UM DIA, ROMA IRA ENFRAQUECER E RUINARÁ, MAS SPARTACUS SERÁ UM NOME PARA SEMPRE LEMBRADO POR TODOS AQUELES QUE ANSEIAM POR LIBERDADE EM SEU CORAÇÃO...

A águia de Roma sangrando, simbolo definitivo da ferida em Roma.

O que é a liberdade para quem lê isso? O que te faz preso na vida, e mais importante, o que você pagou ou sacrificou para ser livre? Há quem se refira a liberdade como um conceito abstrato intangível, ou outros que arrisquem suas vidas para assegurar que ela não seja esmagada por decisões políticas. Em complemento ao conceito mais conhecido de liberdade, vamos sempre encontrar mártires, indivíduos que deram a própria vida por uma causa, seres irrefreáveis cuja existência serviria a determinado propósito até o ultimo suspiro. 
Mitos cujos feitos esmagam maiorias silenciosas cujas suas vidas caem de maneira aleatória como folha de outono da história. Mais do que uma “versão enlatada” sobre um homem histórico, mais do que uma série feita com o único intuito de atrair audiência e se manter por 8 temporadas, Spartacus é um tributo sobre vingança, nobreza e sacrifício, um relato de um modelo de sociedade que mudados elementos e personagens, sempre será imutável ao que depender da humanidade. Mais que um Império, Roma é a luz de nossa ganância e injuria coletiva.
Sempre continuaremos a nascer em posições que tentaram nos definir, sempre morreremos por nada por capricho de mais fortes e “intocáveis”, assim como a plebe de Roma seja um pedaço de cada um de nós, em boa parte permissivos e omissos, cuja Arena de Jogos possa se converter em Futebol e derivados. Um conceito imutável como eu disse, tal qual Ozymandias falou em Wacthmen “Não é preciso ser um gênio para ver que o mundo tem problemas”, da mesma forma, não é preciso ser um historiador renomado internacionalmente para observar os padrões da história mundial, seja a construção de um Estado impenetrável á escravidão, essa sendo a privação explicita de liberdade.

... Fato ainda mais conhecido pela maioria de nós mulheres" -- Completa Lucretia.


Liberdade é sem dúvida a única palavra que eu não temo levar a exausta repetição em um texto. Seu peso material é para poucos, e o sonho de obtê-la, para muitos. É ela o motivo para o irredutível Leônidas marcharem contra milhares, é o que faz Steve Rogers opor-se ao governo e seu melhor amigo Tony Stark, ou mesmo faz com que Batman enfrente o colosso conhecido como Super-Homem numa clara manifestação do povo ferindo de volta o Estado. Spartacus decidiu ser mais do que um prego martelado de volta, se tornando um porta voz de tal palavra que a maioria abaixo do calcanhar da República Romana temia pronunciar. Seu estilo com duas espadas (dimachaeri) fazia regar sangue inimigo de uma forma a fazer inveja a semideuses. 

Bravura caindo ante a covardia, nada que mude em qualquer época.

Crixus, o segundo em comando, soltava um intimidador urro ao tempo que atacava mais feroz que um leão, seus oponentes no caminho mais pareciam arvores no caminho de uma serra elétrica. A cada ofensiva, seus números aumentavam, logo sobreviver a execução inicial, “trazer a chuva” e massacrar o ludus de Batiatus se tornariam feitos menores ao homem cuja legião fez Roma tremer e mesmo quase cair. Como o próprio diz “Vamos mostrar a eles que cada homem que respira tem seu valor”, ao contraste com “um homem deve aceitar seu destino ou ser destruído por ele”, sendo que aqui “o destino” seria as maquinações traidoras na qual homens e mulheres eram colocados, ou aceitavam nunca serem nada a mais do que pouco que eram, ou seriam servidos de exemplo.
E por mais que hoje o perdão aparente esteja tão em voga, é de fato a vingança que fez os romanos prestarem atenção no que faziam e que sua autoproclamada invencibilidade não tinha o mesmo sentido prático quando atacada pelos monstros que ajudou a criar. O “olho por olho” de Spartacus foi a grito insurdecedor de que uma ação verdadeiramente opressora (já que tal palavra é usada vulgarmente hoje) terá sua merecida resposta, que aqueles que matam um dia serão chacinados, os que escravizam terão os que escravizaram como deuses a ter medo, não importa quantos muros de inimigos se oponham, todos eles (ou quase todos) seriam derrubados.

Vemos no decorrer da série não um guerreiro invencível como Maximus (Gladiador), mas um homem que além de perder tudo o que tem e ser jogado para morrer, aprender a ser mais do que é, derrotar adversários mais fortes e experientes dentro das paredes, cujo respeito só é obtido com o ato de se tornar seu líder, o lobo que guia a matilha para devorar aqueles que lhe impõe a coleira, primeiramente Batiastus (John Hannah, na melhor atuação de sua carreira) para futuramente reunir mais feras insaciáveis até o ponto de Roma mandar o Marcus Crassus (equivalente ao Tony Stark daquela época) para tentar resolver o problema, só conseguindo resolver parte dele por respeitar e admirar Spartacus, numa prática da máxima de Mike Corleone “Não odeie seus inimigos, atrapalha o raciocínio.” 


Longe de ser maniqueísta para simplificar a questão aos mais preguiçosos de discernimento, Spartacus representa bem os erros e acertos dos dois lados da moeda, se de um temos uma aristocracia ou populacho indolente e cruel, do outro também há escravos traidores, cruéis e semelhantes em pensamento ao seu inimigo. Também veremos perdas irreparáveis am ambos frontes, e quem sabe, no decorrer do entretenimento, nos daremos conta de hoje em dia termos tanto, até mesmo em doses diferentes a palavra tão repetida e tão pouca usada, e quão pouco lutamos por isso, ainda que achamos fazer tanto. Quem sabe lá no fundo, em meio ao nosso plugue mental com redes sociais e a vida alheia, nos sentiremos envergonhados e diminuídos como os romanos se sentiram por sentenças praticadas como “Sangue e honra”, “o que há abaixo dos seus pés?”, “até o menor dos homens pode elevar-se aos céus se prometido a ele a recompensa certa” ou a tocante “Não derrube uma lágrima por mim, pois não há vitória maior do que morrer... Como um homem livre.”




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