Aquaman: As Profundezas


Eu estava na livraria esses dias e vi que já tinham um encadernado importado do "Aquaman: Os Outros"; como "The Others". Eu gostei muito dessa série na época que estava saindo, e na real ela fez sucesso em todo o público. Entãããããão... eu penseeeeei... se depois publicarem essa sequência no Brasil eu vou querer resenhar, então já vou resenhar o anterior primeiro. De... 

Geoff Johns, o veterano! 
Ivan Reis, o veterano conterrâneo!

Apresentamuuuuus.........



AQUAMAN
AS PROFUNDEZAS!!!


"Como se sente sendo um piada viva? Um alvo de zombarias? Como é não ser o herói favorito de ninguém?"

Por onde começar? Talvez do início seja apropriado? Hehe. Apesar de se tratar das primeiras edições de um reboot (os nem tão amados Novos 52), essas primeiras edições do Aquaman não-são-estória-de-origem! Pelo contrário! Aqui Arthur já é um super-herói conhecido, mora no farol da Baía da Anistia com sua acompanhante Mera e fica claríssimo como ele já passou por várias aventuras. Há flashbacks, mas eles ocorrem como em qualquer outro quadrinho mensal. O que é realmente genial desde o início da narrativa é que o escritor coloca o personagem constantemente em situações onde estão tirando sarro dele, desde o início! Acontece que o objetivo do Geoff Johns, que ele mesmo falou, era tornar o Aquaman um personagem de respeito no séc. XXI, assumindo as rédeas do título junto com seu popular side-kick, o brasileiro Ivan Reis. Ele é o Geoff Johns, não tinha muito porquê de desconfiar. Mas os resultados foram surpreendentes e já podem ser notados desde os seis primeiros volumes contidos no encadernado. Ao mesmo tempo que as impagáveis piadinhas são feitas com o personagem, Johns já apresenta imediatamente contrapontos, explicitando como aqui o submarino é um guerreiro de respeito. Duplamente armado, o roteirista ainda capricha tornando os personagens secundários interessantes desde suas apresentações básicas. Até há aprofundamentos de quem eles são, mas isso vem depois. Há Mera, antiga inimiga e atual amante do personagem e o biólogo marinho Stephen Shin, que também passa longe de ter uma relação simples com o personagem.


E eles são mais que o suficiente!


Aquaman, Aquaman e Aquaman


Agora relendo teve um ponto interessante que me chamou a atenção. Pra um personagem que era tão impopular como esse, achei curioso como Johns cuidou dele com tanta identidade, devia servir de exemplo para outras produções. Claro que não é simples, o Geoff Johns, afinal, é famoso por ser uma enciclopédia das editoras Marvel e DC, já trabalhando com quadrinhos há muitos anos. Mas por exemplo, no reboot da Mulher-Maravilha pelo Brian Azzarello ele se inspira bastante em séries modernas de TV para trazer a nova cara das aventuras da amazona. O Superman do Zack Snyder mostra muitas características do Batman do Nolan e tudo indica que no filme do Esquadrão Suicida eles estarão bem parecidos com os Guardiões da Galáxia do James Gunn. Relendo essas estórias do Aquaman eu lembrei de nenhuma outra possível referência ou inspiração (o que até faria todo o sentido). É como se Johns tivesse dado de beber ao Aquaman justamente da fonte que é do Aquaman. Isto é um fator que trouxe ainda mais força ao plano de mudar a perspectiva do público quanto ao rei dos oceanos. Não é legal parecendo com "Bioshock" ou lembrando "God of War", é legal porque mostra muito do melhor que pode ser feito com o universo do personagem.


Nas primeiras quatro edições, o problema são criaturas carnívoras que tem vindo aos montes do mar para raptar pessoas e devorar. Pense em piranhas humanoides com comportamento zumbi... Então, Aquaman e Mera vão ter que dar um jeito neles. A maioria já deve ter sido apresentado aos desenhos do Ivan Reis, aqui ele continua bem como sempre esteve, hehe. Desenhando as criaturas inimigas ele lembra levemente os seus gloriosos tempos na série de terror do Lanterna Verde, "A Noite Mais Densa". Apesar da trama ser bem simples, todos esses elementos de contextualização já citados são muito bem apresentados, interessando o leitor logo do início: os dilemas do personagem, suas relações com os coadjuvantes de sua mitologia (sem depender de outros personagens mais famosos) e... as piadinhas! Chega a ser quase um exemplo de metalinguagem colocar as pessoas tirando sarro do Aquaman em seu próprio gibi!


Além das pecinhas bem armadas para começar uma nova série mensal, a estória contra as criaturas das profundezas é menos rasa (...) do que se espera. O dilema que precisa ser encarado pelo herói é bem interessante; me lembrou a antiga "Monstro do Pântano: História de Pescador", do Alan Moore, ou também aquele primeiro filme do "Como Treinar Seu Dragão", pegando um exemplo mais recente.


Depois vem "Perdido", uma estória com narrativa mais abstrata e não-linear que satisfaz bastante mesclando a aventura que Arthur está passando com seus confrontos emocionais. A última, "Deserdada", é merecidamente protagonizada pela bela ruiva Mera. A personagem desacostumada com o mundo da superfície arranja problemas ao interagir com a cidade na ausência de seu marido, enquanto isso eles mostram de forma bem prática o passado dela, explicando um pouco melhor quem ela é e como chegou onde chegou. São 148 páginas, acho que não preciso falar que vale a pena, não é mesmo? Aliás! Apesar do arco não terminar aí, vale a pena comprar porque muito do que começa aqui já se conclui mesmo com algumas pontas soltas do que vem depois, não chega a ser aquele problema de comprar o encadernado e o final ser suuuuper aberto.



E os resultados?


Um sucesso, sem dúvida! Primeiro que até hoje não vi um único comentário negativo quanto a essa série, seja pessoalmente ou pela Internet. E pessoalmente eu posso garantir que todas as pessoas que curtiam não eram fãs de carteirinha do Aquaman antes (sei lá se sequer existiam fãs de carteirinha do Aquaman...). Aquilo que Johns queria de fazer o público ter respeito pelo Arthur, Mera e companhia deu mais do que certo, cara. Pega por exemplo o jogo "Injustice: Gods Among Us", de 2014.


O game inteiro o personagem é apresentado como uma das maiores forças contra a versão ditadora do Superman. Também houve a animação "Trono de Atlantis" que adapta uma das estórias dessa fase, mas infelizmente não seguiu a melhor linha de animações da DC e quase ninguém gostou. Por último há o Jason Momoa que estrelará o primeiro filme solo do personagem em 2018. Todos já viram como está o visual dele, fugindo do clássico loirinho a la Pequena Sereia e partindo para aquele modelo mais brutal de barba longa e sem uma mão (não é por nada que o Momoa já fez o Conan...).


E se engana quem pensa que o Aquaman tinha "ódiozinho" dos leitores por... sei lá, algum complô sem sentido. Há até quem acusa as piadinhas da série "The Big Bang Theory" como culpadas, haha, isso é um engano, sempre foi assim.



Um exemplo que foi publicado bem recentemente é a "Liga da Justiça: Ano Um" do Mark Waid, saiu em duas partes na coleção de encadernados da Eaglemoss. Lá o personagem já é usado de alívio cômico até pelos outros heróis. Se você pegar o famoso "Reino do Amanhã" (que também é do Mark Waid) há uma passagem curta que o Aquaman aparece e ele também comenta que na Liga a Mulher-Maravilha tratava ele como piada, ou seja, é (ou era) praticamente parte da identidade dele, não tinha como não virar uma piada, haha. Quando eu era criança nos Anos 90, eu via no Cartoon Network, tinha uma brincadeira que era feita pela própria emissora chamada "O Show do Aquaman e Seus Amigos", onde ele se apresentava e era ridicularizado até pelo pessoal da equipe do programa, hahaha. Eu cresci rindo da cara do Aquaman, não era só "The Big Bang Theory" não, já fazia muito tempo que zuavam ele, haha.


Mas isso dá ainda mais valor pro feito da dupla Johns&Reis, porque nas HQs eles acertaram bonito. Como eu disse, o Aquaman nem é considerado mais uma piada; todo mundo acha ele fodão. Quando que ia se esperar isso?


Essa série foi muito boa!

Já a primeira aparição nos cinemas foi bem ruim em "Batman V Superman", em que ele é filmado pelo Lex Luthor saindo de baixo de uma pedra... Sei lá, sair de baixo de uma pedra, pra mim ficou parecendo mais um mendigo de Atlantis do que o rei de Atlantis, mas enfim, eu gostei nem do Batman e do Superman daquele filme, então que se dane. Eles escalaram um diretor de filmes de terror (James Wan) para cuidar do solo, então talvez eles estejam planejando fazer algo meio parecido com o início dessa série. Se bem que a minha impressão maior mesmo é que eles não tem a mínima ideia do que estão fazendo, mas poderemos conferir ano que vem.


Quanto ao resto dessa série, que esperamos que eles lancem em encadernado... Olha, só fica melhor. Como eu falei, esse primeiro volume não tem final muito aberto não, mas é depois daí que a estória realmente começa. Eu costumo falar que essa primeira parte é como o "Batman Begins" e depois vem "O Cavaleiro das Trevas", pois é quando entra o meio-irmão do Aquaman, o Raia Negra, toda aquela fase "Trono de Atlantis" em que se envolve a Liga da Justiça e "Os Outros", um grupo desconhecido de heróis que o Aquaman havia participado, mas foi inventado nessa fase Johns/Reis. É TUDO MUITO BACANA! Não é por nada que mesmo quando ele parou outros autores conseguiram trabalhar estórias muito boas com os elementos que ele introduziu, é como se o Johns tivesse fertilizado o terreno. E acredito que até a arte do Ivan Reis melhora, cara, porque tem uns desenhos que ele fez depois que eu não esqueci mais, tava muito lindo.


Mas depois escrevo mais sobre essa ótima fase se a sequência do encadernado sair, como nós tanto desejamos! Um abraço, não falem com peixes que vocês não conhecem!

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