas reclamando pelo
fato do estrondoso Guardiões da Galáxia ser diminuído pelos “críticos” de lá
(em boa parte, frustrados esquerdistas que não conseguiram ser artistas, e
fazem das escolhas um ativismo político literal), inclusive meu amigo Joker, e o que dizer dos maiores
cineastas que o mundo conheceu, que foram tão ignorados assim?
Lista dos
assistidos pela ordem de visualização:
Imagens: Revista SET, N° 130, Publicada em
Abril de 1998.
Texto da Revista SET escrito por: Sérgio
Rizzo
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