Botvinnik V.S Capablanca – INTELIGÊNCIA VENCE SUBSTIMAÇÃO






Capablanca é sem dúvida um dos mais conhecidos enxadristas da história. É o tipo de artista que o mais leigo no xadrez deve ter escutado seu nome, não à toa, já que até o dia mundial do xadrez é comemorado na data de nascimento de José Raúl Capablanca: 17 de agosto. Capablanca era virtualmente invencível na época dele, conhecido por ser tão talentoso, que se gabava de não ter estudado tantos livros como os que derrotava, seu conhecimento de aberturas, diz a lenda, era todo instintivo, e em finais, ele era tido como melhor ainda, tal qual Karpov, décadas depois. Eis que surge Botvinnik, um garoto de 14 anos, que mostra da melhor forma que deuses podem sangrar. Isso, o mesmo que um dia seria um dos campeões mundiais...

É a vez de Botvinnik, ele está com as peças brancas. Cravou o Cavalo negro de Capablanca, mas aparentemente está em desvantagem de peças e de posição no tabuleiro. Como atacar? Combinar o Bispo e o Cavalo? Mas dará tempo, visto que as negras estão a poucos passos de vencer?




Não. Apenas entregar o Bispo “gratuitamente” em a3.


A Dama o captura. Consegue conciliar o útil de avançar rumo ao mate, bem como diminuir o exército adversário.


Cavalo da xeque em h5. Com o Cavalo ainda cravado, só resta a Capablanca capturar com o peão que está à frente do Rei. 
Mais um peça entregue. 
Capablanca devia ser tão confiante que nem mesmo se intimidou com a facilidade que as coisas corriam...


Hora do troco. Dama em g5 mostra o quanto vulnerável a derrota Capablanca está. O peão em e6 se demonstra mais poderoso por sua posição do que a própria Dama negra. Ele e a Dama é tudo que Botvinnik precisa.







Tranquilamente e7.

Resta tomar o peão de e7 com a Dama, e perdê-la, se não quiser ser obliterado no lance seguinte.


Como alguém sendo enforcado, Capablanca faz uma série de sete xeques consecutivos. Se debate ao máximo contra o inevitável.

Porém quando os xeques param...

Pode me chamar de estranho, entretanto tirei algumas lições para a vida só com esses lances. Entre elas a vantagem tática que nós podemos conseguir sendo subestimados, por mais que isso machuque nosso ego. Tudo depende da resposta que nós damos a essa subestimação, seja como uma criança birrenta tal qual Loki faz no filme dos Vingadores tentando reinar no mundo com uma invasão, ou usando como um recurso estratégico, tal qual Batman fez em "Cavaleiro das Trevas". Batman não "espancou" Super-Homem porque ele é um semideus, ou porque o Miller queria fazer uma “mentira", derrotou porque usou a subestimação que o Kal-El tinha por ele ser quase um idoso, mortal, com “brinquedos caros”.

Na vida, o que mais vai ocorrer é sermos subestimados, sendo inteligente, isso logo vai ser um fator triunfante, já que vai lhe tirar da zona de conforto. Isso é constante. Ao chegar a uma escola ou curso novo, em um emprego, ao conhecer alguém.
 Sempre. 
Foi algo que eu demorei quase todos os meus 21 anos para conseguir começar a entender, visto que meu pensamento ia sem acanhamento para a ideologia do Loki. E isso infelizmente é normal. Pais criam os filhos muitas vezes como se eles fossem deuses irretocáveis (tal qual criaram Calígula e demais tiranos da história da humanidade), fazendo com que eles virem adultos chorões e frustrados por professores, chefes, amigos e principalmente mulheres não o tratarem da mesma forma. Logo o indivíduo, vai fumar maconha e se viciar, encher a cara, fazer vandalismo ou semelhantes. Virando uma bomba-relógio emocional.


No ano passado, profissionalmente, eu fiz parecido com essa jogada de Botvinnik. Cedi coisas importantes, tive que sair da minha zona de conforto e virar socialmente o inverso do que eu era, enquanto o agressor inicial, comemorava, viu que eu tinha percorrido um caminho para ele ilógico, mas que agora ele que estava não em Xeque, mas em xeque-mate.



Força e honra.

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