VALE RELER: GUERRA SUPREMA (Marvel Ultimate)


“Devo dizer que estou desapontado, Thor. Não consigo entender porque você, dentre todas as pessoas, optaria por se aliar a esses modorrentos e insignificantes lacaios do governo. Acha que pode mudá-los? É isso? Acha que por estar aqui, poderá mostrar a eles como estão errados? Você é um idiota.”

O que é o terrorismo?

Ele é de fato uma luta maniqueísta?

Como se lidar com isso? Afinal a máxima “ou você faz parte da solução ou do problema” pode ser sempre moldável em todas as situações? Esses são alguns dos questionamentos que Mark Millar trouxe para essa, que para mim é um dos melhores enredos do universo Ultimate. Breve, mas não superficial, o público “civil” compra a ideia de ser uma simples HQ de “herói contra herói”, quando tudo se trata de uma das várias sátiras políticas que Millar costumava fazer.


O resumo é que Magneto, no começo de Ultimate X-Men tentou assassinar o Presidente dos EUA em rede nacional (cena referenciada habilmente por Singer em X-Men Dias de um Futuro Esquecido), e Charles Xavier, enganou todo mundo que assistia ao simular que matava Magneto a sangue frio, simplesmente invadindo a mente dele e fazendo dele um imã gigante. Em paralelo a isso, Nick Fury com seu preparo, montava uma linha de frente de soldados para combater ameaças que soldados “comuns” não poderiam, nascia ai Os Supremos, já que realisticamente, se há seres poderosos por ai em pleno século XXI, pela lógica, eles vão ser usados em guerras, consequentemente “a terceira Guerra Mundial está próxima e ela vai ser genética”.

Magneto teve sua memória apagada, e nela recebeu outra lembrança, virando apenas um “humano normal”, que consequentemente fez amigos, e arranjou uma “família”, um humano que não sabia porque seu relógio ficava sempre apontando com os ponteiros para o Norte... Esse foi um questionável método de reabilitação que Charles teve para seu velho amigo, que o colocara numa cadeira de rodas. mas não numa cena ridícula como mostrado em Primeira Classe.


Em um universo coeso como o Ultimate, um terrorista do porte do Magneto não sairia fazendo execuções ao vivo na televisão enquanto o governo dos Estados Unidos deixassem um professor colocar uns dez adolescentes para resolver a parada, logo, era eminente que o caminho dos X-Men e Supremos colidiriam em interesses, ainda mais quando o Capitão-América fica ciente da mentira encoberta por Charles Xavier, o que o faz classificá-lo como um traidor junto a seus alunos. Daí o que se seguirá é um “caça as bruxas” implacável.

A principio, pode ser uma leitura um tanto confusa pela arte ainda em desenvolvimento de Chris Bachalo, até hoje algumas coisas não ficam nítidas com sua narrativa, um problema que ele resolveu com o passar dos anos. Foi um belo balde de água fria nos leitores que na época esperavam que ou Adam Kubert ou Bryan Hitch desenhariam esse épico.

  É interessante o modo como ambas as equipes tem membros questionáveis dentro, bem como constante discussões sobre quem seria “confiável” ali. A exemplo da Viuva-Negra que apontando para os filhos de Magneto, nessa época integrantes valiosos para a equipe. Ou mesmo se alguém como Wolverine pode ser leal ao não, já que este encontrava-se sob suspeita de ter assassinado o Ciclope para ficar com Jean Grey...

As tiradas políticas nesse tempo eram um dos maiores pontes do roteiro de Mark Millar, e numa história “fantasiosa” como essa, um tipo de confronto desse possui reais consequências, você já leu quadrinhos assim Kevin Feige? como a economia ser prejudicada pelo medo causado, recusando-se a ir trabalhar. Não existem aqueles confrontos coloridos como os do X-Men desenhados por Jim Lee, aqui cada confronto causa mortes, o terrorismo de fato mutila vidas, bem como o jogo de poder político é exposto de maneira realista, mostrando a diplomacia no nosso mundo como de fato ela é: uma fina camada vulnerável a golpes.

Por fim o leitor verá os confrontos cinematográficos entre as equipes, de um lado a máquina militar extremamente articulada, e de outro os mutantes com suas astucias e poderes que desafiam a lógica. Um grande protagonismo nos combates vai para Colossus, habilmente derrubando dois pesos pesados dos Supremos na raça... Ou para o Capitão-América e suas “vantagens táticas” contra Wolverine...


NOTA: 8.8

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Até o próximo.



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