Eu sempre
defendo a leitura, porém mais importante do que ler, é compreender, aprender, praticar
o que se lê (se for positivo para sí). E claro, nem sempre tudo o que lemos vai
nos servir naquele momento, dependo da sua personalidade, boa parte do que você
lê hoje só vai ser assimilado mesmo daqui a alguns meses ou anos. Esse texto
que eu cito aqui, foi da declaração mais popular que Steve Jobs deu, é bem
conhecido, além de facilmente encontrado pela internet. Eu tinha o lido há
alguns anos, porém só ontem que o assimilei sem ficar colocando bloqueios
mentais. Por isso deixo aqui, para talvez se você quiser, puder ter experiência
melhor ou semelhante. Considero isso como uma porrada em mim por coisas que eu
escrevi como 21 que parece 40.
VOCÊ TEM QUE ENCONTRAR O QUE VOCÊ AMA
Estou honrado de estar aqui, na formatura de uma
das melhores universidades do mundo. Eu nunca me formei na universidade. Que a
verdade seja dita, isso é o mais perto que eu já cheguei de uma cerimônia de
formatura. Hoje, eu gostaria de contar a vocês três histórias da minha vida. E
é isso. Nada demais. Apenas três histórias.
A primeira história é sobre ligar os pontos.
Eu abandonei o Reed College depois de seis meses,
mas fiquei enrolando por mais 18 meses antes de realmente abandonar a escola. E
por que eu a abandonei? Tudo começou
antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira
que decidiu me dar para a adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por
pessoas com curso superior. Tudo estava armado para que eu fosse adotado no
nascimento por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu apareci, eles decidiram
que queriam mesmo uma menina.
Então meus pais, que estavam em uma lista de
espera, receberam uma ligação no meio da noite com uma pergunta: “Apareceu um garoto. Vocês o querem?”
Eles disseram: “É claro.”
Minha mãe biológica descobriu mais tarde que a
minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que o meu pai nunca tinha
completado o ensino médio. Ela se recusou a assinar os papéis da adoção. Ela só
aceitou meses mais tarde quando os meus pais prometeram que algum dia eu iria
para a faculdade. E, 17 anos mais tarde, eu fui para a faculdade. Mas,
inocentemente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford. E
todas as economias dos meus pais, que eram da classe trabalhadora, estavam
sendo usados para pagar as mensalidades. Depois de seis meses, eu não podia ver
valor naquilo.
Eu não tinha idéia do que queria fazer na minha
vida e menos idéia ainda de como a universidade poderia me ajudar naquela
escolha. E lá estava eu, gastando todo o dinheiro que meus pais tinham juntado
durante toda a vida. E então decidi largar e acreditar que tudo ficaria ok.
Foi muito assustador naquela época, mas olhando
para trás foi uma das melhores decisões que já fiz. No minuto em que larguei,
eu pude parar de assistir às matérias obrigatórias que não me interessavam e
comecei a frequentar aquelas que pareciam interessantes. Não foi tudo assim
romântico. Eu não tinha um quarto no dormitório e por isso eu dormia no chão do
quarto de amigos. Eu recolhia garrafas de Coca-Cola para ganhar 5 centavos, com
os quais eu comprava comida. Eu andava 11 quilômetros pela cidade todo domingo
à noite para ter uma boa refeição no templo hare-krishna. Eu amava aquilo.
Muito do que descobri naquela época, guiado pela
minha curiosidade e intuição, mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem
preço. Vou dar um exemplo: o Reed College oferecia naquela época a melhor
formação de caligrafia do país. Em todo o campus, cada poster e cada etiqueta
de gaveta eram escritas com uma bela letra de mão. Como eu tinha largado o
curso e não precisava frequentar as aulas normais, decidi assistir as aulas de
caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa, sobre variar a quantidade
de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma
tipografia boa. Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma
maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante.
Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para
a minha vida. Mas 10 anos mais tarde, quando estávamos criando o primeiro
computador Macintosh, tudo voltou. E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o
primeiro computador com tipografia bonita. Se eu nunca tivesse deixado aquele curso
na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas ou proporcionalmente
espaçadas. E considerando que o Windows simplesmente copiou o Mac, é bem
provável que nenhum computador as tivesse.
Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria
frequentado essas aulas de caligrafia e os computadores poderiam não ter a
maravilhosa caligrafia que eles têm. É claro que era impossível conectar esses
fatos olhando para frente quando eu estava na faculdade. Mas aquilo ficou
muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois.
De novo, você não consegue conectar os fatos
olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Então tem que
acreditar que, de alguma forma, eles vão se conectar no futuro. Você tem que
acreditar em alguma coisa – sua garra, destino, vida, karma ou o que quer que
seja. Essa maneira de encarar a vida nunca me decepcionou e tem feito toda a
diferença para mim.
Minha segunda história é sobre amor e perda.
Eu tive sorte porque descobri bem cedo o que queria
fazer na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando
eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, em 10 anos, a Apple se transformou em uma
empresa de 2 bilhões de dólares e mais de 4 mil empregados. Um ano antes,
tínhamos acabado de lançar nossa maior criação — o Macintosh — e eu tinha 30
anos.
E aí fui demitido. Como é possível ser demitido da
empresa que você criou? Bem, quando a Apple cresceu, contratamos alguém para
dirigir a companhia. No primeiro ano, tudo deu certo, mas com o tempo nossas
visões de futuro começaram a divergir. Quando isso aconteceu, o conselho de
diretores ficou do lado dele. O que tinha sido o foco de toda a minha vida
adulta tinha ido embora e isso foi devastador. Fiquei sem saber o que fazer por
alguns meses.
Senti que tinha decepcionado a geração anterior de
empreendedores. Que tinha deixado cair o bastão no momento em que ele estava
sendo passado para mim. Eu encontrei David Peckard e Bob Noyce e tentei me
desculpar por ter estragado tudo daquela maneira. Foi um fracasso público e eu até
mesmo pensei em deixar o Vale [do Silício].
Mas, lentamente, eu comecei a me dar conta de que
eu ainda amava o que fazia. Foi quando decidi começar de novo. Não enxerguei
isso na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que podia ter
acontecido para mim. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de
ser de novo um iniciante, com menos certezas sobre tudo. Isso me deu liberdade
para começar um dos períodos mais criativos da minha vida. Durante os cinco
anos seguintes, criei uma companhia chamada NeXT, outra companhia chamada Pixar
e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa.
A Pixar fez o primeiro filme animado por
computador, Toy Story, e é o
estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Em uma inacreditável guinada de
eventos, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa e a tecnologia que
desenvolvemos nela está no coração do atual renascimento da Apple.
E Lorene e eu temos uma família maravilhosa. Tenho
certeza de que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da
Apple.
Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o
paciente precisava. Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não
perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir
adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama.
Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você
ama.
Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua
vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você
acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente
trabalho é amar o que você faz.
Se você ainda não encontrou o que é, continue
procurando. Não fique sentado. Assim como todos os assuntos do coração, você
saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica
melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você
achar. Não fique sentado.
Minha terceira história é sobre morte.
Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo
assim: “Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente
será o último.” Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu
olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: “Se hoje fosse o meu
último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?” E se a resposta é “não” por
muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.
Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta
mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões.
Porque quase tudo — expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou
falhar — caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não
há razão para não seguir o seu coração.
Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que
eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você
já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.
Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era
7h30 da manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no
pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas.
Os médicos me disseram que aquilo era certamente um
tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de três a
seis semanas. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas —
que é o código dos médicos para “preparar para morrer”. Significa tentar dizer
às suas crianças em alguns meses tudo aquilo que você pensou ter os próximos 10
anos para dizer. Significa dizer seu adeus.
Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro.
Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela
minha garganta abaixo, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram
uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava
sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as
células em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de
câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem.
Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a
morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas.
Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza
do que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até
mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá.
Ainda assim, a morte é o destino que todos nós
compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar. E assim é como deve ser,
porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. É o agente
de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse
momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito distante, você gradualmente se
tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão dramático, mas isso é a
verdade.
O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a
vida de um outro alguém.
Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os
resultados da vida de outras pessoas.
Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale
a sua própria voz interior.
E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu
próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você
realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.
Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha
geração era o Whole Earth Catalog.
Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe
daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos
60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito
com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid.
Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes
de o Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e noções.
Stewart e sua equipe publicaram várias edições de Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão,
eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de
vocês.
Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada
de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona
se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras:
“Continue com fome, continue bobo.”
Foi a mensagem de despedida deles. Continue com
fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando
vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês. Continuem com
fome. Continuem bobos.
Obrigado.
-- STEVE JOBS
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